A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 11: A Torre de Babel
Seria de se esperar que um evento na dimensão da Torre de Babel (do hebraico: מִגְדַּל בָּבֶל, que os hebreus identificaram “Bavel” que significa “confusão”, e em acadiano bab-ilu, que significa “Portal de Deus”), com consequências sociais tão profundas nos povos que deram origem as civilizações, fosse registrado não apenas na Bíblia, não é mesmo? Pois então…
“Depois disseram: "Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra".
O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam construindo.
E disse o Senhor: "Eles são um só povo e falam uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que planejam fazer.
Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros".
Assim o Senhor os dispersou dali por toda a terra, e pararam de construir a cidade.
Por isso foi chamada Babel, porque ali o Senhor confundiu a língua de todo o mundo. Dali o Senhor os espalhou por toda a terra. (Gênesis 11:4-9)
Ao redor do mundo existem algumas evidências interessantes que indicam uma origem comum dos povos. Pouca gente sabe, mas a China antiga era monoteista e adorava Shang Ti (que significa: O Deus do Céus ou Deus Altíssimo). As características do “Deus Altíssimo” que os chineses adoravam é muito semelhante ao Deus descrito no Antigo Testamento. Um Deus único, santo, justo, bom e que exigia sacrifícios de cordeiros para perdão de pecados. Era o único digno de adoração e não podia ser adorado através de imagens ou de ídolos. A escrita do chinês antigo, onde palavras se formam a partir da junção de outras palavras, revela algo muito interessante. A impressão que transmite, é de que eles conheciam as histórias do Gênesis. Repare com atenção:
Em 1823, Jean-Pierre Abel-Rémusat, especialista em literatura chinesa, publicou uma interessante tradução dos trabalhos de Lao Zi (fundador do Taoísmo) no qual se vê uma semelhança no nome do Ser Supremo com o nome de Deus em hebraico YHVH.
Por volta de 1066 a 770 a.C, que a história de Ninrode parece ter se repetido na China, quando um ambicioso imperador determinou para si o título de “Suficientemente Bom”, proibindo o culto à Shang Ti. Pensa-se que foi a partir desse ponto que a China começou a ser tornar politeísta, pois ao povo comum foi proibido render culto diretamente a Shang Ti. Foi imposta a ideia que eles seriam “muito pequenos e humildes diante de Shang Ti, portanto somente o “grande pai Imperador” podia prestar culto diretamente à Ele.
Histórias similares encontramos em vários povos, por exemplo na Suméria, encontramos o An (o Deus do Céus). Ou mesmo no Egito antigo, encontramos cânticos ao Único Deus:
“Ele existia no princípio, quando nada mais existia. Tudo o que foi criado, Ele criou [...] Ele é a verdade, Ele vive na verdade, Ele é o rei da verdade. Ele é vida; através dele o homem vive; Ele dá a vida ao homem, Ele assoprou vida para as suas narinas... Ele mesmo é a existência; Ele não aumenta nem diminui. Ele criou o universo, o mundo. o que era, o que é, e o que ainda será … Ele ouve todos os que clamam a Ele, ele recompensa os seus servos; todos os que o reconhecem são conhecidos por Ele. Ele protege os seus seguidores”
(E.A. Wallis Budge, Osiris (New Hyde Park, N.Y: University Books, 1961) p. 357.)
Ou ainda na Índia encontramos em sua escritura mais antiga, o Rig Veda:
No princípio, quem nasceu? O Senhor, o Senhor Único de todas as coisas que existem, Aquele que criou a Terra, formou o céu, que dá vida e força, a quem os deuses de petição reverenciam como o DEUS ÚNICO. (Rig Veda excerpt from Selwyn Gurney Champion & Dorothy Short, Readings from World Religions (Greenwhich, Conn., Fawcett Publ., 1951) pp. 26-27.)
Cada uma dessas sociedades foram modificando suas narrativas iniciais de Deus, e se tornaram politeístas, desenvolveram ”suas próprias Babéis”, suas próprias religiões, gurus, objetos mágicos e rituais para acessar a Deus.
A Torre de Babel como relatado na Bíblia, possuía uma descrição a respeito do material usado para a sua construção, em Gênesis 11:3 “Disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos e queimá-los bem”. Usavam tijolos em lugar de pedras, e betume em vez de argamassa.” Historiadores possuem resíduos de mais de 4 mil anos em que se pode notar claramente uma espécie de resíduo entre as pedras, similar ao betume (piche) como a Palavra descreve. Essas Torres eram conhecidas na arqueologia como Zigurate, “monumento em forma de pirâmide, construído em patamares superpostos, característico da arquitetura religiosa mesopotâmica, com acesso por rampas e escadarias ao topo, onde se erigia um santuário, para a salvaguarda das provisões de cereais e para observação dos astros.”
