terça-feira, 14 de dezembro de 2021

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 26: A História Recontada

O capítulo 26 parece uma repetição do capítulo 20, Isaque passa por uma situação muito similar à de seu pai Abraão. A intenção deste texto é simples: demonstrar que Isaque é o legítimo herdeiro da promessa de Abraão, “um pequeno Abraão”. O texto mostra que da mesma forma como Deus havia abençoado Abraão, agora Ele estava fazendo o mesmo com Isaque. Deus tinha falado para Abraão que no seu descendente seriam benditas todas as nações da Terra, e agora Deus reafirma a mesma promessa para Isaque:

"... E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto Abraão obedeceu à minha voz e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis" (Gênesis 26:4-5).

Fica evidente que o Messias seria da linhagem de Isaque. Um descendente de Isaque, mas não o próprio Isaque, que cumpriria tal promessa. Na genealogia de Jesus percebemos que Cristo é descendente de Isaque (Lucas 3:23-34). Naquele tempo as pessoas mudavam-se para o Egito para se proteger de tempos de crise. Porém, Deus ordena que Isaque não descesse para o Egito, mas habitasse na terra que Ele mostraria. A palavra hebraica para “habita” indica um forasteiro ou um residente extrangeiro na terra. Assim como Deus chamou Abraão para ser um peregrino (Gênesis 13), agora ele chama Isaque para peregrinar na terra prometida:

“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. [...] confessando que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. [...] uma pátria superior, isto é, celestial” (Hebreus 11:8-16)

Vale lembrar que se retirarmos a interpretação do Novo Testamento sobre a terra prometida (a pátria celestial), e considerarmos como uma promessa literal (entendimento judaico), seremos obrigados admitir que a profecia de Deus (Gênesis 17:8) falhou para Abraão, Isaque e sua descendência, pois eles foram peregrinos na terra (leia meu comentário sobre Gênesis 23). Ou a Palavra do Deus Eterno falhou ou precisamos admitir que o Novo Testamento está certo. O mesmo Isaque que demonstrou fé em Deus, semelhante ao seu pai Abraão, e confiante não foi para o Egito, também, semelhante ao seu pai, pecou na sequência ao mentir sobre seu relacionamento com sua esposa, por medo de ser morto e não confiando na proteção de Deus. A história está sendo recontada, e será recontada outras vezes. Esta é a história de cada um dos "heróis da fé”, uma história de pessoas comuns com altos e baixos. Homens que tem qualidades tão únicas que simbolicamente apontam para Cristo, e defeitos tão comuns que nos lembram que são apenas símbolos e nada além disso. Assim como Abraão, o texto mostra que Deus abençoou e prosperou grandemente Isaque. A prosperidade de Isaque, porém, gerou muita inveja dos moradores daquele lugar. Eles enterraram os poços do patriarca, e Isaque demonstrou um caráter dócil e pacificador. Mesmo podendo esmagar seu inimigos, Isaque expressou uma qualidade muito preciosa da semente messiânica. O papel pacifico, a atitude submissa, a predisposição para sofrer silenciosamente, em vez de tomar vingança, são algumas das características deste que não é apenas um “pequeno tipo de Abraão”, mas também um “pequeno tipo de Cristo”.

“Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” (Isaías 53:7)

O capítulo termina mostrando o contraste desta linhagem santa na qual trará o Messias ao mundo, com a linhagem do profano Esaú que desprezou a aliança do Senhor, e como consequência se casou com cananeias, desligando-se assim definitivamente da família da promessa. Que possamos ter o mesmo espírito conciliador e pacificador de Isaque, não resistindo aos maus, amando nossos inimigos, dando a outra face, fugindo sempre que possível de conflitos, e assim refletir um pouco da beleza do caráter de Jesus Cristo.

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