sábado, 18 de outubro de 2025

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Jesus em Êxodo 4: Ide por todo o Egito

Moisés já estava a 40 anos morando em Midiã quando Deus falou com ele da sarça ardente. Deus está enviando Moisés de volta para o Egito para que seja sua testemunha primeiro diante dos israelitas e depois diante dos egípcios (gentios). Ele deveria testemunhar o ocorrido e mediante a isso exigir dos seus ouvintes um posicionamento diante da palavra que Deus lhe entregou naquele monte.

Moisés diz para Deus “eles não vão acreditar em mim, nem ouvirão o que vou dizer”. O Eterno, YHWH, diz para Moisés realizar alguns sinais entre eles para que creiam. Os sinais e milagres seriam uma forma de validar a mensagem de Moisés.

Moisés diz literalmente “Ah, meu Senhor! Envia, rogo-Te, pela mão daquele a quem Tu hás de enviar” (Êxodo 4:13). Repare com atenção: Moisés pede que Deus liberte o povo pela mão de alguém, alguém que ele já sabia que Deus iria enviar, e que obviamente não era o próprio Moisés. Parece uma forte evidência de que Moisés já tinha o conceito de um Messias prometido mesmo antes da Lei ser entregue no monte Sinai, ele sabia que Deus enviaria um outro salvador para o povo de Israel.


1500 anos depois, em um outro monte, Deus aparece de novo, mas não numa sarça ardente, mas numa visão ainda mais gloriosa: o corpo de Jesus ressuscitado. Jesus aparece aos seus discípulos e ao final de 40 dias envia eles por todo o mundo para serem suas testemunhas. Os milagres seriam novamente uma forma de validar a mensagem que eles deveriam entregar para as pessoas, primeiro aos judeus e depois aos gentios: 


 "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados".


O primeiro sinal seria o cajado de Moisés se transformando em serpente (a serpente era curiosamente o símbolo do poder dos Faraós), e ao pegá-la pela cauda (a parte mais perigosa) ela se transformava em vara. Deus com esse sinal demonstra que tem poder sobre o império de Faraó, e tem poder para livrar seu povo, assim como exige de Moisés confiança com esse ato. Jesus parece usar essa linguagem, para mostrar que tem poder inclusive sobre o império das trevas, ao dizer aos seus discipulos "Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará mal algum." (Lucas 10:19). O profeta Isaías trata o cajado de Moisés como o Braço do Senhor (Is 63:11-14), um símbolo do próprio Cristo (Is 53:1). E aqui está o mistério mais profundo: Deus faz o cajado (que simboliza o Seu próprio braço, o Messias) assumir a forma da serpente, o mesmo símbolo do pecado e da maldição, para depois de ter vencido a serpentes do Egito retomar sua forma de autoridade. Assim também “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Jesus, o “braço do Senhor”, mesmo sem nunca ter pecado, tomou sobre si os nossos pecados (a serpente) para vencer o próprio poder do pecado.


Outros sinais são dados para Moisés: o sinal da cura da lepra (mostrando que Deus tem poder tanto para curar e como para fazer adoecer) e o sinal da água do Nilo se transformar em sangue (O Nilo era considerado uma fonte de vida e estava associado a várias divindades egípcias. Ao transformar a água em sangue, Deus desafia diretamente a religião e as crenças dos egípcios, mostrando que Ele é superior a qualquer deus que eles adoram). Este milagre também serviu como um sinal preliminar das maravilhas e dos juízos que Deus executaria contra o Egito.


Moisés não se achava preparado para esta missão por não ter habilidade de falar e se comunicar bem. A resposta de Deus para Moisés é muito parecida com a que Jesus diz para os seus discípulos: “não vos preocupeis quanto à maneira que deveis responder, nem tampouco quanto ao que tiverdes de falar. Porquanto, naquele momento, o Espírito Santo vos ministrará tudo o que for necessário dizer” (Lucas 12:11-12). Deus frequentemente escolhe mensageiros sem muitas aptidões para que a sua graça neles possa evidenciar-se ainda mais gloriosa. O sucesso da sua obra independe de qualquer capacidade humana.


