sexta-feira, 16 de junho de 2023

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 38: O Messias não tem pedigree

Os rabinos para alertar os judeus dos perigos do excessivo orgulho da sua linhagem judaica, contam uma história (Ruth Rabá (8:1), midrash em Salmos 4:5) que o rei Davi costumava sofrer zombaria de outros judaítas que o chamavam de “pesul mishpaha” (manchado em relação às origens familiares), por causa de sua descendência de Rute (uma moabita). E assim, certa vez os sábios de Israel teriam alegado que Davi não poderia ser rei pois sua avó Rute era uma moabita, e por isso ele não preencheria a pureza sanguínea necessária. Davi teria admitido que realmente era impuro, mas que todos eles de Judá também eram impuros, pois nasceram do incesto de Judá com sua nora Tamar, uma cananita. O Rabbi Abba bar Kahana sobre isso pergunta: “O quê, você acha que tem pedigree?”.

E se a linhagem de Davi não era “pura”, não seria “menos impura” a linhagem do Mashiach ben David (Messias filho de Davi), que necessariamente teria que contar com a cananita Tamar, a prostituta Raabe e a moabita Rute. A dignidade de Jesus provém dEle mesmo, e não de seus antepassados. Em Gênesis 38, a Bíblia conta uma dessas deploráveis histórias sobre os nossos primeiros pais, assim Deus mostra que a salvação se manifestou por graça divina, e não por méritos humanos. Logo, não há motivo para se orgulhar.

Depois que os filhos de Jacó entregaram José, Judá passou a viver no meio dos cananeus. A família da promessa estava sob ameaça, cada vez mais dividida e espalhada, era difícil imaginar como Deus os juntaria novamente. Judá se casa com uma cananéia e tem filhos. Percebemos que Judá começa a aderir aos costumes e práticas religiosas dos cananeus. O filho mais velho de Judá era perverso e por isso Deus o matou. Ele tinha uma esposa que foi entregue para o segundo filho, este foi injusto com ela, e Deus o matou também. Pelos costumes daqueles povos, Judá deveria esperar o filho mais novo crescer e entregá-lo como marido de Tamar. Mas Judá havia se tornado um homem místico e supersticioso, ao invés de entender que apenas Deus pode dar ou tirar a vida, ele começa a pensar que Tamar traria alguma má sorte e o terceiro filho morreria também, e assim não cumpre sua palavra. O que para uma mulher daquele tempo seria terrível e injusto.


Timna era uma cidade de adoração dos cananeus, e havia lá um festival onde a tosquia das ovelhas era feita, eles levavam seus presentes e ofertavam as divindades por meio de prostitutas cultuais, que tinham os rostos cobertos. A esposa de Judá estava morta, e Tamar se passa por uma prostituta cultual, e se coloca no caminho de Judá, ele promete um cabrito (animal frequentemente usado como sacrifício) como pagamento para coabitar com ela. Isso mostra o nível de depravação moral e religiosa de Judá. Quão longe Judá estava da sua casa, da sua família e de Deus. Tamar pede como penhor do pagamento o selo, o bordão e o cajado dele (coisas que identificavam as pessoas). Judá estava literalmente perdendo sua identidade. Meses depois, Tamar aparece grávida e é acusada de adultério. Pela lei dos cananeus ela deveria ser morta, ela se defende: "Estou grávida do homem que é dono destas coisas” (v25). Judá reconhece seus itens e reconhece que foi injusto com ela. “Ela é mais justa do que eu” (v26). Desta gravidez nasceu Perez, do qual descendia Davi e Jesus Cristo.


De forma paralela, desde que o Messias foi entregue na cruz, a casa de Judá foi invadida e obrigada a se espalhar por outros lugares longe de Sião. Novas doutrinas que foram inseridas afastaram os filhos de Judá do antigo ensino da Torá e dos profetas, na idade média foram colocados em segundo plano o entendimento dos antigos sábios de Israel, levando-os para o misticismo, numerologia e superstição, e cada vez mais longe de Jesus. Minha oração é para que os gentios do nosso tempo, assim como Tamar, possam mostrar aos filhos de Judá sua verdadeira identidade. Não existe Israel sem o Messias. E não existe Judá, sem Siló. Chegará o dia em que conhecerão o descendente de Judá que jamais perdeu o seu cajado (Gn 49.10), neste dia os filhos de Judá reconhecerão Tamar como sendo da sua própria família.


“Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios”. (Romanos 11:25)

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quinta-feira, 15 de junho de 2023

03:22 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 37: José do Egito

Charles Spurgeon dizia que você pode ler a história de José vinte vezes, e ainda assim não terá percebido todas as representações de Jesus na vida de José. isto não é uma mera coincidência, foram alguns dos inúmeros prenúncios para que o Messias fosse reconhecido quando viesse. Os incrédulos e teólogos liberais precisam explicar como a vida de José descrita milênios antes espelha tão absurdamente a vida de Jesus, envolvendo inúmeras circunstâncias humanamente não-controláveis. A começar por um milagroso nascimento, uma vez que Raquel (a mãe de José) era estéril, e sua gravidez foi fruto da intervenção direta de Deus (Gn 30:2). Maria, mãe de Jesus, também deu à luz por meio de um milagre de Deus. O nascimento de José iria remover a reprovação de Israel, “tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30:23). O nascimento de Jesus foi glória para o povo de Israel (Lc 2:32), e em lugar da nossa vergonha pelo pecado, Deus por meio de Cristo nos concede dupla honra (Is 61:7). O nome de José (Yosef: יוֹסֵף) significa “Que ele adicione”, para expressar a esperança de Raquel de ter mais filhos (Gn 30:24). O profeta Isaías, 720 anos antes de Jesus nascer disse que o servo sofredor, pelo seu sofrimento dará a Deus “uma multidão de filhos” (Is 53:10). O apóstolo Paulo disse que o propósito de Deus foi para que Jesus fosse "o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8:29). O nascimento de José marcou o fim do exílio de Israel da terra, depois de seu nascimento, Jacó deixa Labão para ir à Terra Prometida (Gn 30:25). O nascimento de Jesus marca o fim do exílio espiritual de Israel, o fim da escravidão do pecado (Lucas 2:29-32). Aos 17 anos, José trabalhava como pastor de ovelhas e é mencionado como o filho amado, e preferido de seu pai Jacó. Assim como Cristo, o "o bom Pastor" (Jo 10:11), e a declaração de Deus a Jesus foi "Este é meu filho Amado" (Mt 3:17) José levava as informações dos seus irmãos para seu pai (v.2), e foi enviado do pai para os seus irmãos (v.13). De modo similar, Jesus faz a comunicação entre os homens e Deus-Pai, sendo o sacerdote que nos representa diante de Deus, e ao mesmo tempo o profeta que comunica a mensagem do Pai para a humanidade. José foi “ungido” por seu pai com uma túnica talar (Gn 37:3) que no mundo antigo era dado aos filhos do rei, com essa atitude Jacó deixava claro quem haveria de governar sobre seus filhos. Similarmente, o Salmo 45:7-8 e Hebreus 1:9 declaram sobre Cristo (que significa “O Ungido”): “Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros ungindo-te com óleo de alegria. Todas as tuas vestes exalam aroma de mirra, aloés e cássia.” José teve dois sonhos, no primeiro ele vê o seu feixe de trigo se levantar diante de todos, e os feixes de trigo dos seus irmãos se curvam diante dele. Isso me lembra muito o fato de que o trigo é o símbolo do verdadeiro povo de Deus (Mateus 13:24-30, Mateus 13:36-43), e Jesus é a primícia da colheita deste povo, o primeiro a se erguer da terra pelo poder da ressurreição (João 12:24), e diante Dele se curva todo povo de Deus. O segundo sonho é ainda mais interessante porque embora em alguma medida ele se cumpriu na vida de José (Gn 42:6-7), não se pode dizer que houve um cumprimento pleno em José. José viu o sol, a lua e onze estrelas se curvarem diante dele. O problema aqui é que Raquel (a mãe de José) já estava morta e nunca se curvou diante dele, em algum nível a profecia falhou, a menos que propositalmente a profecia se aplique primariamente para outra pessoa, de quem José é apenas um símbolo, e eu entendo que este é o caso aqui. A luz de Apocalipse 12, vemos que esse símbolo do sol, da lua e das estrelas simbolizam a igreja de Deus se curvando diante de Cristo. Mas porque onze estrelas? Porque representam os onze apóstolos que se curvaram diante de Jesus, exceto Judas que o traiu. Os irmãos de José não podiam falar gentilmente com ele (Gn 37:4). Jesus era provocado continuamente por parte das autoridades do seu povo, cumprindo a profecia sobre o Messias em Salmos 109:3: “Eles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem causa.”