sábado, 18 de outubro de 2025

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Jesus em Êxodo 6: O braço estendido de YHWH

Imagine que eu lhe diga em uma mensagem “Eu sou Lucas… para que toda cidade de São Paulo saiba que eu sou Lucas.. e todos saberão que eu sou Lucas..”. Imagine que eu repita isso 161 vezes. Isso não teria sentido nenhum. Não só pelo fato de eu não ser alguém realmente importante, mas também porque o meu nome não tem significado. Imagine agora, que um certo macedônico diga em seu discurso “Eu sou Alexandre o Grande… para que todas as ilhas gregas saibam que eu sou Grande.. e todos saberão que eu sou Grande.. Eu sou Grande”. Ainda soa exagerado por ser um simples ser humano, claro, mas faz muito mais sentido porque se trata de um “nome” (Grande) que tem um significado. Assim o nome de Deus (YHWH) deveria ser encarado, o nome de Deus não é uma “chave secreta” que uma vez dita podemos manipular a divindade, assim como os povos gentios faziam. Mas toda vez que clamamos por YHWH, deveríamos lembrar e refletir no significado do nome “EU SOU O QUE SOU”. Assim também acontece com o nome de Jesus, que alguns usam como uma “palavra mágica”, mas o nome de Jesus também tem um significado que é “YHWH Salvador”. O nome não nos foi dado como um amuleto, mas aponta para nós quem Deus É. O nome YHWH e o nome de Jesus servem para nos lembrar, por exemplo, com quem estamos falando quando oramos a Ele. Devemos considerar e refletir nesse nome. Porque tanto na antiga quanto na nova aliança, o nome revelado tem um significado. E mais importante que O Nome é a quem esse Nome se refere. O Nome de Deus/Jesus é uma dica de quem Deus/Jesus é.


Existe uma discussão em torno do verso 3, porque em Gênesis, Deus se revela aos patriarcas pelo nome YHWH. O idioma hebraico permite mais de uma interpretação neste verso. Mathew Henry, por exemplo, afirma que os patriarcas conheciam o nome de YHWH, mas neste caso não o conheciam por aquilo que este nome significa, até porque Deus revelou o significado apenas com Moisés na sarça ardente. Outra possível explicação seria que Moisés recontou a história de Gênesis em um idioma diferente do idioma que Deus falou com os patriarcas, e portanto YHWH em Gênesis teria sido uma tradução de Moisés. Outra possibilidade é defendida pelo doutor Augustus Nicodemus, de que a melhor tradução seria uma pergunta reflexiva “acaso pelo meu nome, YHWH, não me revelei a eles?”. Seja como for, o objetivo do texto é mostrar que Deus agora desejava ser conhecido pelo seu nome, YHWH, o SENHOR, como um Deus que realiza o que promete, e um Deus que aperfeiçoa o que começou, que termina o seu trabalho. Na história da criação, Deus é chamado de YHWH só após os céus e a terra estarem terminados (Gênesis 2.4). Assim como YHWH se revelou de uma nova maneira (mais completa) a Moisés, diferente da revelação anterior aos patriarcas, Jesus também se revela de forma plena e mais completa do que aconteceu em qualquer momento anterior.


Os israelitas estavam tão dominados pela opressão que não deram ouvidos ao mediador do Pacto. Isso também aconteceu com Jesus, o mediador do novo pacto. A opressão do império romano era tão alta que a expectativa de um libertador militar que vencesse as tropas romanas, contribuiu para uma rejeição de Jesus. Assim como Moisés, Jesus enfrenta rejeição e incredulidade por parte dos israelitas, apesar de seus ensinamentos e milagres.
Essas histórias compartilham um tema comum, os mensageiros divinos são rejeitados por aqueles a quem foram enviados para salvar, destacando a ideia de que a libertação e a redenção frequentemente encontram resistência, mesmo entre aqueles que mais se beneficiariam delas. O Evangelismo e o campo missionário muitas vezes parece essa missão impossível, parece impossível libertar as pessoas dos vicios, da imoralidade, das falsas religiões, conceitos errados sobre Deus, dos hábitos errados e pecados de uma vida inteira… parece impossível, e é mesmo. Só pelo braço do Senhor que serão libertos da escravidão do pecado. Quando saímos para evangelizar precisamos ter isso em mente, senão vamos desanimar como Moisés. "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8:36).


Em Apocalipse um novo Êxodo é descrito. O mundo todo se tornou um grande Egito (ou uma grande Babilônia). O Cordeio abre os selos, e assim desenrola os planos de Deus para o mundo. Qual a consequência imediata? A perseguição dos santos. As testemunhas de Jesus, a sua igreja, tem saído pelo mundo dizendo “Assim diz YHWH: Arrependam-se dos seus pecados e creiam em Jesus e no Evangelho”. Mas não será por nossa força ou persuasão humana, mas pelo Poder do Senhor dos Exércitos.


“Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento.” (Êxodo 6:6)

Jesus resgatou-nos com seu braço estendido na cruz. A salvação do povo de Deus foi vista por todos quando o braço estendido e a mão forte de YHWH foram pregados no Calvário. Mas o povo da aliança só será totalmente livre da crueldade e de todos os seus efeitos, quando Cristo voltar e julgar o mundo, com pragas, ferindo a Terra e seus moradores com sinais e prodigios. O que lemos em Êxodo é um protótipo, uma amostra da realidade futura, um pequeno Apocalipse.


A genealogia de Moisés e Arão, nos é apresentada para não deixar dúvidas que, o profeta e o sacerdote, ambos eram israelitas, osso dos mesmos ossos e carne da mesma carne, nascidos entre seus próprios irmãos, como Cristo também seria, pois Ele também seria o profeta e o sacerdote do povo de Israel, e cuja árvore genealógica também seria, como esta, cuidadosamente preservada.


Note algo incomum na linhagem de Coate, de quem deriva a linhagem de Moisés e Arão e todos os sacerdotes: Ele era um filho, não primogênito, de Levi  (v. 16). Mais uma vez a benção de Deus não segue os padrões humanos, assim como a nova aliança em Cristo, que supera e se diferencia das antigas tradições, costumes e leis, apontando para uma nova ordem onde todos são convidados e podem receber a graça divina, independentemente de seu status ou nascimento.


Aquele que vai ser o sumo-sacerdote, Arão, casou-se com Eliseba. O interessante é que Eliseba é o mesmo nome da esposa de Zacarias (sacerdote descendente de Arão) no Novo Testamento. Isabel e Zacarias são parentes de Maria. Maria tem o mesmo nome de Miriã, parente de Arão. Eliseba é filha de Aminadabe, um dos chefes dos patriarcas da tribo de Judá (A mesma tribo da sua prima Maria, mãe de Jesus). O Evangelho de Lucas está nos contando de um novo Moisés, que é Cristo, e de um novo Êxodo que está em curso.


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Jesus em Êxodo 5: Sereis Açoitados

É bem comum que quando a polícia ou um determinado governo começa a fazer um bom trabalho no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, as facções criminosas percebem que seus negócios estão sendo estrangulados, e reagem fazendo abordagens mais violentas para manter seu controle e resistir à pressão. Não é estranho que neste momento a população reclame. Às vezes precisa piorar por um momento para realmente melhorar.

Foi assim com Moisés e Arão, que foram até Faraó para pedir a libertação de Israel, mas Faraó respondeu com dureza, rejeitando o pedido e aumentando a opressão sobre os hebreus.


"Moisés e Arão foram falar com o faraó e disseram: Assim diz YAHWEH, o Deus de Israel: ‘Deixe o meu povo ir para celebrar-me uma festa no deserto’ ". O faraó respondeu: "Quem é YAHWEH, para que eu lhe obedeça e deixe Israel sair? Não conheço YAHWEH, e não deixarei Israel sair".


Como resposta ao pedido de Moisés, Faraó torna o trabalho dos hebreus ainda mais difícil, exigindo que produzam a mesma quantidade de tijolos sem fornecer palha.


Os israelitas reclamam com Moisés, pois a situação piorou depois de seu pedido a Faraó. Moisés, por sua vez, questiona a Deus sobre a aparente piora da situação.

Apesar da rejeição de Faraó e do sofrimento do povo, Deus tem um plano maior de libertação que passa inclusive pela rejeição e endurecimento dos impios.


Assim como no período de Moisés, nos tempos de Cristo o poder político e o poder religioso estavam ligados. Jesus confronta os líderes religiosos da sua época, especialmente os fariseus e os sacerdotes do templo, que rejeitam sua mensagem e endurecem seus corações contra Ele (Marcos 11:27-33). Os líderes religiosos, ao verem o impacto do ministério de Jesus, intensificam seus planos para prendê-lo e matá-lo (João 11:47-53). Da mesma forma que Faraó endurece seu coração contra Moisés, os fariseus e saduceus endurecem seus corações contra Jesus.


Muitos seguidores de Jesus esperavam uma libertação política imediata de Israel, e quando isso não aconteceu, alguns se frustraram (João 6:66). Até mesmo os discípulos ficaram desanimados com a crucificação de Jesus antes de entenderem sua ressurreição (Lucas 24:21). A crucificação de Jesus também parece uma derrota, mas é justamente o meio pelo qual Deus trará a redenção definitiva. O aumento da opressão no Egito precede a grande libertação do Êxodo, assim como a rejeição e a crucificação de Jesus precedem a vitória da ressurreição e a libertação do pecado.

