A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 13: O Peregrino
Abraão sai do Egito para a terra prometida, o mesmo percurso que centenas de anos mais tarde que Israel faria. A caminhada de Abraão prefigurava Israel, que por sua vez prefigurava o novo Israel, isto é, a igreja de Cristo. Saindo da terra do Egito, um lugar que simbolizaria a escravidão e o sofrimento (e que também não simbolizou coisas boas nem mesmo para Abraão e Sara), marcharam rumo à terra prometida. Assim como aconteceria com seus descendentes, Abraão recebe muitos presentes dos egípcios na sua saída. Essa caminhada pelo deserto é a mesma caminhada que cada crente faz em sua vida pessoal, libertos da escravidão e de todo julgo opressor, abandonamos a antiga vida e passando pelas águas do batismo, onde somos sepultados na morte de Cristo (representado pelo mar vermelho), caminhamos nessa vida rumo ao nosso lar definitivo nos céus, a terra que Deus nos prometeu. Similarmente aos 3 casos, onde encontramos esse interessante paralelismo (Abraão, Israel e a igreja), há uma quarta história com aspectos semelhantes, que foi a infância do próprio Jesus. Similarmente aos outros casos, Jesus (que ainda era bebê) foi levado para o Egito a fim de preservar sua vida, com a morte dos que queriam matá-lo, ele retorna para Israel (Mateus 2:13-23). Durante essa jornada alguns ficam pelo caminho e seguem outro rumo. Foi o caso de Ló. Quando Ló e Abraão se separam, fica claro que Ló é guiado pelo que os olhos veem, enquanto Abraão é guiado pela fé. Deus aparece para Abraão e diz “De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre.” (Gênesis 13:14,15). Eu já dei um spoiler, e os mais espertos já perceberam que existem algo a mais nessa promessa: No sermão de Estêvão, ele argumenta sobre Abraão que: “Deus não lhe deu nenhuma herança aqui, nem mesmo o espaço de um pé” (Atos 7:5). E de fato, a única terra que Abraão obteve como sua propriedade foi o túmulo que ele comprou, onde foi enterrado com Sara (Gênesis 23:16). Mas a promessa não dizia que essa terra prometida seria dada para Abraão (repare que não diz que Abraão conquistaria ou compraria, mas que Deus lhe daria)? Será que a promessa falhou? Deus promete também dar essa terra “ à sua descendência para sempre”. Poderíamos até dizer que Deus realmente cumpriu plenamente sua promessa dando a terra para a descendência de Abraão (Josué 21:43-45/ 1Reis 4:21/ Neemias 9:8), mas não foi “para sempre”. Cerca de 600 anos antes de Cristo, com a invasão da Assíria, as 10 tribos do Norte foram expulsas e nunca mais voltaram, anos mais tarde Judá e Benjamim também são expulsas. Da pequena parcela que retornou para Judá e Benjamim, são expulsos novamente da terra no ano de 70 dC pelos romanos, e eles ficam quase 2 mil anos longe da terra, retornando apenas em 1946, num território certamente muito menor do que era originalmente. Existem aqui duas possibilidades de interpretação do texto: Podemos seguir a linha tradicionalmente judaica de que essas profecias são literais e se referem aos filhos de Jacó, e portanto eles são os donos da terra. Mas o problema aqui é que assumir essa interpretação é inevitavelmente, frente aos fatos, admitir que a profecia falhou, e a palavra de Deus falhou. Falhou com Abraão (que nunca tomou posse literal da terra), e nunca se manteve de modo duradouro com os filhos de Jacó. O que nos leva pra única interpretação possível, que é: em Jesus a profecia foi plenamente cumprida. E isto foi parte da argumentação de Estevão quando este pregava Jesus aos judeus antes de ser apedrejado por eles. A descendência de Abraão é Cristo, e aqueles que foram filiados a Cristo são filhos de Abraão. Essa descendência se espalhou e dominou toda a terra. Onde quer que Abraão tenha visto e percorrido, há um cristão lá. E poeticamente podemos repetir que estes se tornaram “incontáveis como a areia da terra e como as estrelas no céu”. No livro do apocalipse, João recebe uma visão sobre os salvos por Jesus e descreve como uma multidão incontável. Abraão vai peregrinando até Betel, mas Deus não o deixa se estabelecer lá, mas o manda peregrinar por toda a terra. “Vá e percorra a terra em todas as direções, porque eu a dou a você” (Gênesis 13:17). Deus chamou Abraão para ser um peregrino na terra. Portanto a Canaã, nada mais era do que um símbolo da verdadeira “terra prometida”. Diferente de Ló, que escolheu a cidade mais rica apesar do pecado e das abominações daquele lugar, Abraão foi para o outro lado em busca da cidade onde a vontade de Deus é feita, a cidade celestial. Do mesmo modo, cada cristão caminha neste mundo como o pai Abraão caminhou, peregrino, sabendo que um dia Deus nos dará este mundo quando estabelecer aqui seu reino para sempre. Abraão peregrinou em Canaã, porque não era este o destino final: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque Abraão aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor. Pela fé, também, a própria Sara, apesar de não poder ter filhos e já ser idosa, recebeu poder para ser mãe, pois considerou fiel aquele que lhe havia feito a promessa. Por isso, também de um só homem, praticamente morto, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé. Não obtiveram as promessas, mas viram-nas de longe e se alegraram com elas, confessando que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, desejam uma pátria superior, isto é, celestial” (Hebreus 11:8-16)
*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia
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