terça-feira, 8 de outubro de 2013

Kowloon: A maior favela vertical da História

Imagine um bairro com mais de trezentos edifícios, todos construídos sem um único arquiteto, com uns 15 andares na média, colados uns nos outros, entupidos de micro apartamentos, com a maior densidade populacional do planeta, onde reinava o crime e a clandestinidade, com péssimas condições de vida.
Isto existiu em Kowloon, bairro de Hong Kong, na China.

Cidade murada de Kowloon, como era conhecida, foi uma área densamente povoada e sem governo. Originalmente uma fortaleza militar chinesa, depois, em 1898 os territórios foram arrendados para o Reino Unido. Sua população aumentou drasticamente após a ocupação de Hong Kong pelo Império do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Chegou a ter algo em torno de 2 milhões de pessoas por quilômetro quadrado, simplesmente impensável. Nos seus últimos tempos possuía 406 mil habitantes que se amontoavam dentro de seu território de 0,3 km². De 1950 até a década de 1970, foi controlada por organizações criminosas chinesas, e tinha altos índices de prostituição, jogos de azar e uso de drogas.
Os prédios que estavam ficando tortos eram amarrados com cabos de aço em seus vizinhos.


Os terraços eram para os poderosos, chamados Íons. Eles podiam desfrutar do pulmão que é um terraço. Mesmo sendo um ar com cheiro de querosene, ainda é melhor que os apartamentos pequenos e sem janelas abaixo dele.

Após a Segunda Guerra Mundial, Kowloon tornou-se extremamente congestionada quando favelas de refugiados da recém-criada República Popular da China deu lugar a conjuntos habitacionais públicos, misturado com residenciais privados, áreas comerciais e industriais.
O desenvolvimento em grande escala de Kowloon começou no início do século XX, com a construção da Kowloon-Canton Railway e da Wharf Kowloon, mas devido a proximidade do Aeroporto Internacional Kai Tak, a construção do edifício foi limitada.
O Aeroporto Internacional Kai Tak serviu Hong Kong de 1925 a 1998 com uma única pista de 3.390 m de extensão (cabeceiras 13/31), um fator limitante para o principal aeroporto de um dos mais importantes polos comerciais do Extremo Oriente, sendo depois substituído pelo Aeroporto Internacional de Chep Lak Kok. Kai Tak foi um dos aeroportos mais famosos do mundo, e muito da sua fama devia-se ao fato de ter uma das pistas mais perigosas da aviação comercial. Possuía aproximação para o pouso fora do comum, devido a região montanhosa, era muito difícil alinhar a aeronave na pista, especialmente para os enormes aviões de carga que frequentavam a pista.
Por ser muito próximo ao aeroporto, algumas construções de Kowloon foram limitadas.


Em janeiro de 1987, o governo de Hong Kong anunciou planos para demolir a cidade. Depois de um árduo processo de despejo, a demolição começou em março de 1993 e foi concluída em abril de 1994. O Parque da cidade murada de Kowloon foi inaugurado em dezembro de 1995 e ocupa a área da antiga cidade murada. Alguns artefatos históricos do local, incluindo construções yamen e restos de seu portão sul, foram preservados. Foi considerada a maior favela vertical da história.

Todas as imagens aqui apresentadas ( exceto da pista do aeroporto, e da ilustração ), foram feitas pelo fotógrafo canadense Greg Girard, em colaboração com seu colega  Ian Lamboth, que passaram cinco anos de imersão  na cidade, fotografando, conhecendo e investigando o lugar.

Girard passou a maior parte de sua carreira na Ásia. Seu trabalho analisa as transformações físicas e sociais que ocorrem em toda a região.

Ele é representado por Monte Clark Gallery (Vancouver / Toronto) e também trabalha em missão para publicações como a revista National Geographic.

Abaixo estão algumas fotos do brilhante trabalho de Girard:
Cidadela Proibida veio a baixo, dando lugar para o Kowloon Park:



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