Assim como Moisés, o mediador do antigo pacto, também participa do sofrimento do povo (Êxodo 5:4), se tornando um como eles. Jesus, o mediador do novo pacto, também participa da perseguição do seu povo, vemos isso quando Paulo perseguia a igreja e Jesus lhe diz “Saulo, Saulo, porque me persegues?” (Atos 9:4-5)


Respondendo a pergunta de Faraó; “Quem é Yahweh?:” Yahweh é Jesus de Nazaré. Ele é Yahweh. É certo que Faraó olhou aquele povo pobre, fraco e escravizado e pensou que poderia medir o poder de Deus baseado no poder do povo. Mas é um engano enorme se tratando de Yahweh. Pois um Deus tão misericordioso como Jesus de Nazaré, escolhe justamente o pobre, o aflito e o nescessitado para ser o seu Deus e eles serem o seu povo.


“Acautelai-vos; pois vos entregarão aos concílios e às sinagogas; sereis açoitados, e sereis postos à prova diante de governadores e reis, por minha causa, para lhes servir de testemunho. Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações. Quando, pois, vos levarem para vos entregar, não vos preocupeis de antemão com o que haveis de falar; mas dizei o que vos for dado naquela hora; porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e os filhos se levantarão contra os pais e os matarão. E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.” (Marcos 13:9-13:)


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18:50 - No comments

Jesus em Êxodo 4: Ide por todo o Egito

Moisés já estava a 40 anos morando em Midiã quando Deus falou com ele da sarça ardente. Deus está enviando Moisés de volta para o Egito para que seja sua testemunha primeiro diante dos israelitas e depois diante dos egípcios (gentios). Ele deveria testemunhar o ocorrido e mediante a isso exigir dos seus ouvintes um posicionamento diante da palavra que Deus lhe entregou naquele monte.

Moisés diz para Deus “eles não vão acreditar em mim, nem ouvirão o que vou dizer”. O Eterno, YHWH, diz para Moisés realizar alguns sinais entre eles para que creiam. Os sinais e milagres seriam uma forma de validar a mensagem de Moisés.

Moisés diz literalmente “Ah, meu Senhor! Envia, rogo-Te, pela mão daquele a quem Tu hás de enviar” (Êxodo 4:13). Repare com atenção: Moisés pede que Deus liberte o povo pela mão de alguém, alguém que ele já sabia que Deus iria enviar, e que obviamente não era o próprio Moisés. Parece uma forte evidência de que Moisés já tinha o conceito de um Messias prometido mesmo antes da Lei ser entregue no monte Sinai, ele sabia que Deus enviaria um outro salvador para o povo de Israel.


1500 anos depois, em um outro monte, Deus aparece de novo, mas não numa sarça ardente, mas numa visão ainda mais gloriosa: o corpo de Jesus ressuscitado. Jesus aparece aos seus discípulos e ao final de 40 dias envia eles por todo o mundo para serem suas testemunhas. Os milagres seriam novamente uma forma de validar a mensagem que eles deveriam entregar para as pessoas, primeiro aos judeus e depois aos gentios: 


 "Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados".


O primeiro sinal seria o cajado de Moisés se transformando em serpente (a serpente era curiosamente o símbolo do poder dos Faraós), e ao pegá-la pela cauda (a parte mais perigosa) ela se transformava em vara. Deus com esse sinal demonstra que tem poder sobre o império de Faraó, e tem poder para livrar seu povo, assim como exige de Moisés confiança com esse ato. Jesus parece usar essa linguagem, para mostrar que tem poder inclusive sobre o império das trevas, ao dizer aos seus discipulos "Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará mal algum." (Lucas 10:19). O profeta Isaías trata o cajado de Moisés como o Braço do Senhor (Is 63:11-14), um símbolo do próprio Cristo (Is 53:1). E aqui está o mistério mais profundo: Deus faz o cajado (que simboliza o Seu próprio braço, o Messias) assumir a forma da serpente, o mesmo símbolo do pecado e da maldição, para depois de ter vencido a serpentes do Egito retomar sua forma de autoridade. Assim também “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Jesus, o “braço do Senhor”, mesmo sem nunca ter pecado, tomou sobre si os nossos pecados (a serpente) para vencer o próprio poder do pecado.


Outros sinais são dados para Moisés: o sinal da cura da lepra (mostrando que Deus tem poder tanto para curar e como para fazer adoecer) e o sinal da água do Nilo se transformar em sangue (O Nilo era considerado uma fonte de vida e estava associado a várias divindades egípcias. Ao transformar a água em sangue, Deus desafia diretamente a religião e as crenças dos egípcios, mostrando que Ele é superior a qualquer deus que eles adoram). Este milagre também serviu como um sinal preliminar das maravilhas e dos juízos que Deus executaria contra o Egito.


Moisés não se achava preparado para esta missão por não ter habilidade de falar e se comunicar bem. A resposta de Deus para Moisés é muito parecida com a que Jesus diz para os seus discípulos: “não vos preocupeis quanto à maneira que deveis responder, nem tampouco quanto ao que tiverdes de falar. Porquanto, naquele momento, o Espírito Santo vos ministrará tudo o que for necessário dizer” (Lucas 12:11-12). Deus frequentemente escolhe mensageiros sem muitas aptidões para que a sua graça neles possa evidenciar-se ainda mais gloriosa. O sucesso da sua obra independe de qualquer capacidade humana.