. Os irmãos de José recusaram seu governo sobre eles (Gn 37:8). Enquanto que Jesus comparou sua rejeição pelos líderes religiosos como uma rejeição ao seu reinado: “Não queremos que este homem reine sobre nós” (Lc 19:14). Os irmãos de José não acreditaram nele (Gn. 37:19-20), e os irmãos de Jesus (seu povo) também não acreditaram nEle (Jo 1:11). Os irmãos de José conspiraram para matá-lo (Gn 37:18), e os sumos sacerdotes e os anciãos de Israel conspiraram juntos para matar Jesus (Mt 27:1). Tiraram a túnica de José e zombaram dele (Gn 37:19,23). Também tiraram a túnica de Jesus e zombaram dele: “E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão direita uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus.E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes” (Mt 27:29,35,39). José foi lançado em uma cova (Gn 37:24). Jesus foi lançado em uma cova (Zc 9:11; Mt 27:59-60). Os filhos de Jacó insensivelmente comeram uma refeição enquanto ele estava sofrendo na cova (Gn 37:25), similarmente os filhos de Israel comeram a refeição de Páscoa enquanto Jesus estava na cova (Jo 13:1). José foi criado na Terra Prometida (Gn 37:2) e levado ao Egito, para evitar ser morto (Gn. 37:28). E Jesus foi criado na terra prometida (Mt 2:23; 21:11, Jo 1:45) e foi levado ao Egito, para não ser morto por Herodes (Mt 2:13-14). No caso de José, vale observar que vem de Judá a ideia de poupar a vida de José, curiosamente de Judá veio o Cristo para poupar a vida de cada um de nós. José foi vendido por vinte ciclos de prata (Gn 37:28), que era o valor de um homem dos 5 aos 20 anos de idade (Lv 27:5). E por Jesus, de forma semelhante, foi pago 30 moedas de prata: “Eles pagaram a ele (Judas), trinta moedas de prata” (Mt 26:15), que foi o exato valor mencionado na profecia de Zacarias 11. Os filhos de Jacó entregaram José para um povo estrangeiro, ele ainda sofreria muito antes de ser promovido para a glória (Gn 37:28). De semelhante modo, os filhos de Israel entregaram Jesus aos estrangeiros (império romano), e Cristo sofreria muito, cumprindo o papel de servo sofredor, antes de Sua exaltação e triunfo (Jo 13:12-17;. Mt 20:25-26, Mc 10:43). Israel passaria 400 anos fora da terra prometida depois de ter rejeitado José. Israel passaria 2000 anos fora da terra prometida depois de ter rejeitado Jesus. José foi momentaneamente separado de seu pai, e de semelhante modo Jesus foi momentaneamente separado de Deus Pai. Mesmo nos mais profundos abismos, a Bíblia nos lembra que “O SENHOR era com José”. Não importa quão profundo sejam os nossos abismos, dificuldades ou dilemas familiares, o Senhor sempre estará conosco e ouvirá nossa voz quando clamarmos por Ele. Mas naqueles momentos da cruz, Jesus conheceu a completa separação de Deus, como se não bastasse, sofreu também a completa oposição e punição de Deus por ter sido feito pecado em nosso lugar. José foi substituído pelo sangue de um carneiro, mas para Jesus não houve alternativa, ele bebeu aquele cálice sozinho. Os pecados dos filhos de Jacó, os pecados da nação de Israel, e de todas as nações, os meus e os seus pecados foram castigados sobre o Filho de Deus pendurado na cruz. Seria um erro culpar os judeus ou romanos, lembre que antes de tudo, foram os teus pecados que o penduraram na cruz. Corra para Cristo, pecador. Nosso irmão e Senhor é misericordioso para nos perdoar de todo o pecado e nos purificar de toda iniquidade.


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