sábado, 22 de outubro de 2016

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

12:14 - No comments

Sobre os memes/stickers "com Jesus"


Não raramente vejo em grupos do whatsapp e facebook vários memes, stickers e brincadeiras envolvendo Jesus/Deus, ou imagens que o simbolizem ou de alguma forma intencionem representar Jesus/Deus com a finalidade de fazer uma piada.

Sei que boa parte destes amigos não são crentes em Jesus Cristo. Estes não me preocupam tanto, pois estão apenas fazendo o que a Bíblia disse que o coração não-transformado faria. Estes já estão vivendo completamente a margem da vontade de Deus em tudo, é apenas mais um pecado pra lista. E sobretudo, não correm o risco de serem mal testemunhos de Jesus e dar mal exemplo de vida cristã pro resto da sociedade. Mas me referindo aos que se identificam como cristãos, pra alguns tornou-se comum memes e stickers de Jesus e Deus no WhatsApp e redes sociais (de grupos de igreja inclusive). No primeiro momento tem aquele choque, depois vai se tornando normal esse tipo de brincadeira.

Os argumentos a favor do uso desses memes podem parecer bons: todo mundo usa, os jovens da igreja usam, trabalho ou estudo num ambiente de descrentes, não tenho a intenção de zombar de Deus, é só uma brincadeirinha, Deus não vai se importar com algo pequeno assim, apesar de ser uma figura que representa (ou faz referência a) Jesus ela não esta zombando de Jesus, "é uma piada com Jesus, não de Jesus"...

Além do fato desses argumentos serem os mesmos usados para amaciar qualquer outro pecado (mesmo argumento dos que defendem a pornografia, palavrão, mentirinhas...), o problema para os que realmente acreditam na Bíblia, é o que fazer com estas passagens:

"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão." (Êxodo 20:7) 

"Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas 6:7)

"O filho honra seu pai, e o servo respeita seu senhor. Se eu sou seu pai e seu senhor, onde estão a honra e o respeito que mereço? Vocês desprezam meu nome! “Mas vocês perguntam: ‘De que maneira desprezamos teu nome?’" (Malaquias 1:6) 

"Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!" (Salmos 1:1)

"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Provérbios 9:10)

“pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes...” (2 Timóteo 3:2)

"sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade; Porque o nosso Deus é um fogo consumidor." (Hebreus 12:28,29)

"E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem" (Lucas 1:50)

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." (1 Coríntios 10:31) 

"De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem." (Eclesiastes 12:13) 

As interpretações de um ou outro verso pode variar entre si, mas não resta dúvida que elas nos trazem uma mensagem única: Não se deve brincar com Deus. Deus deve ser tratado com o mais absoluto respeito, a mais profunda e absoluta reverência. Não podemos abusar da graça, e nem considerar a misericórdia e bondade do Senhor como um sinal verde para pecarmos contra a importância e a honra de Deus. Se alguém poderia dizer "Você sabe com quem você esta falando?", esse alguém seria Deus.

Todas as vezes que retiramos o que é santo e sagrado do seu contexto, corremos o sério risco de esvaziar seu sentido. No fim das contas Deus continuará sendo Deus, mas além de nos prejudicar, podemos prejudicar muitos e fazer tropeçar muitos incautos. Esse, aliás, é um grande desserviço que estamos prestando ao Reino de Deus. Toda vez que um crente usa um(a) sticker/meme/piada de Jesus, ele esta dizendo implicitamente para o ímpio "Tudo bem zombar com o Deus Santíssimo".

“Por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre todos os povos!” e nos grupos de whatsapp (Romanos 2:24)

Antes que alguém me acuse de ser um reacionário, um quadrado, anti-modernista, um antiquado... fique sabido que sou um super usuário de stickers e memes. No meu celular eu tenho sticker de quase todo mundo da igreja. Memes? Há vários meus espalhados por ai. Mas não consigo, conhecendo a Bíblia, fazer uma brincadeira dessas com o Deus apresentado ali. Não alguém como eu.