Essa grande comissão é atribuída também à Arão. “Melhor é serem dois do que um” (Eclesiastes 4.9). Arão era irmão de Moisés. O afeto natural que tinham um pelo outro, os fortaleceria mutuamente na execução conjunta da sua comissão. Jesus também enviou os seus discípulos de dois em dois, e alguns dos pares eram compostos por irmãos.

Arão sabia falar bem, e Moisés era sábio. Jesus distribui diferentes dons de maneira variada dentro de sua igreja, para que possamos atender a necessidade que temos, uns dos outros, e para que todos possam contribuir com alguma coisa para o bem do corpo. (1 Coríntios 12.21). Na igreja de Cristo, só Cristo é autossuficiente, os demais precisam uns dos outros.

Duas testemunhas vão para o Egito anunciar a palavra do Senhor, para que pelas suas bocas toda palavra seja confirmada. (Mateus 18:15-17), prontas para realizar sinais e prodígios, e ferir a terra do Egito. Tanto o profeta Zacarias (cap 4) como o apóstolo João (Apocalipse 11) retratam o povo de Deus como duas testemunhas, que representam a igreja de Cristo, composta de judeus e gentios.


“Darei autoridade às minhas duas testemunhas para que profetizem [...] São estas as duas oliveiras e os dois candelabros que estão em pé diante do Senhor da terra. Se alguém pretende causar-lhes dano, da boca dessas testemunhas sai fogo e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente deve morrer. Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para transformá-las em sangue, bem como para ferir a terra com todo tipo de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.”  (Apocalipse 11:3-6)


Assim como Moisés e Arão, a igreja de Cristo recebeu um poder extraordinariamente grande. Mas assim como Moisés e Arão, esse poder não vem de nós mesmos, ele é do Senhor, ele é um validador público da mensagem. Os sinais validam a nossa mensagem, portanto os sinais apontam para a Palavra do Senhor. Ou seja, a mensagem do Evangelho que tira as pessoas do Egito espiritual é onde deve estar o nosso foco. Tamanho poder é uma demonstração da autoridade recebida, mas ela é subordinada a Deus. Moisés não poderia usar estes sinais para nenhum outro fim ou com nenhuma outra intenção, senão para aquele propósito que o próprio Senhor estabeleceu. Sem Deus, Moisés e Arão nada podem fazer (João 15:5).


Deus manda um recado para Faraó através de Moisés, dizendo “assim diz o Senhor: Israel é o meu primeiro filho, e eu já lhe disse que deixe o meu filho ir para prestar-me culto. Mas você não quis deixá-lo ir; por isso matarei o seu primeiro filho!".

Da mesma maneira como os homens lidam com o povo de Deus, devem esperar ser tratados. Algumas pessoas estranham o fato de Israel ser chamada de primogênito de Deus, se Jesus também é chamado de primogênito de Deus (Colossenses 1:15/Romanos 8:29/Hebreus 1:6/Apocalipse 1:5). Há pelo menos duas possibilidades para entender esse texto:

1) Pelo relato das Escrituras (Mateus 2:15 ou Isaías 53 por exemplo), podemos perceber que algumas vezes Jesus e Israel se confundem. Precisamos entender que muitas promessas da plenitude de Israel se cumprem em Jesus. Ele é o israelita por excelência. Ele é o retrato, a imagem do que Israel deveria ser. A função de Israel era ser uma luz para as outras nações, o que rarissimas vezes aconteceu. Mas quando Jesus reconcilia o mundo com Deus, pode-se dizer que é Israel reconciliando o mundo com Deus. Quando Jesus espalha o conhecimento da Lei e dos Profetas por todo o mundo gentil, é o Messias judeu fazendo, logo é Israel sendo luz para as nações (por meio do seu representante legitimo; Jesus). 

 
2) Conforme falamos no último capítulo, há base suficiente para entender que era o próprio Jesus que estava falando através da sarça ardente.Sendo assim, inicialmente o ministério de Jesus deu-se apenas para os judeus, depois expandiu-se para os gentios. (Mateus 10:5-6).  Israel é o primeiro povo no qual Jesus começou seu projeto de redenção, sendo assim não seria extranho Jesus chamar Israel de seu primogênito.  


“Eu, o SENHOR, o chamei para demonstrar a minha justiça. Eu o protegerei e sustentarei. Você vai ser o mediador do novo trato que farei com o meu povo e uma luz para guiar os outros povos até mim. (Isaías 42:6)


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quarta-feira, 5 de março de 2025

18:00 - No comments

Jesus em Êxodo 3: O Verbo se fez Carne... e Substantivo

Moisés pastoreava ovelhas quando Deus o convocou para ser pastor de homens, semelhante a Davi (Salmos 78.71). E de forma análoga, Jesus convocou pescadores para se tornarem pescadores de homens. (Mateus 4:19). A mesma voz que convocou um pastor do deserto para ser o fundador da igreja do antigo testamento, depois convocou pescadores de seus barcos, para serem os fundadores da igreja do novo testamento.


