sábado, 15 de fevereiro de 2020

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 2 (Parte 2): A criação do homem

Após o sábado de descanso no capítulo 2 de Gênesis, a narrativa passa a descrever (aqui com mais riqueza de detalhes do que no capítulo 1 como foi a criação do primeiro homem, Adão. Mas gostaria de relembrar um pouco do capítulo 1, quando encontramos esse texto:

Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão". (Gênesis 1:26)

Eis aí uma evidência muito clara da existência da trindade. Esse texto não foi entregue ao mundo pela mãos de cristãos, mas pelas mãos de judeus. Deveria o leitor ateu ou cético perguntar-se com quem Deus estava falando. Porque parece-se tanto com o conceito cristão de um Deus único e multifacetado (Pai, Filho e Espírito Santo) do que com o conceito judaico de um Deus único e monofacetado. Mesmo nas traduções bíblicas usadas nas sinagogas, o texto diz no plural “Façamos o Homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança”. Quem senão o Messias ou o Espírito Santo poderiam estar nesse diálogo com Deus-Pai? Fica claro que essa outra pessoa já possui tais atributos iguais ao do Deus Criador, e que ambos iguais querem comunicar de maneira parecida (ou semelhante) tais atributos ao homem.

A ortodoxia judaica responde a isso dizendo que Deus estava conversando com as coisas que ele havia criado. Segundo o entendimento judaico seria como se Deus dissesse "Que o universo (e tudo que existe nele) e Eu produzamos o homem". Tenho sérias dificuldades de achar plausível esse argumento, porque o mesmo judeu não diria que o homem possui a imagem e semelhança de um rato, ou que uma ameba tem a imagem e semelhança do Deus Eterno. Mas eles dizem sem medo isso em relação ao homem e Deus. Também acho complicado o entendimento judaico-não messiânico (dos judeus que não acreditam em Jesus como Messias), porque é razoável pensar que “Façamos”, implica em algo mais próximo da cena de Deus chamando alguém e dizendo “vem fazer comigo”, e não algo do tipo: “ok sr. Rato, fique aí roendo essa árvore enquanto vou ali sozinho fazer o homem”. Repare que no verso seguinte diz:

“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gênesis 1:27)

O texto não diz “à imagem de Deus com uma estrela“, ou “misturado com um rato” ou “à imagem de Deus com uma ameba”, ou nem mesmo “à imagem de Deus com anjos”… mas apenas “à imagem de Deus o criou”.
Fica ainda mais evidente que Deus estava falando com outra pessoa ou outras pessoas, que decidem juntos fazer o homem semelhante a Deus e essa(s) outra(s) pessoa(s), e no final das contas o resultado é que o homem sai a imagem de Deus. Essa outra pessoa ou outras pessoas precisam ser Deus também. Repare nesse texto:

“Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós” (Gênesis 3:22)

Novamente, com quem mais Deus poderia dizer isso? No capítulo 3 de Gênesis, veremos a queda e a entrada do pecado no mundo quando o homem quis ser igual a Deus. E Deus, possivelmente de modo irônico, diz essa frase “Eis que o homem é como um de nós”. Não faria sentido no contexto, se Deus emitisse essa frase para alguém que estivesse fora da Divindade.

Amold Williams, An Account ofthe Commentaries on Genesis (Chapei Hiil: University of North Carolina Press, 1948), escreve que: "A imagem de Deus no homem consiste em seu domínio sobre as outras criaturas, um domínio completo antes da queda, parcial desde a queda...”. Neste sentido, como diz Pedro Mártis, o homem é o "Vigário de Deus" (o representante de Deus) para as criaturas inferiores. Ou seja, o homem é aquele que representa Deus diante do restante da criação.

Andrew Fuller, na obra Expository Discourses on the Book of Genesis (Londres: Thomas Tegg & Son, 1836) afirma: "O homem havia de ser o senhor do mundo inferior, sob o grande Supremo. Dele dependeria seu futuro bem-estar. O ser humano seria um elo distinto na cadeia do ser, unindo o mundo animal ao mundo espiritual, a fragilidade do pó da terra ao sopro do Todo-Poderoso; e possuindo a consciência do certo e do errado que o tomaria o súdito peculiar do governo moral" (p. 8).

Em hebraico a palavra usada semelhança é Demut (reprodução abstrata, de valores, atributos e virtudes) e para imagem é “tzelem” (imagem, cópia real, xerox). Quanto ao Demut parece bem ok, mas se Deus é espírito, como fazer um “tzelem” Dele? Seria Jesus o molde usado para formar Adão? São perguntas que ainda me parecem difíceis de "bater o martelo".

Mas é interessante que esse Adão possua aspectos da fragilidade humana, feito aparentemente de algo não muito honroso como o pó da terra, mas ao mesmo tempo contrastando com a magnitude e honra do sopro divino e da posterior atribuição para ser o zelador e mordomo da criação, a quem Deus conferiu o domínio sobre as coisas criadas. Adão aqui parece já anunciar a natureza do Deus-Filho, que possui a natureza divina e também o seu aspecto humano, o ilimitado coexistindo perfeitamente com o limitado, Glória e pó. Adão representa a Cristo também quanto ao seu governo. Jesus é o Adão perfeito, é Aquele que governa toda a criação de Deus de maneira perfeita, inerrante, sem excessos, sem pecado. 
Nesse sentido também, Adão aparece como um tipo de mediador entre Deus e sua criação (isto é, ser o porta-voz de Deus ao mundo e do mundo a Deus), o que nos aponta inevitavelmente para Jesus Cristo, que é o verdadeiro e perfeito Mediador entre Deus e os homens:

“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (1 Timóteo 2:5)

De acordo com John J. Davies, na obra “Paradise to Prison Studies in Genesis” (Grand Rapids: Baker, 1975), afirma que “O domínio de que o homem gozou no jardim do Éden foi uma conseqüência direta da imagem de Deus nele. O termo subjugar implica certo grau de soberania, controle e direção sobre a natureza. O chamado a governar é um chamado a criar civilização e regular as forças naturais." (ibid., p. 81).

Adão representa Deus diante da criação, e posteriormente diante de Eva também. Assim parece que Adão foi o primeiro homem do pacto de Deus e o seu primeiro mediador. 

“As Escrituras nos dizem: “O primeiro homem, Adão, se tornou ser vivo”. Mas o último Adão é espírito que dá vida.” (1 Coríntios 15:45)

Não é maravilhoso isso? 😊



Obs: Mesmo na tradição oral judaica, existem alguns trechos que seriam muito interessantes para reforçar a minha argumentação diante de um leitor judeu, de que Adão parecia-se e apontava para o Messias, mas como não temos garantia nenhuma de que a tradição oral foi inspirada por Deus (diferentemente da Torá) e uma vez que muitos rabinos (creio que a maioria) concordam que existem muitas fábulas e histórias fantasiosas na tradição oral, decidi não trazer esse elemento para essa discussão. Afim de evitarmos erros, vamos nos concentrar no que é certeza absoluta. E como proclamaram os reformadores protestantes “Somente a Escritura!”.

*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia

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