Jesus em Gênesis 48: Efraim e o Mistério de Cristo
Jacó abençoa os filhos de José, e neste momento ele relembra da benção que Deus lhe deu em Luz, quando lhe disse “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; sê fecundo e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti” (Gênesis 35:11). É óbvio que a nação seria Israel, mas quais seriam as multidões de nações e como elas descenderiam de Jacó? Este capítulo é um dos que lança luz sobre esta questão.
Jacó inicia uma cerimônia de adoção dos filhos de José, dizendo “os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti no Egito, são meus; Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão”. Esta é mais uma fala que demonstra que José é um símbolo do Messias, pois aos seus filhos gentios é dado o “status” de filhos de Jacó em ‘pé de igualdade’ com os demais, como Rúben e Simeão. José está acima dos seus filhos, e portanto, implicitamente acima dos seus irmãos.
José coloca o filho mais velho, Manassés, na mão direita de Jacó (para receber a maior benção) e Efraim na mão esquerda. Mas Jacó cruza as mãos, em formato de cruz, e coloca a mão direita sobre Efraim, e a esquerda sobre Manassés. José fica incomodado e tenta trocar as mãos do pai:
"Não, meu pai", disse ele. "Este é o mais velho; coloque a mão direita sobre a cabeça dele." Mas seu pai se recusou e disse: "Eu sei, meu filho; eu sei. Manassés também se tornará um grande povo, mas seu irmão mais novo será ainda maior. E seus descendentes se tornarão muitas nações".
Jacó abençoou os meninos dizendo “o Deus que tem sido meu pastor toda a minha vida, até o dia de hoje, o Anjo que me resgatou de todo o mal, abençoe estes rapazes”, Jacó se lembrou do encontro com o Anjo do Senhor, que é o próprio Jesus (leia o comentário de Genêsis 32), e parece que Jacó faz um paralelo entre Deus e o Anjo, como se fossem a mesma pessoa. E de fato era. A palavra aqui traduzida como "resgatou" é, no texto original "goel" que significa redimiu/resgatou/libertou. “O Goel” é o Redentor. Um simples anjo não pode redimir ou perdoar, pois somente Deus pode perdoar pecados (Salmo 103:2-3, Marcos 2:5-7). Jacó invoca o Anjo para abençoar seus netos, e continua dizendo “e multipliquem-se como peixes, em multidão, no meio da terra”. Impossível não lembrar de quando Jesus se encontrou com pescadores no mar da Galileia, e lhes disse "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens".
Aproximadamente 830 anos depois, Deus dividiria o Reino de Israel em dois, por causa dos pecados de Salomão. O Reino do Norte ficou conhecido como Casa de Israel ou Casa de Efraim, liderado por Efraim e o Reino do Sul (Judá e Benjamim), liderado por Judá. O Reino do Norte (a Casa de Efraim) rapidamente se entregou aos casamentos mistos (israelitas se casando com os povos extrangeiros). Na sua desobediência, a Casa de Efraim foi espalhada por todo o mundo, e ao se misturar com os outros povos, passaram a seguir os deuses e os costumes deles. Com o tempo, a maioria deles se tornaram inimigos do povo de Deus, e aqueles que permaneceram no Reino do Norte, seriam genericamente chamados de “samaritanos”.
Quando olhamos para a primeira parte do ministério de Jesus foi apenas para resgatar as “ovelhas perdidas da Casa de Israel” (Mateus 15:24), dentro dos limites do que seria o Reino restaurado de Davi. E não é de estranhar que a região do mar da Galiléia (na Casa de Efraim) foi o “quartel general” do ministério de Jesus, e não é de se estranhar que uma das primeiras pessoas a receber a revelação de que Jesus era o Messias foi uma mulher samaritana (João 4).
Ezequiel havia profetizado que por meio de dois pedaços de madeira, Deus iria unir novamente as duas casas (Judá e Efraim), e então o rei descendente de Davi seria o pastor deste povo para sempre (Ezequiel 37:16-27). A cruz de Cristo é o ato unificador e restaurador do Reino perdido de Davi. Por dois pedaços de madeira, o menor simbolizando a Casa de Judá, e o maior representando a Casa de Efraim (“duplamente frutifero”), que Deus pôs um fim na separação e na inimizade.
Vemos no ministério de Paulo, que a casa de Efraim foi a porta de entrada para a pregação do Evangelho aos povos gentios. Deus espalhou as tribos, para espalhar Cristo. E no corpo de Cristo na cruz, Ele reúne em Sião todas as nações. Na cruz, Jesus reconcilia o mundo inteiro com Deus, judeus e gentios, simbolizados em Judá e Efraim. Repare que antes da cruz Jesus orienta os seus discipulos a pregarem dentro de Israel (Mateus 10:5), após a ressurreição, Jesus instruiu seus discípulos a levarem sua mensagem a todas as nações (Mateus 28:19-20; Atos 1:8). Conforme o apóstolo Paulo disse “Por meio do sacrifício do seu corpo, Cristo derrubou o muro de inimizade que separava os judeus dos não judeus.” (Efésios 2:14)
Efraim e Manassés receberam uma herança que originalmente não era deles. Da mesma forma, através de Jesus, os crentes tornam-se co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17), recebendo uma herança espiritual que não mereciam. Judeus e Gentios se tornam um só povo, os gentios não precisam se tornar judeus, nem os judeus em gentios, mas pela cruz somos feitos um só reino, um só povo, uma só aliança, debaixo de um só Rei e Senhor. Sou judeu? Não. Sou gentil? Não. O que sou? Discipulo de Jesus.
“Ao lerem isso vocês poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo. Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus, a saber, que mediante o evangelho os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus” (Efésios 3:4-6).
Deus te faça como a Efraim e como a Manassés.
*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia
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