O “Anjo de YHWH” ou ainda “Anjo YHWH” (maVak YHWH) apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça, que não se consumia. Deus diz para Moisés não se aproximar porque aquele lugar era terra santa. O Anjo do SENHOR estava na sarça, mas como em outros textos da escritura, esse Anjo é diferente dos outros anjos, sempre ele aparece na Bíblia de maneira intrigante, porque ele fala como se fosse o próprio Deus. E sempre que ele aparece fica aquela dúvida: É um anjo de Deus ou é o próprio Deus? Muito diferente dos outros anjos. Ele é Deus visivel para nós. Diferente de Deus, mas ainda é Deus.


Se o Anjo do Senhor é chamado de YHWH (ou Yahweh) pela Torá, qual impedimento teríamos de dizer que o Filho único de Deus é YHWH? Ele é Deus visivel para nós. Diferente de Deus Pai, mas ainda é Deus.


Esse anjo-pessoa tem características reais: exerce autoridade, exige obediência e decreta ordens. Fala como soberano tanto do Egito como de Israel. Exige humildade em sua presença. Expressa uma preocupação de pastor para com seus súditos; ele os ouviu e respondeu ao seu clamor. Ele liberta seu povo ao mesmo tempo que faz o julgamento dos opressores. Ele protege os escravos e provê para eles. Ele é compassivo e pode demonstrá-lo em virtude de sua autoridade e poder. A conclusão é inconfundível: ele tem todas as características que se espera de uma figura messianica considerado do ponto de vista espiritual, moral, econômico, político ou militar. A expressão maVak yhwh no sentido mais estrito é realmente messiânica — ele é o Messias em manifestações pré-encarnadas.

Este fogo não estava em um cedro alto e majestoso, mas em uma sarça, um arbusto com espinhos (este é o significado da palavra hebraica). Porque Deus escolhe os fracos e despreza as coisas altivas do mundo (assim como Moisés, que agora era um pobre pastor de ovelhas), para com eles confundir os sábios. Segundo Tito Flávio Clemente, conhecido como Clemente de Alexandria (150-215 d.C.), haveria conexão entre esses espinhos da Sarça e a coroa de espinhos que Jesus recebeu em sua crucificação, algo que indicaria o sofrimento humano (advindo da maldição de Gênesis 3:18, que diz que a terra produziria espinhos) e a presença redentora de Deus (na qual Cristo carrega essa maldição sobre si). .

Deus diz para Moisés não se aproximar porque ali era terra santa. A cena é um protótipo do que seria o tabernáculo, uma pessoa da tribo de Levi se aproximando da terra santa onde Deus estava presente, e a sarça que não se consumia prefigurando o candelabro, cuja luz não se apagava. 

Deus se apresenta dizendo “Eu Sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó!”. O SENHOR JESUS usou justamente esse trecho para responder os saduceus (que não acreditavam na ressurreição), deixando-os sem resposta ao comentar “Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mateus 22:32, Marcos 12:27 e Lucas 20:38). Pois Deus não disse que “era” o Deus de Abrãao, Isaque e Jacó, mas disse “eu sou” no presente. Um pequeno detalhe que deixa claro a realidade da ressurreição e a precisão do texto bíblico até nos mínimos detalhes.

E chegando ao clímax do texto, Moisés pergunta o nome de Deus. E Deus responde “Eu sou o que Sou”, ou se formos mais técnicos a tradução seria “Eu Serei o que Serei”. Segundo o professor e hebraísta Luiz Sayão, coordenador da tradução NVI, o sentido é “Eu escolherei ser aquilo que Eu decidir”. Diferente dos ídolos egipcios, onde aqueles que tinham acesso ao nome do ídolo ganhava um certo controle sobre a divindade, o Deus de Israel é Soberano e deixa claro que não pode ser controlado por ninguém. Nas palavras de CS Lewis “Ele não é um leão domesticado”.
Dessa expressão “Eu Sou o que Sou” ou “Eu Serei o que Serei”, que se forma o tetragrama YHWH (יהוה). que é uma forma derivada do verbo "ser" em hebraico. O verbo Ser transformado em substantivo, isto é, o nome de Deus.

Alguns capítulos mais tarde, YHWH promete enviar o “Anjo do Senhor” para conduzir seu povo, e diz que Nele habitava seu Nome:

"Enviarei um anjo à sua frente para protegê-los ao longo da jornada e conduzi-los em segurança ao lugar que lhes preparei. Prestem muita atenção nele e obedeçam as suas instruções. Não se rebelem contra ele, porque não perdoará sua rebeldia, pois nele está o meu Nome." (Êxodo 23:20-21)


O nome de Jesus em hebraico "Yeshua" (ישוע) uma abreviação de "Yehoshua" (יהושע) carrega dentro de si o tetragrama YHWH (יהוה), simbolizando que Jesus carrega em si a essência de Deus. O nome de Jesus literalmente significa "YHWH é salvação" ou “A Salvação pertence a YHWH”. Implicitamente liga os conceitos de Deus como salvador e redentor através de Jesus. E de fato, em JESUS está o nome de DEUS.

