sábado, 29 de maio de 2021

21:52 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 20: The Middle Office


Abraão segue sua longa viagem indo habitar na cidade conhecida como Gerar. Abimeleque, que era rei, se interessa por Sara (v.2), assim como já havia ocorrido em sua jornada quando passou pelo Egito, relatado em Gn 12, Abraão mente a respeito de Sara, não dizendo ser ela sua esposa. O combinado de ocultar o vínculo matrimonial foi uma tentativa de se auto proteger (Gn 12;12-13). Mesmo Abraão sendo um dos patriarcas, portador da promessa, também pecou e teve falhas. Não há a tentativa de explicar a mentira de Abraão ou racionalizá-la. Ao contrário, a Bíblia lida com seus grandes personagens mostrando sua realidade: eles erram, mentem, pecam. Deixando claro a necessidade de redenção a toda humanidade.

Todavia a graça de Deus e sua promessa não deixou de ser atuante em nenhum momento. Deus aparece a Abimeleque em seus sonhos e promete puni-lo caso não devolvesse a mulher de Abraão. Isto ocorre antes que acontecesse qualquer ato com Sara. No texto não temos uma precisão quanto ao tempo de estadia de Sara com Abimeleque. Mas podemos deduzir através do último verso (v.18), que provavelmente foram por algumas semanas ou meses. Pois um dos castigos, foi de que todas as mulheres da casa de Abimeleque se tornassem estéreis. E para notar uma gravidez ou não, levaria um certo período de tempo.

Vemos o imenso cuidado de Deus sobre Sara, num possível período de muitos dias, sem que nenhum mal ocorresse com ela enquanto estava entregue a Abimeleque. Pois o próprio Deus, não permitiu que tal coisa ocorresse. Deus diz que ao devolver Sara, Abraão sendo profeta iria interceder a favor de Abimeleque para que não morresse, e nem os seus (Gn 20.7).

Deus chama Abraão de profeta, a primeira vez onde o termo “profeta” [navi’ — נָבִיא] aparece na bíblia. E diz que ele deveria interceder, o verbo “interceder/orar” [palal — פּלל] também aparece na Bíblia pela primeira vez em Gênesis 20. Este verbo — que dá origem à palavra “oração” [tefilah — תפלה]. 

Foi feito o aviso da parte de Deus para Abimeleque, de redenção a tudo o que lhe sobreveio. Através da intercessão do profeta Abraão, lhe propôs uma saída. Abimeleque não perderia sua vida, e nem os seus. As mulheres seriam curadas. Tudo porque,  Abraão estabelecido como profeta pediria em favor de Abimeleque. E assim foi feito. Deus escolheu agir desta maneira, fazendo uso da intercessão para salvar. Sim, você entendeu certo: Deus diz para Abraão orar a Deus para que Deus perdoasse Abimeleque. Porque Deus não perdoou Abimeleque direto? Deus estava mostrando que seu relacionamento com pecadores precisaria de um mediador.

Abraão era um símbolo daquele que seria o  maior profeta de todos. Pois Jesus não era apenas um simples porta-voz de Deus para comunicar Sua vontade, não era somente um profeta que comunicava a Palavra de Deus, Ele é a própria Palavra. A própria boca de Deus.

Abraão apontava para Cristo. Jesus é o profeta perfeito, o intercessor não de um povoado, mas de todo aquele que crer. Não apenas intercedeu para salvar o homem de uma punição física, momentânea e terrena, mas se colocou diante do homem e da eternidade. 

Por meio de Jesus, somos limpos de nós mesmos e, então, podemos provar o doce gosto do perdão, descansando na boa nova do evangelho. Pois apenas pela intercessão de Cristo, a paz com Deus é possível ao homem.


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sexta-feira, 28 de maio de 2021

17:17 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 19: Sodoma e Gomorra

A destruição de Sodoma e Gomorra se perpetuou na história não apenas por meio do relato bíblico, como também por relato de autores e estudiosos independentes da antiguidade.

O historiador e geógrafo grego Estrabo (63 a.C.), que embora atribua como um fenômeno da natureza e erupções vulcânicas e não fruto de uma punição Divina, foi um dos que descreveu algo bem próximo do relato bíblico:

“A região de Sodoma e Gomorra tem sido muito trabalhada pelo fogo, o que disso há muitas provas: rochedos queimados, numerosas crateras, uma terra de cinzas, rios que espalham de longe um odor infecto, e aqui e ali, habitações em ruínas. Tudo isto faz crer que outrora havia treze cidades e que Sodoma era a metrópole; mas que, por tremores de terra, erupções de fogo subterrâneo e as águas betuminosas e sulfurosas incendiadas, o fogo invadiu a terra e os rochedos guardam a marca do cataclismo. Entre estas cidades, umas foram tragadas, as outras abandonadas pelos habitantes que puderam salvar-se”.


O historiador e senador romano, Tácito, também comenta a destruição de Sodoma: 

“Não longe do mar Morto estendiam-se planícies que foram outrora muito férteis e onde se erguiam grandes cidades. Contudo, diz-se que estas foram destruídas pelo raio... Quanto a mim, admito perfeitamente que algumas cidades célebres tenham sido devoradas pelo fogo do céu”.


O famoso historiador Flávio Josefo (37-103 d.C.) menciona a catástrofe, e reconhece a região do mar morto como sendo parte da geografia de Sodoma:


“Sua água é salgada, imprópria para os peixes; é tão leve que as coisas, mesmo as mais pesadas, não vão ao fundo. [...] As terras de Sodoma, vizinhas deste lago e que outrora eram abundantes não somente em toda espécie de frutos, mas também muito célebres por suas riquezas e pela beleza e suas cidades, agora só conserva a imagem espantosa daquele incêndio que a detestável impiedade de seus habitantes atraiu sobre ela [...] Ali vemos ainda alguns restos das cinco cidades abomináveis e suas cinzas malditas. [...] pode-se ainda constatá-lo com os próprios olhos. (JOSEFO, 1990, p. 629)


No capítulo que descreve a destruição de Sodoma e Gomorra, tenho a sensação de velocidade na narrativa. Parece que o escritor bíblico narra com velocidade os fatos, citando apenas os eventos mais importantes, sem dar muitos detalhes. Extremamente direto. Expressões temporais como “anoitecer”, “nascer do sol”... e muita coisa acontecer em menos de 24 horas, contribuem para essa sensação de brevidade. A falta de alguns detalhes mais aprofundados, pode causar algumas estranhezas.


Sodoma ficava na região do Mar Morto, o lugar mais profundo da terra. Simbolicamente era o lugar mais longe do céu que alguém poderia estar na Terra. Os pecados de Sodoma se acumularam diante de Deus, então dois anjos descem para a cidade em busca de Ló, o único justo de toda a região. Mesmo sem saber de nada, Ló parece ser bem hospitaleiro, e insiste para aqueles homens dormirem em sua casa. Muitos homens (jovens e velhos) daquela cidade quiseram abusar sexualmente dos anjos. Ló tenta impedir e repreende o ato deles:

“Ló [...] lhes disse: "Não, meus amigos! Não façam essa perversidade! Eles, porém, disseram: Sai daí. Disseram mais: Como estrangeiro este indivíduo veio aqui habitar, e quereria ser juiz em tudo? Agora te faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o homem, sobre Ló, e aproximaram-se para arrombar a porta. Aqueles homens [...] feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, desde o menor até ao maior.” (Gênesis 19:6-11)


Ló sofria pelo comportamento devasso daquela cidade. Ele não se conformou com o jeito dos sodomitas viverem. Os sodomitas se irritam com o discurso de Ló, porque Ló reprovava seus pecados. Mas vamos combinar que Ló também não era perfeito, ele escolheu livremente ir morar nos jardins de Sodoma (apesar dos pecados daquele lugar. Foi sem consultar ao Senhor, e sendo guiado pelos olhos e não pela fé), chegou a oferecer as filhas para aqueles homens deixarem os anjos em paz (respondeu ao pecado, pecando também), Ló não leva tão a sério e demora para abandonar a cidade, mais tarde Ló vai ficar embriagado…  só podemos chegar a uma conclusão: Ló era pecador. Como pode o apóstolo Pedro dizer “Ló, homem justo” (2 Pedro 2.7)? Repare no texto:


“Quando Deus arrasou as cidades da planície, lembrou-se de Abraão e tirou Ló do meio da catástrofe que destruiu as cidades onde Ló vivia.” (Gênesis 19.29)


Ló foi declarado justo por Deus, e por isso não foi condenado com Sodoma, por um ato de misericórdia e graça. Uma graça que foi aplicada por ser ele da família de Abraão, e assim ele pode receber os benefícios da promessa. Ló era justo por causa do Evangelho, conforme Paulo diz todas as pessoas de fé em Jesus (o descendente de Abraão) também são da família de Abraão (Gálatas 3.9) e herdeiros da promessa. Ló creu no Deus de Abraão e isso foi-lhe imputado por justiça (Gn 15.6).


Quando eu olho esse trecho da Bíblia:

Eu encontro um Deus absolutamente severo e irado que destrói várias cidades com fogo e enxofre como castigo pelos pecados.
Vejo também um Deus que não destruiu o justo com os ímpios, mas enviou seus anjos para resgatá-lo.


Vejo um Deus terrível e indignado que cegou os perversos daquela cidade.
Vejo também um Deus que não permitiu que aqueles homens fizessem maldade a Ló e sua família.


Vejo um Deus apressado em matar os ímpios.
Vejo também um Deus que foi paciente com o atraso da família de Ló.


Vejo um Deus tão justo que não deu mais uma nova chance para aquelas pessoas.
Vejo também um Deus que usou o pedido de Ló para não destruir Zoar.