Você certamente se lembra da historia de Uzá, né?
A Bíblia nos conta que a arca da aliança ficou um tempo na casa de Abinadabe (2 Samuel 6:3), onde seus filhos, Uzá e Aiô, devem muito bem ter se acostumado com a sua presença. Como diz um velho ditado, “familiaridade pode gerar desprezo”. Uzá, tendo ficado com a Arca em sua própria casa, pode, provavelmente, ter esquecido a santidade que ela representava.

"Quando chegaram à eira de Nacom, Uzá esticou o braço e segurou a arca de Deus, porque os bois haviam tropeçado. A ira do Senhor acendeu-se contra Uzá por seu ato de irreverência. Por isso Deus o feriu, e ele morreu ali mesmo, ao lado da arca de Deus." (2 Samuel 6:6,7)

Há momentos em que nós, também, deixamos de reconhecer a santidade de Deus, tornando-nos muito familiarizados com ela, e passando a ter uma atitude irreverente. A arca da Aliança era um símbolo que representava Jesus. Se Deus matou um homem, que estava querendo fazer algo aparentemente bom, por falta de reverência ao mero símbolo de Cristo, o que você acha que Deus fará com aquele que faz piada diretamente de Cristo?

"Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles. Então lhes falará com cólera, a sua severidade os espantará: Este é o rei da minha escolha, que foi coroado por mim [...] Sirvam o Senhor com temor reverente; alegrem-se, com tremor. Prestem homenagem ao seu filho, antes que a sua cólera se acenda e vocês morram. Porque eu vos aviso: a sua cólera não leva tempo a inflamar-se. No entanto, como são felizes todos os que confiam nele!" (Salmos 2:4-6,8-12)

Esta vendo? Não é que Deus não tenha senso de humor. Mas você passa sua vida zombando Dele, o problema vai ser o dia que Ele começar a zombar de você. Por isso, muito melhor seguir a escola filosófica dominante nos condomínios:
"Não aguenta brincar, não desce pro play".

sábado, 8 de outubro de 2016

REI CIRO: Como Isaías falou de um rei que viveu 200 anos depois?

Não sei se é pecado ter livros prediletos na Bíblia. Caso não seja (rsrs), considero Isaías um dos meus preferidos. Foi um dos livros que mais influenciaram a minha decisão de me tornar um cristão, especialmente por conta da riqueza de detalhes nas profecias acerca do messias judeu que morreria pagando pelos pecados de todos.

Até hoje sou encantado com as profecias bíblicas. Uma das muitas que "passaram batidas" na minha primeira leitura bíblica, foi o relato de Isaías sobre o rei Ciro (conhecido como Ciro, O Grande).

Sei que algumas pessoas não gostam muito de história e linguagem técnica. Então, vou tentar explicar de modo simples e fácil de entender. Vou deixar as referências no fim da publicação para quem quiser pesquisar um pouco mais. Mas indo direto ao ponto:

Isaías profetizou a respeito de um rei chamado Ciro 200 anos antes de Ciro nascer.
Em Isaías 44:28 e 45:1, o profeta cita especificamente o nome de Ciro, ligando-o à futura restauração de Israel e as fundações da reconstrução do templo (que na época de Isaias nem havia sido destruído). Entretanto, Isaías desempenhou o seu ministério entre 739 e 681 a.C., ao passo que Ciro veio a ser rei da Pérsia em 539 a.C. Há entre eles um período de 150 anos a 200 anos. Como Isaías pôde mencionar até mesmo o nome de Ciro, muito antes de sua existência? Confira:
"que diz acerca de Ciro: ‘Ele é meu pastor, e realizará tudo o que me agrada; ele dirá acerca de Jerusalém: "Seja reconstruída", e do templo: "Sejam lançados os seus alicerces" ’." (Isaías 44:28) 
Deixe-me contextualizá-los na história:

- Israel (mais precisamente o antigo Reino de Judá) foi invadido pelo rei da Babilônia, Nabucodonosor II. Segundo a Bíblia, isso aconteceu porque Israel abandonou a Deus, e Deus usou a Babilônia como um instrumento para corrigir e trazer Israel ao arrependimento.

- O profeta Jeremias havia predito que o povo de Deus ficaria exilado na Babilônia por 70 anos. (Jeremias 25:11, 12; 29:10).

