A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 8: Saindo da Arca
Um vento impetuoso:
“E lembrou-se Deus[Elohym] de Noé, e de todos os seres viventes, e de todo o gado que estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e aquietaram-se as águas.” (Gênesis 8:1)
A palavra hebraica para "lembrou" quando se refere a Deus significa um ato que é feito com base num compromisso anterior (Gn 9.15; Gn 19.29; Gn 30.22; Ex 2.24; Ex 6.5; Lc 1.72-73).
“E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito. E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra.” (Gênesis 8:6-7)
Quarenta dias na Bíblia sempre representa a introdução de uma nova era, assim foi com Noé, Moisés (Ex 24.18), Elias (1Rs 19.8) e claro com Jesus (At 1.3).
Noé solta um corvo. O corvo na literatura rabínica ou mesmo na literatura ocidental representa coisas ruins, o livro Be’er Mayim Hayim aponta que a palavra עורב ´orev “corvo” em hebraico é escrita com as letras ע ayin ר resh ב bet , as mesmas letras que, se dispostas de forma reversa, se escreve ברע b’ra “Mal”. Mas isso não quer dizer que na época de Noé existia essa associação, é possível que essa associação tenha acontecido posteriormente e em razão do relato de Noé. Afinal, o corvo poderia enfrentar uma possível tempestade, alimentar-se dos cadáveres, e sendo um pássaro mais forte poderia cobrir uma distância maior, o corvo era um candidato adequado para ser a primeira criatura a ser enviada por Noé para fora da arca. Apesar de sua capacidade e de ser um pássaro poderoso, não foi o corvo que trouxe a boa noticia.
No caso do corvo, é dito que Noé o soltou, e que ele permaneceu voando, indo e voltando. Já no caso da pomba o texto adiciona um expressão que em hebraico é mei’ito מֵאִתּוֹ , e literalmente traduzindo teremos que Noé enviou a pomba “dele mesmo”, (uma expressão idiomática difícil de traduzir). O leitor, em hebraico, tem a impressão de que Noé tinha uma proximidade maior com esse pássaro, como se a pomba fosse seu animal de estimação. Aquele que prefigura Cristo (Noé) envia de si mesmo o que seria conhecido como um simbolo do Espirito de Cristo.
O ramo de oliveira tem sido um símbolo de paz e também um simbolo do próprio povo de Deus. O povo de Deus na visão do profeta Zacarias era representado por duas oliveiras (No antigo testamento sendo Israel e no novo testamento sendo a igreja). No comentário do capitulo 3 de Gênesis, falei que na cultura judaica era bem comum metáforas entre pessoas e árvores.
Humanamente falando era impossível que qualquer árvore sobrevivesse a um dilúvio dessas proporções, mas Deus em sua providencia faz com que mesmo diante do Seu Juízo, a Oliveira sobreviva. Apenas a árvore que simboliza a igreja de Cristo não foi destruída no juízo de Deus. Vemos simbolicamente outra coisa interessante: No comentário de Gênesis 6, eu explico porque Noé simbolizava Jesus. A pomba simboliza o Espirito Santo. E a Oliveira simboliza a igreja. O interessante é que é justamente o papel do Espirito Santo trazer os eleitos para Cristo. Nenhum homem foi para Cristo, se não fosse a atuação direta do Espirito Santo em seus corações.
Então temos simbolicamente, a pomba mostrando que Deus declarou paz com a humanidade depois que o dilúvio já tinha purificado a terra de sua maldade. A pomba representava o Seu Espírito trazendo a boa notícia da reconciliação entre Deus e o homem. Do mesmo modo, o Espírito Santo aparece como uma pomba no batismo de Jesus, pois ali estava o Salvador trazendo paz para a humanidade através de Seu sacrifício.
Em Noé foi apenas uma reconciliação temporária, porque a reconciliação espiritual eterna com Deus só vem de modo completo através de Jesus Cristo.
"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1)
Admirável Mundo Novo
Noé e sua família são chamados por Deus para fora e saem da arca, um novo mundo espera por eles. Um mundo diferente, um mundo (em parte) remido e (em parte) livre do pecado. Noé e sua família prefiguram a nova humanidade que prevalecerá sobre o mal, a humanidade que não será alvo do juízo de Deus, mas alvo da Sua misericórdia e amor. Como não olhar para Noé saindo da Arca com sua família e não se lembrar de Apocalipse 21? O paralelismo é impressionante:
"Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia. [...] Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou". Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas" (Apocalipse 21:1-5)
O holocausto da Graça
Ao sair da arca, Noé levanta um altar ao Senhor, oferecendo os animais considerados "puros"/"limpos". Um simbolo do sacrifício perfeito e puro que Jesus Cristo ofereceria entregando a si mesmo em nosso lugar. Fica evidente de que existia um sistema sacrificial implícito, a lei de Deus era de algum modo conhecida de Noé mesmo antes de ser revelada a Moisés. Deus recebe aquele sacrifício de Noé e diz que nunca mais vai destruir a terra. Deus sabia que o homem pecaria novamente, mas por causa do sacrifício de Noé usaria de misericórdia. Trata-se de um protótipo do sistema sacrificial mosaico, que por sua vez aponta para algo ainda maior que é o Sumo Sacerdote Jesus Cristo. Ao aspirar o cheiro suave do sacrifício, a ira de Deus contra os pecados foi aplacada, prefigurando a morte de Cristo na cruz.
"Todavia, ao Senhor agradou moê-lo" - (Isaías 53:10).
*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia
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