Vejo um Deus que aniquilou a mulher de Ló quando saudosa da cidade ela se volta para Sodoma.
Vejo também um Deus justo buscando razões e legalidade para justificar pecadores quando tolerou as duas filhas de Ló, e ainda estendeu graciosamente o convite de salvação aos genros das filhas de Ló (Gn 19:12).


Vejo um Deus tão rigoroso que deixou Sodoma em ruínas, até os dias de hoje inabitada e ainda fedendo enxofre, como um monumento para que os homens o temam.

Vejo um Deus tão misericordioso que assim nos alerta sobre o futuro julgamento da Terra e nos convida ao arrependimento.


Vejo um Deus justo punindo cada um por seu próprio pecado.
Vejo também um Deus que faz que a justiça de um único homem justifique muitos.


Vejo um Deus tão Justo e Severo ao ponto de condenar eternamente pecadores ao inferno,
Vejo também um Deus tão amoroso ao ponto de sofrer essa condenação em nosso lugar.


Vejo um Deus que é pura Justiça
Vejo também um Deus que é puro Amor.


Vejo Jesus!


O antigo problema filosófico e lógico de como seria (e se seria) possível que Deus fosse totalmente justo e totalmente misericordioso, e de como um Deus justo poderia perdoar pecadores sem deixar de ser justo foi matematicamente demonstrado na cruz do calvário.


“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Romanos 11:22)


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15:59 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 18: Deus em Carne e Osso

Era a hora mais quente do dia. Abraão, sentado à porta de sua tenda nos arredores dos carvalhos de Manre, avista três homens se aproximando. Um deles é reconhecido. Abraão corre, se curva e presta adoração. Era Deus.

Não, você não leu errado: era o próprio Deus aparecendo, aparentemente em forma humana, para um simples homem. Abraão não apenas o ouviu, mas desta vez também o viu e até lhe serviu comida (qualquer semelhança com o Deus encarnado que viria, andaria e comeria entre nós não é mera coincidência).

Você, entretanto, poderia pensar que estes três homens eram apenas anjos representando Deus, mas repare: a bíblia nos diz que Abraão, ao curvar-se, diz “Meu senhor, se mereço o seu favor, não passe pelo seu servo sem fazer uma parada”. Se eram três, então porque Abraão não disse “meus senhores”? E se os três eram anjos porque os outros dois não repreenderam a adoração indevida de Abraão ao terceiro anjo. A resposta é simples: porque um deles, e apenas um deles, era realmente Senhor.

Um dos argumentos do judaísmo contra a divindade de Cristo é a suposta impossibilidade de Deus encarnar em forma humana. Segundo o rabino Henry Sobel (ex-presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista) “Na teoria judaica, [...] Deus não pode se materializar em nenhuma forma”. Após lermos Gênesis 18, o que me parece é que tal interpretação não condiz com a Palavra do Eterno. Se é impossível Deus Filho ter encarnado em forma humana, então não seria igualmente impossível Abraão ter recebido uma visita de Deus? Se não era Deus, com quem Abraão estava falando? Porque ele adorou outro que não era o Senhor? Aqui, milhares de anos antes de Jesus nascer, vemos Abraão interagir com Deus como quem interage com outro ser humano. Mais para frente, durante o diálogo entre eles, fica absolutamente claro que Abraão estava diante de Deus.
Deus, então, diz que na primavera seguinte Ele voltaria e eles já teriam um filho. Sara duvida, ri e quando questionada ainda mente. Mas vemos que, apesar da incredulidade e do pecado, Deus não volta atrás e mantém sua promessa, não por quem Abraão e Sara eram, mas por quem Ele é. A promessa de Deus não dependia da obediência e fé dos homens, mas aconteceria porque assim Deus quis que acontecesse.

Depois de comerem, os dois anjos seguem à caminho de Sodoma, porém o Senhor fica e lhe conta a respeito do pecado da cidade, que têm se agravado e multiplicado, e fala da destruição que viria à eles. Abraão, como quem não acreditava que a cidade fosse totalmente má, faz uma pergunta um tanto quanto curiosa: “Destruirás também o justo com o ímpio?” e continua: “Se porventura houver cinquenta justos na cidade, destruirás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinquenta justos que estão dentro dela?”. A resposta de Deus é que se houvesse 50 justos na cidade, ele pouparia os ímpios por amor aos justos. Abraão insistentemente questiona caso houvesse 45, 40, 30, 20 e 10 justos.

A resposta de Deus permanece a mesma em todos os casos: por amor do justo, pouparia o ímpio.
Assim como em todo o resto do mundo, sabemos que o Senhor não pôde encontrar 10 justos naquela cidade. Ele não encontrou nem mesmo um. “Não há um justo, nem um sequer”. Por não haver justos na terra, é que o Verbo se fez carne e veio habitar entre nós. Ele pagou nossa dívida para com Deus. O injusto é salvo pelo justo. O mau, pelo bom. O indigno, pelo que é digno. E por causa dEle e por amor à Ele, que é Justo, fomos poupados.




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