 - Nesse período do exílio babilônico existiram vários profetas, dentre eles temos Daniel, que profetizou e disse no livro de Daniel 9, e que depois do retorno, o Templo e a cidade seriam reconstruídos. E do momento em que sair o decreto para reconstruir o Templo até o messias haveriam 432 anos (sessenta e duas semanas de anos), depois o Messias seria morto, e o templo novamente destruído. E foi exatamente o que aconteceu. Pretendo fazer um post sobre as semanas de Daniel, outro tema muito impressionante na Bíblia.
Túmulo que muitos acreditam ser o de Ciro, em Pasárgada.

O que sabemos além da Bíblia?

Historiador Flávio Josefo
O historiador judaico Flávio Josefo, do primeiro século, registrou em sua obra "Antiguidades" que Ciro leu o que estava predito acerca dele no livro do profeta Isaías e que fora escrito cerca de 200 anos antes que ele tivesse nascido, que Deus o havia constituído soberano sobre muitas nações, e a partir disso se sentiu inspirado a fazer o povo de Deus voltar a Jerusalém para reconstruir o Templo. Ciro ficou tão perplexo com essa profecia, por que não apenas falava dele, mas lhe conferia o nome pelo qual era chamado, que mandou reunir na Babilônia os principais dos judeus e anunciou que lhes permitia voltar ao seu país e reconstruir a cidade de Jerusalém e o Templo.
Ele escreveu:
“No primeiro ano do reinado de Ciro — este era o setuagésimo ano desde o tempo em que nosso povo, fadado para emigrar de sua própria terra para Babilônia — Deus se compadeceu do estado cativo e do infortúnio daqueles homens infelizes, e, conforme Ele lhes havia predito, por meio do profeta Jeremias, antes da demolição da cidade, que, depois de terem servido a Nabucodonosor e seus descendentes, e terem suportado esta servidão por setenta anos, Ele os restabeleceria novamente na terra de seus pais e eles deveriam construir o templo e usufruir sua antiga prosperidade, assim Ele lhes concedeu. Pois, estimulou o espírito de Ciro e o fez escrever através de toda a Ásia: ‘Assim diz o Rei Ciro. Visto que o Deus Altíssimo me designou rei do mundo habitável, fiquei persuadido de que Ele é o deus adorado pela nação israelita, pois, Ele predisse meu nome por meio dos profetas, e que eu deveria construir Seu templo em Jerusalém, na terra da Judéia.’ 
“Estas coisas Ciro sabia da leitura do livro da profecia que Isaías deixou duzentos e dez anos antes. Pois, este profeta dissera que Deus lhe falou em segredo: ‘É minha vontade que Ciro, a quem terei nomeado rei de muitas grandes nações, envie meu povo para a sua própria terra e construa meu templo.’ Isaías profetizou estas coisas cento e quarenta anos antes de o templo ser demolido. E assim, quando Ciro as leu, admirou-se do poder divino e foi tomado pelo forte desejo e pela ambição de fazer o que havia sido escrito; e, convocando os mais distintos dos Judeus, em Babilônia, disse-lhes que lhes dava licença para viajarem para a sua terra nativa e reconstruírem tanto a cidade de Jerusalém, como o templo de Deus, pois Deus, disse ele, seria aliado deles, e ele mesmo escreveria aos seus próprios governadores e sátrapas, na vizinhança do país deles, para lhes darem contribuições de ouro e de prata para a construção do templo, e, além disso, animais para os sacrifícios." 
Ctesias de Cnido
Pouco se sabe sobre seus primeiros anos haja vista existirem poucas fontes conhecidas com detalhes desse período de sua vida. Mas de acordo com uma versão Ctesias de Cnido (século V a.C.), que foi transmitida com muitos detalhes adicionados por Nicolau de Damasco (século I a.C.), chamava sua mãe de Argoste, e dizia que quando ela ficou grávida de Ciro, que ela viu em um sonho que seu filho seria o senhor da Ásia.