Em 1872, George Smith, Arqueólogo Inglês, descobriu um tablete cuneiforme que trazia o seguinte relato acerca da edificação de um zigurate que provavelmente poderia ter sido a torre de Babel:
"A Edificação desta torre ofendeu a todos os deuses. Numa noite eles [deitaram abaixo] o que homem havia construído e impediram o seu progresso. Eles [os construtores] foram espalhados e sua língua se tornou estranha."
Novamente a arqueologia encontrou uma evidência do relato bíblico, dessa vez da confusão de línguas ocorrida em Babel.
Histórias similares ao relato bíblico são encontrados pelo mundo. Antigas lendas chinesas dizem que a divisão do idioma original fez “com que o Universo desviasse do caminho certo”. Na mitologia Persa, Ahrima (um deus persa) pulverizou a linguagem dos homens em 30 idiomas. Os espanhóis que chegaram no México no início do século dezesseis (1517) ficaram impressionados porque encontraram por lá uma lenda de uma torre como a de Babel que foi construída para servir de abrigo contra um próximo dilúvio, e seus construtores também se desentenderam por conta de uma confusão de línguas. O "Popol Vuh", um registro dos maias que sobreviveu e chegou até nosso tempo, contém este extraordinário trecho:
"Aqui as línguas das tribos mudaram e sua fala ficou diferente. Tudo que ouviam e compreendiam ao partir de Tulán tornou-se diferente. (...) Nossa língua era uma quando partimos de Tulán. Ai, esquecemos nossa fala."
No relato bíblico da torre de Babel, os homens em sua prepotência queriam construir um caminho que chegasse ao céu. A tentativa aparentemente bem intencionada, na verdade revelava a rebelião da raça humana contra o seu Criador, tentando não se espalhar pela Terra conforme a ordem do Senhor. Não queriam “glorificar a Deus” por meio de suas vidas, mas buscavam sua própria glória. Eles queriam ir pro céu, mas não queriam Deus lá. Mesmo hoje, todos querem ir pro céu, mas não querem encontrar o Deus da Bíblia lá.
Em todas as religiões do mundo, você encontrará o homem criando caminhos para encontrar conquistar o paraíso. Cada um tentando criar sua própria torre para alcançar a Deus. O Evangelho, porém, mostra que é Deus que encontra o homem. A Torre de Babel e essa tentativa de conquistar os céus soa ridícula para um homem do século XXI, mas porque não soam igualmente ridículas as nossas tentativas de alcançar um Deus infinitamente Santo com nossos próprios méritos, com nossa religião, com nossa moralidade...? Por maior que parecesse a torre de babel, a Bíblia diz que “desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam”, ela não parecia grande aos olhos de Deus, e por isso Ele teve que descer para ver. Assim são nossas obras, às vezes parecem grande coisa aos nossos próprios olhos atravessar uma velhinha na rua, mas não são elevadas o suficiente para o Altíssimo. Somos 100% salvos pela graça, sem participação humana, de modo que “ninguém pode reclamar mérito algum nisso” (Efésios 2:9), todos os méritos são de Cristo.
Não tem como falar de Babel, e não lembrar de Pentecostes, onde parece que o efeito-Babel é eliminado por Deus (Atos 2). Ao contrário de Babel, no Pentecostes eles não tinham a mínima intenção de chegar, por conta própria, até Deus. Estavam temerosos, perseguidos e clamando por auxílio de Deus. E o Senhor manifesta sua face consoladora, pessoas de diferentes idiomas e nações entenderam a mensagem do Evangelho, pois os discípulos passaram a pregar na língua daqueles homens. Ao invés de confusão, houve entendimento. Quebrou-se a maldição de Babel. Todos são novamente um só povo. Todos se entendem plenamente. É o nascimento de algo novo: a Igreja de Cristo.
E para isso foi necessário que Jesus Cristo fosse punido em nosso lugar. Para que Deus pudesse perdoar gratuitamente pecadores sem deixar de ser justo, foi necessário que o Cordeiro de Deus, perfeito e sem qualquer pecado, fosse morto debaixo do Juízo e castigo de Deus. E assim diz a minha formação ortográfica preferida do chinês antigo:
Eu + Cordeiro = Justo.
*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia