quarta-feira, 5 de março de 2025

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Jesus em Êxodo 2: O Cesto e a Manjedoura

Os judeus do passado já percebiam ao ler o capítulo 2 de Êxodo, que existe um paralelo evidente entre Noé e Moisés. Ambos são apresentados como figuras salvadoras em momentos críticos da história do povo de Deus. Ambos flutuam na água em uma "teva" — uma palavra hebraica usada tanto para a arca de Noé quanto para o cesto de Moisés. Em ambos os casos, a "teva" é impermeabilizada com piche, representando proteção divina em meio às águas, que tanto simbolizam juízo quanto salvação.

A relação entre água e o salvador é significativa. Noé é salvo para preservar a criação da destruição, enquanto Moisés é salvo para libertar o povo de Israel da escravidão no Egito. Paralelamente, há outros elementos que conectam suas histórias, como o período de 40 dias e noites. Ambos passam esse tempo em isolamento: Noé dentro da arca, aguardando o fim do dilúvio, e Moisés nas alturas do Monte Sinai, recebendo a Lei. Nesse sentido, Moisés surge como um Novo Noé, mas com um papel superior — ele não apenas preserva a vida, mas conduz o povo à libertação e à aliança com Deus. Ao que parece, Deus gosta de contar histórias usando paralelismos.

Contudo, Moisés não é o fim da história. Seu papel como salvador aponta para alguém ainda maior, um paralelo ainda mais importante: Jesus, o Salvador definitivo. Ele foi batizado no Jordão, marcando o início de Sua missão, e na sequência ficou no deserto por 40 dias. Mais ainda, Jesus é a verdadeira "teva", a arca que protege os que estão Nele da condenação eterna. Noé salvou uma família. Moisés salvou uma nação. Jesus salvou o mundo. A revelação de Deus na história é progressiva, e Jesus é o ponto máximo da revelação.

Houveram dois decretos sangrentos assinados para a destruição de todos os meninos que nasciam aos hebreus. Assim foi no nascimento de Moisés, e assim foi no nascimento de Jesus. O cesto de Moisés e a manjedoura de Cristo nos mostram a humildade e a providência de Deus, mesmo nas situações mais adversas. Em ambos os casos, a graça de Deus operou de maneiras inesperadas, usando o que é simples para realizar o extraordinário.


Moisés era um levita.Precisamos lembrar que Jacó deixou Levi sob marcas de desgraça (Gn 49.5). No entanto, Moisés aparece como um descendente dele, para que pudesse tipificar a Jesus, que veio em semelhança de carne de pecado e se fez maldição por nós. Com a chegada do mediador do pacto, Levi tem sua sorte mudada.


Durante três meses Anrão e Joquebede precisaram esconder Moisés sob o risco de suas próprias vidas, tipificando Cristo, que, em sua infância, foi escondido por José e Maria também no Egito (Mateus 2.18), e foi extraordinariamente preservado, enquanto muitos inocentes foram mortos. No quadro dos heróis da fé, o autor de Hebreus (cap 11:23) menciona os pais de Moisés que, pela fé, não temeram o decreto do rei. E podemos pensar na fé de José e Maria que demonstraram obediência e fé ao fugir para o Egito conforme a orientação divina, numa longa viagem com uma criança recém nascida (Mateus 2:13-15). Ambos os casais confiaram em Deus em meio à perseguição mortal contra seus filhos, agindo com coragem para salvá-los.


Como o texto deixa claro, Moisés é um nome egípcio dado pela filha do Faraó. E uma vez que os Evangelhos foram escritos em grego, o Filho de Deus também recebeu um nome gentilico, que é “Iesus”, a semelhança de Moisés. Moisés, sendo o grande legislador judeu, ter um nome egípcio é uma indicação aos gentios (povos não judeus), que há uma esperança para o futuro, conforme foi profetizado quando o próprio Deus dirá “Bendito seja o Egito, meu povo [...] e Israel, minha herança” (Isaías 19.25).


E por fim, Moisés não foi reconhecido pelo seu próprio povo, mesmo depois de se sacrificar e se colocar em risco por eles, o hebreu lhe questionou: "Quem o nomeou líder e juiz sobre nós?”. Jesus também abrindo mão do palácio celestial, se colocou em condição de servo, “veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11), e recebeu o mesmo questionamento dos líderes religiosos: "Com que autoridade estás fazendo estas coisas? Quem te deu esta autoridade?" (Lucas 20:2).


“Pela fé, Moisés, sendo homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado. Ele entendeu que ser desprezado por causa de Cristo era uma riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a recompensa. Pela fé, Moisés abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a ira do rei, pois permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” (Hebreus 11:24-27) 


*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia




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