Heródoto
O geógrafo e historiador grego Heródoto também narrou sobre a vida de Ciro, O Grande.
Segundo conta Heródoto, o rei medo Astíages, seu avô, teve um sonho em que uma videira crescia das costas de sua filha Mandane, mãe de Ciro, lançando gavinhas que envolviam toda a Ásia.
Os magos da corte teria advertido que a tal videira era seu neto e que ele tomaria o lugar do velho reino da Média no mundo. Então o rei medo mandou seu mordomo Harpago que o matasse nas montanhas. O mordomo se comoveu com a beleza da criança e o entregou um pastor de origem real, porém bandido, Mitrídates, da tribo dos mardianos. Harpago ordenou a Mitrídates que levasse o bebê para as montanhas e lá o deixasse morrer. Felizmente, o pastor e sua esposa (a quem Heródoto chama Cyno, em grego, e Spaca-o em meda) tiveram piedade e adotaram a criança como sua em lugar de seu filho que morrera. Ciro cresceu, tornou­-se um valente guerreiro e, conforme o tal sonho profético, venceu o avô em batalha, tomando-o como prisioneiro.


Crônica de Nabonido
Ciro foi casado com Cassandane, princesa da Pérsia, filha de Farnaspes e irmã de Otanes. Há um relato na Crônica de Nabonido, rei da Babilônia, que quando "a esposa do rei morreu”, houve luto oficial na Babilônia em 538 a.C, o estudioso M. Boyce sugeriu que ela foi enterrada na torre chamada Zendān-e Solayman na Pasárgada.
A Crônica de Nabonido registra os eventos durante o reinado do último rei da Babilónia (Nabonido) antes do rei Ciro, o Grande, do Império Aquemênida, conquistá-lo em outubro 539 a.C.. As crônicas encontradas estão danificas, com muitos espaços em branco ou lacunas em todo o registro, que, ainda assim, descreve como Ciro começou a vencer várias campanhas militares contra a Assíria e o sudeste da Anatólia. Seleciono esse trecho do documento:
“ [Décimo sétimo ano:] . . . No mês de tasritu, quando Ciro atacou o exército de Acade, em Ópis, no Tigre, os habitantes de Acade se revoltaram, mas ele (Nabonido) massacrou os habitantes confusos. No 14° dia, Sipar foi capturada sem batalha. Nabonido fugiu. No 16° dia, Gobrias (Ugbaru), governador de Gutium, e o exército de Ciro entraram em Babilônia sem batalha. Depois, Nabonido foi preso em Babilônia ao voltar (para lá). . . . No mês de arasamnu, no 3° dia, Ciro entrou em Babilônia, raminhos verdes foram espalhados diante dele — impôs-se à cidade o estado de "Paz" (sulmu).[1]
Esse trecho tem um significado muito importante, aqui vemos outra profecia da Bíblia sendo cumprida e evidenciada por registros históricos independentes. 

O exército babilônico deixaria de lutar — Jeremias 51:30; Isaías 13:1, 7
Xenofonte (discípulo de Sócrates) e a noite da invasão
Xenofonte, o herói caviloso
O relato de Xenofonte descreve que Ciro achava praticamente impossível atacar as enormes muralhas de Babilônia, e daí passa a relatar que ele sitiou a cidade, desviou as águas do Eufrates para valas, e, enquanto a cidade estava em festa, mandou suas forças leito do rio acima, passando pelas muralhas da cidade. As tropas sob o comando de Gobrias e Gadatas apanharam os guardas desprevenidos e conseguiram entrar pelos próprios portões do palácio. Em uma só noite, “a cidade foi tomada e o rei foi morto”, e os soldados babilônios que ocupavam as diversas cidadelas renderam-se na manhã seguinte. — Cyropaedia (Ciropedia), VII, v, 33

O relato de Xenofonte reafirma e talvez explique em mais detalhes outras duas profecias da Bíblia, de acordo com a profecia:
O rio Eufrates secaria, abrindo caminho para o exército de Ciro. Isaías 44:27.
Os portões da cidade seriam deixados abertos. — Isaías 45:1.
Heródoto também menciona a invasão da Babilônia. Segundo Heródoto (I, 191, 192), Ciro desviou o rio para um lago artificial criado em época anterior pela Rainha Nitócris.
“Ciro desviou o rio por meio dum canal para o lago, o qual até então era um brejo, fez o rio baixar até que seu anterior leito pudesse ser vadeado. Quando isto se deu, os persas, postados com este objetivo, entraram em Babilônia pelo leito do Eufrates, tendo a água baixado até cerca do meio da coxa de um homem."