Essa grande comissão é atribuída também à Arão. “Melhor é serem dois do que um” (Eclesiastes 4.9). Arão era irmão de Moisés. O afeto natural que tinham um pelo outro, os fortaleceria mutuamente na execução conjunta da sua comissão. Jesus também enviou os seus discípulos de dois em dois, e alguns dos pares eram compostos por irmãos.

Arão sabia falar bem, e Moisés era sábio. Jesus distribui diferentes dons de maneira variada dentro de sua igreja, para que possamos atender a necessidade que temos, uns dos outros, e para que todos possam contribuir com alguma coisa para o bem do corpo. (1 Coríntios 12.21). Na igreja de Cristo, só Cristo é autossuficiente, os demais precisam uns dos outros.

Duas testemunhas vão para o Egito anunciar a palavra do Senhor, para que pelas suas bocas toda palavra seja confirmada. (Mateus 18:15-17), prontas para realizar sinais e prodígios, e ferir a terra do Egito. Tanto o profeta Zacarias (cap 4) como o apóstolo João (Apocalipse 11) retratam o povo de Deus como duas testemunhas, que representam a igreja de Cristo, composta de judeus e gentios.


“Darei autoridade às minhas duas testemunhas para que profetizem [...] São estas as duas oliveiras e os dois candelabros que estão em pé diante do Senhor da terra. Se alguém pretende causar-lhes dano, da boca dessas testemunhas sai fogo e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente deve morrer. Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para transformá-las em sangue, bem como para ferir a terra com todo tipo de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.”  (Apocalipse 11:3-6)


Assim como Moisés e Arão, a igreja de Cristo recebeu um poder extraordinariamente grande. Mas assim como Moisés e Arão, esse poder não vem de nós mesmos, ele é do Senhor, ele é um validador público da mensagem. Os sinais validam a nossa mensagem, portanto os sinais apontam para a Palavra do Senhor. Ou seja, a mensagem do Evangelho que tira as pessoas do Egito espiritual é onde deve estar o nosso foco. Tamanho poder é uma demonstração da autoridade recebida, mas ela é subordinada a Deus. Moisés não poderia usar estes sinais para nenhum outro fim ou com nenhuma outra intenção, senão para aquele propósito que o próprio Senhor estabeleceu. Sem Deus, Moisés e Arão nada podem fazer (João 15:5).


Deus manda um recado para Faraó através de Moisés, dizendo “assim diz o Senhor: Israel é o meu primeiro filho, e eu já lhe disse que deixe o meu filho ir para prestar-me culto. Mas você não quis deixá-lo ir; por isso matarei o seu primeiro filho!".

Da mesma maneira como os homens lidam com o povo de Deus, devem esperar ser tratados. Algumas pessoas estranham o fato de Israel ser chamada de primogênito de Deus, se Jesus também é chamado de primogênito de Deus (Colossenses 1:15/Romanos 8:29/Hebreus 1:6/Apocalipse 1:5). Há pelo menos duas possibilidades para entender esse texto:

1) Pelo relato das Escrituras (Mateus 2:15 ou Isaías 53 por exemplo), podemos perceber que algumas vezes Jesus e Israel se confundem. Precisamos entender que muitas promessas da plenitude de Israel se cumprem em Jesus. Ele é o israelita por excelência. Ele é o retrato, a imagem do que Israel deveria ser. A função de Israel era ser uma luz para as outras nações, o que rarissimas vezes aconteceu. Mas quando Jesus reconcilia o mundo com Deus, pode-se dizer que é Israel reconciliando o mundo com Deus. Quando Jesus espalha o conhecimento da Lei e dos Profetas por todo o mundo gentil, é o Messias judeu fazendo, logo é Israel sendo luz para as nações (por meio do seu representante legitimo; Jesus). 

 
2) Conforme falamos no último capítulo, há base suficiente para entender que era o próprio Jesus que estava falando através da sarça ardente.Sendo assim, inicialmente o ministério de Jesus deu-se apenas para os judeus, depois expandiu-se para os gentios. (Mateus 10:5-6).  Israel é o primeiro povo no qual Jesus começou seu projeto de redenção, sendo assim não seria extranho Jesus chamar Israel de seu primogênito.  


“Eu, o SENHOR, o chamei para demonstrar a minha justiça. Eu o protegerei e sustentarei. Você vai ser o mediador do novo trato que farei com o meu povo e uma luz para guiar os outros povos até mim. (Isaías 42:6)


*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia


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