A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 28: A escada até Deus
No Talmud, um livro da tradição judaica, o Rav Ben Abba (em nome do Rav Yochanam) diz que “Todas as profecias dos profetas apontam somente para os dias do Messias” (Sanhedrin 991a). Sendo assim, toda a Torá como um livro profético aponta para o Messias prometido. Judeus e cristãos precisam concordar: o Messias tem um papel central em toda a Escritura Sagrada. Uma centralidade tão grande que seria problemática se o Messias não fosse o próprio Deus encarnado. Neste capítulo não é diferente. Isaque se rende à vontade de Deus e reafirma a bênção sobre Jacó. Agora, de maneira direcionada e explícita, reconhece o decreto de Deus de que Jacó seria o legítimo herdeiro da promessa de Abraão. Assim o texto confirma Jacó como o precursor da linhagem da promessa. E por outro lado, confirma Esaú como sendo da linhagem da serpente (Gênesis 3:15), visto seu comportamento em desonrar os pais, de não se importar com a vontade de Deus e casar-se por “birra” com esposas de costumes idólatras, ele simboliza assim aquelas pessoas não alcançadas pela graça de Deus e que estão em constante estado de rebelião contra Deus e indiferentes às suas leis. Jacó inicia sua peregrinação para Padã-Arã, sozinho e aflito. Num lugar qualquer no meio do caminho, se deitou e usou uma pedra como travesseiro. Jacó tem um sonho profético, e neste sonho ele viu uma escada que ligava os céus e a terra, a escada “foi posta na terra”, Deus a colocou ali. Aquela escada era o eixo central entre céus e a terra, o ponto de ligação entre Deus e os homens. Os anjos subiam e desciam por essa escada. O texto diz que “Perto dele estava o Senhor”, semelhante a segunda revelação de Deus em Betel (35.13), o texto indica que Deus “desce” e se aproxima de Jacó. Jacó chamou aquele lugar de Betel (Bêṯ-ʼĒl, que significa "Casa de Deus"). Poderíamos dizer que esta escada é o oposto da Torre de Babel, na torre de Babel os homens tentam alcançar Deus por seus próprios meios, mas no Evangelho é Deus que alcança os homens. Quem conhece o Novo Testamento já deve estar espantado com as semelhanças. Jesus é o Deus que desceu (João 6:33). Ele não ficou no alto e sublime trono, mas desceu para habitar com o humilde e aflito de espírito (Isaías 57:15). Jesus é Deus conosco, Ele está perto (Lucas 1:31). Jacó estava em um lugar qualquer, mas Cristo torna tudo diferente. Jesus é a escada que une um pecador como Jacó com um Deus Santo, sem que Jacó fizesse qualquer coisa para merecer, unicamente por misericórdia. Jesus é quem envia os seus anjos como "espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação" (Hebreus 1:14).
“Jesus respondeu: [...] Coisas maiores do que estas verás. Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (João 1:50,51)
Deus reafirma com Jacó a aliança que fez com Abraão e Isaque, e promete: “Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência (ou semente)” (Gn 28:14). Agora o próprio Deus confirma que Jacó é o portador da linhagem santa que trará o Messias ao mundo. Em hebraico a raiz da palavra abençoar é a mesma da palavra enxertar. Este episódio está muito ligado à missão de Israel. A profecia de Isaque sobre Jacó, era “que você se torne uma comunidade de povos” (Gênesis 28:3). Está muito claro que Deus nunca quis escolher uma etnia na Terra e condenar todas as outras, pelo contrário, era para Israel trazer a luz para as demais nações e povos, era para preparar o caminho para o Messias. E a missão do Messias, descendente de Israel, era unir os dois mundos, unir os céus e a terra, o Deus Santo e os pecadores, enxertar pessoas e povos que estão desligados de Deus. Foi isso que Jesus Cristo fez. Jesus Cristo, o judeu descendente de Jacó, foi único o em toda a história de Israel que levou a bilhões de não-judeus de todas as nações (incluindo eu, 2 mil anos depois em terrras tupiniquins) o conhecimento da Torá, e do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Não apenas um conhecimento teórico, mas uma vida de relacionamento verdadeiro com Deus. Israel nos deu Jesus Cristo, e Jesus nos ligou às promessas de Deus. E o mais importante: Jesus nos ligou novamente a Deus.
“Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito. Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.” (Efésios 2:11-22)