Ele ainda diz que eles foram pegos de surpresa:
"os persas os pegaram desprevenidos [...] durante todo este tempo eles dançavam e se divertiam numa festa . . . até se darem bem conta da verdade."
Esse relato confirma o relato da profecia de Daniel:
"MENE: Contou Deus o teu reino,
e o acabou. TEQUEL: Pesado foste
na balança, e foste achado em falta.
PERES: Dividido foi o teu reino,
e dado aos medos e aos persas."
(Daniel 5:26-28
De acordo com o relato bíblico, na noite em que Ciro atacou Babilônia de surpresa, o Rei Belsazar estava dando um banquete para “mil dos seus grandes” quando uma mão apareceu do nada. Ali, diante de todos, a mão escreveu “MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM” no reboco da parede do palácio. *
"Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles [...] Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas. Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra." (Daniel 5:1-4)
O profeta Daniel interpretou o enigma para Belsazar, que estava aterrorizado. Daniel recusa os presentes oferecidos pelo rei, mostrando que não estava fazendo aquilo por dinheiro. E então na frente de todos os convidados, Daniel dá a interpretação daquelas palavras ao rei, dizendo que seu reino estava ‘acabado’, que ele havia sido “pesado na balança e achado deficiente” e que Babilônia havia sido dada “aos medos e aos persas”. (Daniel 5:26-28). Cada palavra se cumpriu. Por causa desse evento em alguns idiomas, é comum a utilização da expressão “está escrito na parede” para falar que algo ruim está para acontecer. Naquela mesma noite Belsazar foi morto.
Neste momento, a profecia da Estátua do sonho de Nabucodonosor também começa a se cumprir (Daniel 2).



Cilindro de Ciro
O Cilindro de Ciro é um cilindro de argila, no qual está escrita uma declaração em nome do rei Ciro, o Grande. O Cilindro data do século VI a.C. (539 a.C.), e foi descoberto nas ruínas da Babilônia (atual Iraque) em 1879. O material esta em posse do Museu Britânico (British Museum).

Parte do material traduzido do “Cilindro de Ciro” diz o seguinte:
“Eu devolvi para esses santuários que se encontram do outro lado do rio Tigre e que se encontram em ruínas por um longo período de tempo as imagens que costumavam habitar os mesmos e os estabeleci como santuários permanentes. Eu também juntei todos seus habitantes e os fiz retornar para suas habitações”.
O que confirma o relato bíblico.


Mas e a preguiça?

Os judeus estavam bem instalados e confortáveis em Babilônia, por isso a maioria não obedeceu a ordem do rei para que voltassem para Jerusalém. Mas para aqueles judeus que mantiveram o sentimento e o desejo de retornar para seu verdadeiro lar, e ver o templo de Deus reconstruído, para estes o Rei Ciro foi um libertador.


Um impio sendo instrumento nas mãos de Deus
Declaração de Direitos
Humanos de Ciro
Uma das grandes lições da história de Ciro, foi que apesar dele não se converter verdadeiramente a Deus, nem isso impediu de Deus usá-lo enquanto rei para promover justiça e liberdade no antigo império babilônico antes dominado por tirania e opressão. Deus usa quem ele quer usar.
"Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome. Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me conheças." (Isaías 45:3-5)
Ciro foi um rei extraordinário, sendo um dos primeiros lideres do mundo antigo a estabelecer leis de direitos humanos, decretar o fim da escravidão e declarar a liberdade religiosa e respeito cultural.
Inscrição de Xerxes em Gandj Nameh:
"Eu sou Xerxes, o grande rei [...]
filho do rei Dario, um aquemênida"

Ciro II e a Rainha Ester
Apesar da Bíblia não mencionar, historicamente entende-se que Assuero (ou Xerxes I) casado com a judia Ester, era filho de Dario I, filho de Histaspes, e neto de Ciro, O Grande. A rainha Ester viveu no período anterior ao segundo retorno dos judeus à Jerusalém, liderados pelo profeta Neemias.

