sábado, 24 de abril de 2021

15:51 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 17: A Circuncisão

Ao ler o Antigo Testamento, você perceberá que os rituais nele presentes são simbólicos. Um símbolo por definição, é algo que tem um significado para além dele próprio, é algo que representa e aponta outra coisa maior e mais importante (Uma placa pode indicar uma rua, mas uma rua não aponta para uma placa). Se excluirmos o Novo Testamento, os símbolos do AT pareceriam um fim em si próprios (a placa indicando a própria placa), e aí não fazem sentido. Apenas o novo testamento completa o sentido para tais simbologias.

Um desses símbolos nos foi dado quando Deus confirmou mais uma vez sua aliança com Abraão, e instituiu a "circuncisão":

“Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. Da sua geração em diante, todo menino de oito dias de idade entre vocês terá que ser circuncidado, tanto os nascidos em sua casa quanto os que forem comprados de estrangeiros e que não forem descendentes de vocês. Sejam nascidos em sua casa, sejam comprados, terão que ser circuncidados. Minha aliança, marcada no corpo de vocês, será uma aliança perpétua. Qualquer do sexo masculino que for incircunciso, que não tiver sido circuncidado, será eliminado do meio do seu povo; quebrou a minha aliança". (Gênesis 17:10-14)

A circuncisão feita por Abraão não parece ser uma experiência religiosa mística miraculosa na presença de personagens mágicos, mas o símbolo de um pacto. Símbolo de uma aliança com Deus. O que podemos aprender com esse símbolo? Em muitos lugares do Antigo Testamento encontraremos o verdadeiro significado da circuncisão, como sendo um símbolo que aponta para a verdadeira circuncisão: a circuncisão do coração (Levítico 10:16, 30:6; Jeremias 4:4; 9:25,26 ; Ezequiel 44:7,9), conforme disse o próprio Moisés:

"Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a vossa cerviz." (Deuteronômio 10:16)

"E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas." (Deuteronômio 30:6)

Por inúmeras vezes na Lei e nos profetas, a palavra de Deus chama o povo de Israel (que eram circuncidados na carne) de incircuncisos de coração. Repare que essa circuncisão é feita por Deus e não pelo indivíduo, segundo Deuteronômio 30:6. O que adianta ser circuncidado e ser um adúltero, ou um mentiroso, um idólatra...? Não adiantava o judeu se circuncidar e não praticar toda a Lei, ele seria circunciso de carne, mas não em seu coração. Aquele símbolo externo na carne era falso nele, pois simbolizava algo não verdadeiro. Seria além de tudo, o pecado da hipocrisia. “Porque a circuncisão é, na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será reputada como circuncisão? E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará porventura a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.” (Romanos 2:25-29) Mas se formos honestos, tanto judeus quanto gentios, por mais que reconheçamos a sabedoria da Torá (Lei de Deus), qual de nós consegue seguir toda a Lei? A sinceridade nos obrigaria a admitir que toda nossa religiosidade (seja ela qual for) e seus rituais tem pouca força contra a imoralidade e os pecados que habitam o nosso coração, o mero ato simbólico de circuncidar o genital não impede um homem de ser pornográfico ou adúltero, por exemplo. Depois de muito tentar, o homem deveria reconhecer sua incapacidade de salvar-se. Há necessidade de uma ação sobrenatural, uma transformação no coração, uma cirurgia que apenas Deus pode fazer (Deuteronômio 30:6). Precisamos de um Salvador para corrigir o desvio na nossa natureza, essa tendência maligna que nos acompanha desde o jardim do Éden:

“Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne. No batismo, vocês foram sepultados com Cristo e, com ele, foram ressuscitados para a nova vida por meio da fé no grande poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos. Vocês estavam mortos por causa de seus pecados e da incircuncisão de sua natureza humana. Então Deus lhes deu vida com Cristo, pois perdoou todos os nossos pecados. Ele cancelou o registro de acusações contra nós, removendo-o e pregando-o na cruz.” (Colossenses 2:11-14).

Portanto, a circuncisão era esse símbolo na carne que apontava para algo muito maior, era uma “sombra do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo” (Colossenses 2:17). Arrependa-se e entregue o seu pecado secreto à faca. Tire a capa da religiosidade, exponha suas vergonhas. E deite-se na mesa do melhor cirurgião cardiovascular. Quando a dor passar, vai experimentar as belezas de uma obediência por amor e gratidão em Jesus Cristo!