YHWH se fez carne e habitou entre nós, e o conhecemos como Yeshua (Jesus). Como um novo Êxodo, YHWH novamente diz “Desci para livrá-lo” (v. 8), não mais numa sarça no deserto, mas agora numa humilde manjedoura. O Verbo novamente se fez Substantivo (Jesus), mas não apenas isso, se fez carne também.

Mas o Deus Eterno, cujo universo inteiro não pode o conter, poderia se tornar um simples ser humano? A resposta está no seu próprio nome “Eu escolherei ser aquilo que Eu decidir”.

“E toda a língua confesse que Jesus Cristo é YHWH, para glória de seu Pai Elohim” (Filipenses 2:11)

“Ninguém pode dizer: "Jesus é YHWH", a não ser pelo Espírito Santo” (1 Corintios 12:3) 


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Jesus em Êxodo 2: O Cesto e a Manjedoura

Os judeus do passado já percebiam ao ler o capítulo 2 de Êxodo, que existe um paralelo evidente entre Noé e Moisés. Ambos são apresentados como figuras salvadoras em momentos críticos da história do povo de Deus. Ambos flutuam na água em uma "teva" — uma palavra hebraica usada tanto para a arca de Noé quanto para o cesto de Moisés. Em ambos os casos, a "teva" é impermeabilizada com piche, representando proteção divina em meio às águas, que tanto simbolizam juízo quanto salvação.

A relação entre água e o salvador é significativa. Noé é salvo para preservar a criação da destruição, enquanto Moisés é salvo para libertar o povo de Israel da escravidão no Egito. Paralelamente, há outros elementos que conectam suas histórias, como o período de 40 dias e noites. Ambos passam esse tempo em isolamento: Noé dentro da arca, aguardando o fim do dilúvio, e Moisés nas alturas do Monte Sinai, recebendo a Lei. Nesse sentido, Moisés surge como um Novo Noé, mas com um papel superior — ele não apenas preserva a vida, mas conduz o povo à libertação e à aliança com Deus. Ao que parece, Deus gosta de contar histórias usando paralelismos.

Contudo, Moisés não é o fim da história. Seu papel como salvador aponta para alguém ainda maior, um paralelo ainda mais importante: Jesus, o Salvador definitivo. Ele foi batizado no Jordão, marcando o início de Sua missão, e na sequência ficou no deserto por 40 dias. Mais ainda, Jesus é a verdadeira "teva", a arca que protege os que estão Nele da condenação eterna. Noé salvou uma família. Moisés salvou uma nação. Jesus salvou o mundo. A revelação de Deus na história é progressiva, e Jesus é o ponto máximo da revelação.

Houveram dois decretos sangrentos assinados para a destruição de todos os meninos que nasciam aos hebreus. Assim foi no nascimento de Moisés, e assim foi no nascimento de Jesus. O cesto de Moisés e a manjedoura de Cristo nos mostram a humildade e a providência de Deus, mesmo nas situações mais adversas. Em ambos os casos, a graça de Deus operou de maneiras inesperadas, usando o que é simples para realizar o extraordinário.


Moisés era um levita.Precisamos lembrar que Jacó deixou Levi sob marcas de desgraça (Gn 49.5). No entanto, Moisés aparece como um descendente dele, para que pudesse tipificar a Jesus, que veio em semelhança de carne de pecado e se fez maldição por nós. Com a chegada do mediador do pacto, Levi tem sua sorte mudada.


Durante três meses Anrão e Joquebede precisaram esconder Moisés sob o risco de suas próprias vidas, tipificando Cristo, que, em sua infância, foi escondido por José e Maria também no Egito (Mateus 2.18), e foi extraordinariamente preservado, enquanto muitos inocentes foram mortos. No quadro dos heróis da fé, o autor de Hebreus (cap 11:23) menciona os pais de Moisés que, pela fé, não temeram o decreto do rei. E podemos pensar na fé de José e Maria que demonstraram obediência e fé ao fugir para o Egito conforme a orientação divina, numa longa viagem com uma criança recém nascida (Mateus 2:13-15). Ambos os casais confiaram em Deus em meio à perseguição mortal contra seus filhos, agindo com coragem para salvá-los.


Como o texto deixa claro, Moisés é um nome egípcio dado pela filha do Faraó. E uma vez que os Evangelhos foram escritos em grego, o Filho de Deus também recebeu um nome gentilico, que é “Iesus”, a semelhança de Moisés. Moisés, sendo o grande legislador judeu, ter um nome egípcio é uma indicação aos gentios (povos não judeus), que há uma esperança para o futuro, conforme foi profetizado quando o próprio Deus dirá “Bendito seja o Egito, meu povo [...] e Israel, minha herança” (Isaías 19.25).


E por fim, Moisés não foi reconhecido pelo seu próprio povo, mesmo depois de se sacrificar e se colocar em risco por eles, o hebreu lhe questionou: "Quem o nomeou líder e juiz sobre nós?”. Jesus também abrindo mão do palácio celestial, se colocou em condição de servo, “veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11), e recebeu o mesmo questionamento dos líderes religiosos: "Com que autoridade estás fazendo estas coisas? Quem te deu esta autoridade?" (Lucas 20:2).


“Pela fé, Moisés, sendo homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado. Ele entendeu que ser desprezado por causa de Cristo era uma riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a recompensa. Pela fé, Moisés abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a ira do rei, pois permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” (Hebreus 11:24-27) 


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Jesus em Êxodo 1: 400 anos de silêncio


O livro de Gênesis termina com a morte de José. E logo no início, o livro de Êxodo nos diz que, depois da morte de José, “os filhos de Israel foram férteis, e aumentaram muito, e se multiplicaram, e grandemente se fortaleceram, de maneira que a terra se encheu deles”.

José, sendo um símbolo que prefigura o Messias, já antecipava o que havia de acontecer depois da morte de Cristo. Depois da morte de Cristo, o Israel de Deus (a Igreja) começou a aumentar de forma gigantesca, de maneira que a Terra se encheu do povo da Aliança. A morte de Jesus foi como semear um grão de trigo, que, morrendo, dá muito fruto (João 12.24). “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos” (Atos 6:7). Este aumento extraordinário foi o cumprimento da promessa feita muito tempo antes, aos pais, desde o chamado de Abraão, quando Deus lhe disse pela primeira vez que faria dele uma grande nação e multidões de nações.

“Todavia, quanto mais eram oprimidos, mais numerosos se tornavam e mais se espalhavam” (Êxodo 1:12), e esse crescimento em meio à dura perseguição também aconteceu com a igreja cristã do primeiro século: "Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria. [...] mas os que foram dispersos iam por toda parte, anunciando a palavra." (Atos 8:1, 4). Em ambos os casos, tanto no Israel do Êxodo quanto na Igreja do livro de Atos, o povo de Deus cresceu de modo que parecia uma ameaça aos donos do poder político, que, sentindo-se ameaçados, perseguiram e oprimiram o povo de Deus. Ainda hoje, 3500 anos depois, continua sendo política dos perseguidores difamar o Israel de Deus como um povo perigoso, nocivo, em quem não se deve confiar, nem tolerar, para que possam ter algum pretexto para o tratamento bárbaro que lhes destinam (Esdras 4:12; Ester 3:8).

Com a morte de José, uma nova figura surgirá para prefigurar o Messias. Um novo profeta governará o povo de Deus. Mas desde a morte de José até o nascimento de Moisés, o mediador do antigo pacto, temos um período de 400 anos. E, curiosamente, desde o último profeta do Antigo Testamento até o nascimento de Jesus (o mediador do novo pacto), temos também um período de 400 anos. Em ambos os casos, não há registro ou indícios de que Deus tenha dado alguma revelação ou se comunicado por sonho, visão ou profetas. Nos 400 anos depois da morte do profeta Malaquias e que antecederam o nascimento de Jesus, parecia que Deus estava em silêncio, conforme diz a tradição judaica registrada no Talmud (que não é um texto sagrado):

“Nossos Rabinos ensinaram: Desde a morte de Ageu, Zacarias e Malaquias, os últimos dos profetas, o Espírito Santo cessou de Israel.” (Sanhedrin 11a)

Nesse tempo, surgiram os apócrifos (livros não inspirados por Deus), houve um aumento do misticismo e um esoterismo emergente em Israel. Um dos apócrifos produzidos nessa época chega a mencionar que houve um período de grande aflição em Israel e menciona a ausência de profetas como parte dessa situação:

“Foi então grande a tribulação em Israel, qual nunca fora, desde o tempo em que cessaram os profetas de aparecer no meio deles.” (1 Macabeus 9:27)

Nos 400 anos de Israel no Egito, também aconteceu que muitos israelitas se uniram aos egípcios em seu culto idólatra e esotérico. Por essa razão, lemos na Escritura Sagrada (Jeremias 24:14) que eles serviram a outros deuses no Egito, a ponto de que Deus havia ameaçado destruí-los por causa disso (Ezequiel 20:8). De fato, “quando não há profecia o povo se corrompe” (Provérbios 29:18).