O que dizem os críticos de tudo isso?
Autores ateus geralmente tentam driblar essas questões alegando que Isaías teria dois autores, uma vez que existe uma perceptível ruptura no discurso do profeta a partir do capitulo 39. Realmente existe essa diferença, mas quem disse que não foi proposital?
Particularmente não entendo como 2 pessoas, primeiro porque não existe qualquer evidência da existência de dois ou mais autores fora da especulação, e segundo porque essa ruptura faz sentido no contexto do livro e dos livros. Isaías é um resumo da Bíblia, teólogos frequentemente o chamam de "o quinto evangelho", devido às claras profecias a respeito de Jesus. Quando Stephen Langton, professor da Universidade de Paris, dividiu a Bíblia em capítulos, ele dividiu o o livro de Isaías em
Manuscrito de Isaías
no Museu de Israel
66 capítulos (Dica: A Bíblia tem 66 livros). Sendo que os 39 primeiros capítulos são de modo geral falando de castigo e do juízo de Deus, e nos próximos 27 capítulos, o profeta Isaías traz uma
mensagem de conforto e esperança na misericórdia de Deus (inclusive apresentado o Messias, a razão dessa esperança). A Bíblia também é geralmente dividida em duas partes: Antigo Testamento (39 livros) e Novo Testamento (27 livros), sendo a primeira parte também apresentando a Justiça de Deus, e na segunda parte Sua Graça e misericórdia em Jesus. Mas quero deixar claro que isso é uma
percepção pessoal à luz de um contexto maior, mas não vejo nenhum problema (nem mesmo para um cristão) em acreditar que houveram dois "profetas Isaías", existem inclusive bons autores cristãos que defendem desta forma.

De qualquer modo, os manuscritos descobertos recentemente apontam um único livro, e não dois livros. Estou me referindo aos manuscritos do Mar Morto, mas especificamente ao Grande Rolo de Isaías (a copia completa do livro de Isaías mais antiga que temos atualmente). Um grande pergaminho, contendo todos os 66 capítulos do livro de Isaías. De acordo com testes de Carbono 14
a data do texto de Isaías nos Rolos do Mar Morto é de 408 a 318 a.C [7]. Isso não é anterior a Ciro, portanto não prova muita coisa. Contudo é muito anterior a Jesus. Ainda que as profecias a respeito de Ciro não sejam plenamente comprovadas, podemos ter certeza a respeito das profecias a respeito de Jesus. Por muito tempo se desconfiou que Isaías 53, por exemplo, tivesse sido escrito por cristãos que de alguma forma teriam conseguido inclui-lo na Bíblia Judaica também. Hoje, podemos garantir que Jesus foi profetizado entre 408 a 318 anos antes do seu nascimento, e Isaías havia predito que:

Israel teria um coração endurecido contra o Messias [Isaías 6:9-10a].
O Messias seria descendente de Davi [Isaías 7:13-14,].
O Messias nasceria de uma virgem [Isaías 7:14a].O Messias seria Deus [Isaías 40:3c , Isaías 7:14c].
Quem mais poderia ser o Messias?
O Messias seria uma "pedra de tropeço" para Israel [Isaías 8:14].
O Messias ministraria na Galiléia [Isaías 9:1-2a].
O Messias seria o Filho de Deus [Isaías 9:6b].
O Messias seria homem e Deus [Isaías 9:6d].
O Messias cresceria em Nazaré [Isaías 11:1c, Isaías 53:2a].
O Messias viria para todos os povos [Isaías 11:10b, Isaías 9:1-2b, Isaías 65:1]].
O Messias derrotaria a morte [Isaías 25:8].O precursor do Messias viveria no deserto [Isaías 40:3a].
O Messias seria a nova aliança [Isaías 42:6c].
O Messias seria oriundo da eternidade [Isaías 48:16a].
O Messias seria enviado por Deus [Isaías 48:16b].
As palavras do Messias seriam como uma espada aguda [Isaías 49:2a].
O Messias seria responsável pelo juízo da humanidade [Isaías 49:2c].
O Messias seria desprezado [Isaías 49:7].
As costas do Messias seria açoitada [Isaías 50:6a, Isaías 53:5c].
O Messias seria grandemente exaltado [Isaías 52:13b].
A face do Messias seria desfigurada por meio de batidas violentas e cuspida [Isaías 50:6b , Isaías 52:14].
O sangue do Messias seria derramado para fazer expiação por todos os pecados [Isaías 52:15].
O Messias carregaria e suportaria sobre si os pecados do mundo [Isaías 53:4b].
O sacrifício do Messias proveria paz entre Deus e o homem [Isaías 53:5b].
O Messias seria preso, atormentado, julgado e morto [Isaías 53:8b].
O Messias seria sepultado no túmulo de um rico [Isaías 53:9a].
Era a vontade de Deus que o Messias morresse por toda a humanidade [Isaías 53:10a].
O Messias seria uma oferta pelo pecado [Isaías 53:10b].
O Messias ressuscitaria e viveria para sempre [Isaías 53:10c, Isaías 55:3].
O Messias justificaria o homem perante Deus [Isaías 53:11c].
O Messias entregaria a sua vida para salvar a humanidade [Isaías 53:12b, Isaías 63:5, Isaías 59:15-16].
O Messias seria colocado junto de criminosos [Isaías 53:12c].
O Messias seria o intercessor entre Deus e os homens [Isaías 59:15-16b , Isaías 53:12].
O Messias pregaria as boas novas [Isaías 61:1-2].