“Feriste-me o coração com a Tua palavra e eu te amei.” (Agostinho de Hipona)


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sábado, 10 de abril de 2021

15:53 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 16: O Deus que me vê


Sara propõe que Abrão tomasse outra mulher, que geraria filhos nos quais ela poderia adotar. Era um costume da época, e se Abrão tomasse a escrava da sua esposa, os filhos seriam propriedade de Sara. Para além dos problemas éticos e morais (e pecaminosos) daquela cultura, esse pecado foi uma tentativa de “ajudar Deus” no cumprimento da promessa de descendência, uma vez que que Deus parecia demorado em cumprir. Foi uma atitude de profunda incredulidade, eles esqueceram-se do poder absoluto e dignidade Daquele que havia empenhado sua Palavra. E quando a tentativa de dar um “jeitinho” e alcançar a promessa com as próprias mãos começou a gerar muitos problemas, ao invés de reconhecer o seu erro, Sara, seguindo o mesmo padrão de Adão, tenta achar alguém para culpar: “Então Sarai disse a Abrão: “Você é o culpado da vergonha que estou passando! Entreguei minha serva a você, mas, agora que engravidou, ela me trata com desprezo. O Senhor mostrará quem está errado: você ou eu!”. Abrão respondeu: “Hagar é sua serva. Faça com ela o que lhe parecer melhor”. Então Sarai a tratou tão mal que, por fim, Hagar fugiu” (Gênesis 16:5,6). Abrão, Sarai e Hagar aparecem nesse texto como vilões da história. A história só tem um herói: o próprio Deus. O Anjo do Senhor (que para alguns estudiosos pode ser a personificação do próprio Cristo) aparece para Hagar. Hagar reconhece que quem estava ali diante dela era Deus: “Tu és o Deus que me vê [...] Aqui eu vi aquele que me vê!” (Gênesis 16:13). Deus abençoa Hagar e promete abençoar seu filho. Mas é claro que a promessa não se cumpriria por meio de Ismael. Não seria por intervenção humana, mas pela intervenção do próprio Deus. Nunca se alcançou a benção de Deus por meios humanos. Aqui há um símbolo dos dois filhos que Abrão teria, as duas descendências: a primeira descendência representada por Ismael, Deus os abençoaria por serem filhos de Abrão, mas eles não pertencem à promessa. Ismael é o pai daqueles descendentes de Abrão que querem alcançar o reino de Deus pelo próprio esforço, pela sua própria estratégia, pela sua própria capacidade de seguir a Lei de Deus, aqueles que nasceram da vontade humana. E o segundo grupo são aqueles que são filhos pela fé, porque creram no Messias descendente de Abrão. Isaque representa os filhos da promessa, aqueles que nasceram não segundo a vontade humana, mas pela vontade de Deus (estamos aqui falando de Novo Nascimento, uma transformação que somente Deus pode operar), porque Deus os escolheu primeiro.

“Essas duas mulheres ilustram duas alianças. A primeira, Hagar, representa o monte Sinai, onde o povo recebeu a lei que o escravizou. E Hagar, que é o monte Sinai, na Arábia, representa a Jerusalém de agora, pois ela e seus filhos vivem sob a escravidão da lei. A segunda, Sara, representa a Jerusalém celestial. Ela é a mulher livre, e é nossa mãe. Como dizem as Escrituras: “Alegre-se, mulher sem filhos, você que nunca deu à luz! Grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto! Pois a abandonada agora tem mais filhos que a mulher que vive com o marido”. E vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Ismael, o filho nascido da vontade humana, perseguiu Isaque, o filho nascido do poder do Espírito, e o mesmo ocorre agora. Mas o que dizem as Escrituras sobre isso? “Livre-se da escrava e do filho dela, pois o filho da escrava não será herdeiro junto com o filho da mulher livre.” Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava; somos filhos da mulher livre.” (Gálatas 4:24-31)


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sexta-feira, 2 de abril de 2021

13:28 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 15: Contrato de Sangue


Deus promete que Abrão geraria um filho, mesmo tendo idade avançada. A Bíblia está cheia de histórias de nascimentos impossíveis e improváveis. Deveríamos nos perguntar o porquê de tanta ocorrência deste típico milagre. A resposta é simples: esse milagre aponta para a pessoa central da Bíblia que também teria um nascimento extremamente improvável e milagroso. Como seria profetizado por Isaías, o nascimento do Senhor Jesus haveria de ser milagroso, a virgem daria luz ao Messias.

Deus diz para Abrão “Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las" [...] Assim será a sua descendência". Traduzido como descendência é a mesma palavra hebraica usada para semente. É uma alusão ao Cristo descendente de Abraão (Nm 24.7; Is 6.13). 