Assim, em ambos os períodos, tanto com Moisés, mas de forma ainda mais profunda com Jesus, Deus mostrou que, mesmo em tempos de aparente silêncio, Ele estava trabalhando para cumprir Suas promessas. Quando os tempos se cumpriram, Deus rompeu o silêncio de forma poderosa e inesperada, trazendo o mediador para restaurar a comunhão com Seu povo e reafirmar Seu pacto.

"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho" (Hebreus 1:1-2) 


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domingo, 4 de agosto de 2024

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Jesus em Gênesis 50: O Clímax da Graça


O livro do Gênesis que havia começado com a origem da luz e da vida, agora neste último capítulo termina com trevas e morte. Desde a entrada do pecado no mundo no capítulo 3, o livro de Gênesis se desenrola como uma espiral decrescente em que a humanidade vai se desenvolvendo no pecado e se profissionalizando em sua rebelião contra Deus. Mas Deus faz algumas intervenções nessa história. O dilúvio, o chamado de Abraão e a eleição de José são alguns exemplos da resposta de Deus num mundo caótico. Sendo bem genérico, Gênesis gasta 2 capítulos para falar da criação do mundo, no capítulo 3 o pecado entra no mundo, e o resto dos capítulos é contado a história da família de Jacó. A importância dessa família é evidente: por meio dela virá o descendente de Eva que resolverá o problema do pecado.


O patriarca Jacó é sepultado com as pompas e a honra de um chefe de Estado. Todos os seus filhos subiram para Canaã, os representantes de cada tribo de Israel juntamente com os egipcios (representante dos povos gentios). Jacó foi honrado pelos méritos de um de seus descendentes, que era José (um símbolo do Messias), e não por méritos próprios. Quando vemos as palavras de Isaías 60:1-12, vemos que de maneira análoga a nação de Israel seria honrada pelos povos gentios por causa do Messias, o Santo de Israel. Jesus trouxe honra para Israel assim como José trouxe honra para Jacó.


Com a morte de Jacó, os irmãos de José pensaram que José poderia se vingar agora que seu pai estava morto, mas José os tranquiliza e os assegura de que não os puniria, pelo contrário, os sustentaria no Egito. José, como um símbolo do Messias, nos mostra nessa atitude o que é agir com graça. Geralmente traduzimos a palavra “Graça” para o português como “favor imerecido”, mas na verdade é muito mais que isso. Favor imerecido é presentear alguém que não se esforçou pra receber aquela benção, isso é um favor imerecido, mas ainda não é Graça. Graça é abençoar quem merece maldição, é presentear quem merece castigo, é dar o céu pra quem não só não batalhou pelo céu mas também é digno do fogo do inferno. Graça é favor imerecido para quem merece o contrário. José demonstra graça com seus irmão, não apenas por não puni-los, mas ainda ao abençoá-los garantindo-lhes a provisão.

José reconhece que, apesar de seus irmãos terem planejado o mal contra ele, Deus transformou essa situação em algo bom, permitindo que José salvasse muitas vidas. Os versiculos 19 ao 21 são o resumo e o clímax da história de José e o alge do livro de Gênesis: só Deus pode perdoar pecado e cobrir a culpa do homem pecador, e a providência divina conduz tudo, tornando os maus propósitos dos homens em bem. Deus sabe escrever certo por meio das nossas linhas tortas. E a cruz é o maior exemplo disso.


E por fim José, antes de morrer, pede que seus ossos sejam transportados para a Terra Prometida. Os ossos de José seriam retirados do Egito por Moisés (Êx 13.19) e, mais tarde, foram sepultados em Siquém (Js 24.32).


Eles não deveriam ter esperanças de fixar-se ali, nem considerar o Egito como seu descanso final. Eles deveriam concentrar seus corações na terra da promessa, e chamá-la de seu lar. Pela fé José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos (Hebreus 11:22).


José depois de morto foi colocado em um caixão no Egito, mas não foi sepultado lá. Aqui está a última semelhança entre Jesus e José: Nenhum dos dois foram sepultados um ano depois da sua morte. No costume judaico, especialmente no primeiro século, somente no dia em que os ossos eram depositados nos ossuários de pedra, cumpria-se literalmente a expressão que dizia "o morto finalmente encontrou os seus mortos". E somente nesse dia, tinha-se cumprido o rito do sepultamento. Ou seja, a pessoa só era de fato sepultada por completo um ano depois da sua morte. Embora de forma tardia, o corpo de José foi sepultado alguns séculos depois. Mas no caso de Jesus, os estudiosos apontam como uma forte evidência da ressurreição de Jesus, pois ninguém realizou seu sepultamento um ano depois, porque obviamente não havia corpo para sepultar. 


Durante o período de peregrinação no Egito, os ossos de José se tornaram um símbolo da esperança do retorno para a Terra Prometida. E por meio da morte de Cristo, ao contemplarmos aquela cruz (agora vazia) e aqueles ossos não quebrados, Deus plantou a esperança do nosso retorno ao lar definitivo, a Terra Prometida, a Nova Jerusalém Celestial. Ainda não chegamos em casa. 

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