Ainda que Jesus tivesse sido um charlatão tentando se passar pelo Messias, ele não teria controle sobre a ação das demais pessoas. Ele não teria como forjar o nascimento de uma virgem, nem sua morte na cruz, nem escolher ser morto ao lado de ladrões, nem as 500 pessoas dizendo ter visto ele ressuscitado... nem poderia cumprir várias das profecias a respeito dele. Por isso, quando leio Isaías e os profetas, não consigo achar cabível no texto qualquer outra interpretação ou qualquer outro nome:


"Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca." (Isaías 53:5-7)
Por fim, os teólogos concordam que Ciro, era uma representação terrena de Cristo, uma sombra, um anúncio do verdadeiro libertador. Em toda a narrativa da Bíblia, a macro-história de Jesus é sempre contada e recontada nas micro-histórias. Neste caso, assim como Ciro libertou o povo judeu da escrivadão do tirano império babilônico, e os enviou para Jerusalém, de modo semelhante Jesus nos libertou do império das trevas nos dando acesso para o Reino de Deus (Colossenses 1:9). Assim como Ciro decretou o fim da escravidão no seu império, para os que estão debaixo do reinado de Cristo já não há a escravidão do pecado (João 8:36). Assim como Ciro derrotou triunfantemente o governo inimigo do povo de Deus, Jesus também "tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz." (Colossenses 2:15).

1 Coríntios 10.6:
“...e estas foram-nos feitas em figura”
Que a maior história de amor e perdão, possa ser recontada em nossas vidas também.


Abraços.

*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia


Referências: 
[1] Herodotus, The Histories, Book I, 440 BC. Traduzido por George Rawlinson. Disponível no link: http://classics.mit.edu/Herodotus/history.mb.txt
[2] Antiquities of the Jews, Livro XI, Cap. 1, parágrafos 1, 2, segundo a tradução inglesa de Ralph Marcus; veja também História dos Hebreus, “Antiguidades Judaicas”, Livro 11, capítulo 1, parágrafo 436, na tradução de Vicente Pedroso.
[3] Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 1. Disponível no link: http://www.livius.org/ct-cz/ctesias/photius_persica.html
[4] Ancient Near Eastern Texts, p. 306. (it -3 p. 52 Nabonido - Babilônia)
[5] http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details.aspx?objectId=327188&partId=1
[6] George Cawkwell, Introduction to Xenophon: The Persian Expedition (Harmondsworth, 1972).
[7] Doudna, Greg, “Dating the Scrolls on the Basis of Radiocarbon Analysis”, em The Dead Sea Scrolls after Fifty Years, editado por Flint Peter W., e VanderKam, James C., Vol.1 (Leiden: Brill, 1998) 430-471.
[8] Para quem sabe hebraico: http://aleppocodex.org/