“E creu ele no Senhor, e foi-lhe imputado isto por justiça”. Abrão não foi salvo por causa da sua vida justa, mas pela misericórdia de Deus, mediante a fé, que ele foi declarado justo. A única obra válida é a obra que Deus realiza em nós por meio da nossa fé nele:


“Disseram-lhe, pois: Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou”. (João 6.28,29).

Pois Abrão, e os crentes da antiguidade, creram no Messias que viria. Pois todos precisamos dele para sermos salvos, por meio de seu favor e graça. “esta afirmação de ser aceito por meio da fé não foi feita só em benefício de Abraão. Ela também é para nós, os que cremos em Deus que ressuscitou da morte Jesus nosso Senhor; o qual foi entregue à morte por causa das nossas transgressões e ressuscitou para que pudéssemos ser considerados justos aos olhos de Deus” (Romanos 4:22-25). 


Abrão pede ao Senhor um sinal de que a promessa de Deus se cumpriria. Em resposta a este pedido, Deus formaliza com Abraão um pacto, segundo o costume daquela época; onde era preciso que os dois “contratantes” passassem entre os animais esquartejados; aceitando assim serem eles mesmo dilacerados como as vítimas, se infringissem seus compromissos. 


E Abrão não andou sobre este caminho de sangue. Deus fez Abrão cair em profundo sono e apenas Deus percorreu tal via, representado pela fumaça e pelo fogo. Mas esse momento parece meio macabro, Deus se apresenta de modo terrível, o texto antes descrevia uma feliz promessa para Abraão, mas agora fala de um pesadelo e grande escuridão. E na sequência Deus promete que a semente de Abraão vai sofrer muito e ser afligida. Você talvez tenha ficado com aquela cara de "Ué? Foi assim que Deus quis mostrar para Abraão que a maravilhosa promessa ia se cumprir?". Exatamente! Eu te explico: Conforme comentamos um pouco no capítulo 13, a promessa tem tanto um cumprimento na vida de Abraão, como tem aspectos que apontam para história de Israel e da igreja (o novo Israel), mas também colaboram para a revelação do Messias. Sabemos que Deus está querendo provar pra Abraão que a promessa vai se cumprir, e sabemos que os hebreus foram escravos durante 400 anos no Egito. Agora repare com atenção: 


“então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por (em hebraico: ת) quatrocentos anos” (Gênesis 15:13)

A letra “Tav” ( ת ) em hebraico moderno, que também pode significar "aliança", “marca” ou “sinal” (lembre que Abraão pediu um sinal da promessa), no tempo de Abraão (cerca de 2000 anos antes de Cristo), era representada pelo símbolo de uma cruz ( ✝ ). E assim como todas as letras em hebraico, ela representa um valor, e o valor da Tav é 400. Abaixo a evolução do Tav do antigo hebraico para o hebraico moderno:

Perceba a beleza e harmonia da palavra de Deus: Após exatos 400 anos, o povo de Israel foi liberto da escravidão do Egito, e de modo semelhante/paralelo fomos libertos do pecado (simbolicamente do Egito) por meio de Cristo. Observe cuidadosamente o verso 13: Cristo é o descendente de Abraão que peregrinou neste mundo, foi reduzido a condição de servo (Filipenses 2:7), e foi afligido na cruz. Agora faz sentido a escuridão que Abraão viu? Uma cena terrível e muito parecida com a escuridão que tomou a terra durante a crucificação de Jesus. O fato de Deus passar sozinho pelo caminho, ou assinar sozinho os termos do pacto, significava que a promessa de Deus a Abrão, a aliança abraâmica, foi feita pelo Senhor e que seu cumprimento era certíssimo, pois dependia somente Dele (Gn 22.15-18). Ou seja, ainda que Abrão e seus descendentes falhassem no pacto com Deus, Deus seria morto como havia sido feito com aqueles animais. Este foi um anúncio perfeito de Jesus Cristo, o Deus encarnado, morrendo na cruz como um animal de sacrifício, por conta dos nossos pecados. Nesse capitulo vemos a natureza unilateral e incondicional da aliança de Deus. Pois Deus é fiel, e mantém sua fidelidade independentemente de nossa fidelidade, pois somos pecadores e incapazes de obter perfeição por nós mesmo, e até o ato de cumprir um simples pacto, necessitamos de Deus em ambos os lados. Este é o pacto da Graça. Desde de sempre foi pela Graça, nunca por obras. Nas palavras do próprio Jesus, Abraão entendeu o recado:

“O vosso pai Abraão alegrou-se ao ver o meu dia. Sabia que eu viria e ficou satisfeito” (João 8:54)

Colaborou: Gislaine Vieira (Bacharel em Tradução)

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