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"Os Fogueteiros do bem"
Quem nunca sonhou, pelo menos enquanto criança, em
enviar foguetes ao espaço? Em estudar o que existe além do nosso
planeta? Muitos estudantes pensam nessas atividades sem nem imaginar que
existe uma profissão que pode realizar tudo isso: o engenheiro
aeroespacial. Agora, falando como gente grande para quem já tem de
decidir o futuro profissional, a profissão é mais possível do que parece
e faz parte de uma área em grande ascensão no Brasil.
Segundo o diretor de satélites, aplicações e
desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira, (AEB), Carlos Alberto
Gurgel Veras, a área envolve muito mais do que a criação de foguetes e
os lançamentos ao espaço. Existem duas linhas de formação: a engenharia
espacial e a aeronáutica. A primeira estuda tudo o que envolve satélites
e foguetes; a segunda é mais voltada ao estudo de aeronaves.
Durante o curso, uma área importante é a de materiais
avançados, essencial paras as duas linhas de formação. Os materiais
usados para construir tanto aviões quanto foguetes devem ser leves e
resistentes, pois o custo de lançamento de um satélite é influenciado
pelo seu peso: quanto mais pesado, mais ele precisa de combustível para
ser colocado em órbita; quanto maior o satélite, maior será o foguete
necessário para lançá-lo, custando mais. Também são estudados os
sistemas propulsivos, os motores dos foguetes e as turbinas da aviação.
Aprender como todos esses sistemas são controlados também é essencial,
pois esse conjunto é unido em um computador, que serve como um cérebro e
é controlado por um profissional. Quem quiser estudar a área precisa
gostar muito de matemática, química e física. Para Veras, entender de
todos esses assuntos é o que forma o perfil adequado do profissional
aeroespacial.
Para os já formados em profissões da área de exatas que
ainda pretendem entrar para o mundo espacial, existem cursos de
pós-graduação em instituições como o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Universidade Federal do ABC
(UFABC).
Veras indica que há uma falta de profissionais no
mercado, que cresce rapidamente. Com o apoio do Programa Ciências sem
Fronteiras e das principais agências espaciais do mundo, em 2013 e 2014 a
AEB coordenará a oferta de 300 bolsas de estudo nas diversas
modalidades da área, incluindo cursos e treinamentos em universidades,
instituições de pesquisa e empresas do exterior, de países líderes na
área espacial.
Os futuros engenheiros aeroespaciais da UFABC participam de competições de aerodesign, onde são criados protótipos de aeromodelos |
Universidades brasileiras
Com foco na área espacial, atualmente existem poucos cursos de graduação no Brasil, oferecidos pela Universidade do Vale do Paraíba (Univap), pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), pela Universidade Federal do ABC (UFABC), pela Universidade Federal de Santa Catarina Campus Joinville (UFSC - Joinville), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade de Brasília (UNB). Nos cursos são abordados assuntos relacionados a satélites, veículos lançadores (os foguetes) e até antenas de comunicação, que fazem parte do segmento terrestre.
Com foco na área espacial, atualmente existem poucos cursos de graduação no Brasil, oferecidos pela Universidade do Vale do Paraíba (Univap), pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), pela Universidade Federal do ABC (UFABC), pela Universidade Federal de Santa Catarina Campus Joinville (UFSC - Joinville), pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade de Brasília (UNB). Nos cursos são abordados assuntos relacionados a satélites, veículos lançadores (os foguetes) e até antenas de comunicação, que fazem parte do segmento terrestre.
Anteriormente a esses cursos de graduação, a maioria dos
profissionais saía de uma formação em outras engenharias, da química,
física ou matemática e se especializava na área. O diferencial do aluno
que entra na universidade já na graduação aeroespacial é que ele aprende
as disciplinas básicas das engenharias e depois já se especializa no
setor, onde conhece todos os princípios e técnicas da construção de um
avião ou foguete no início de sua carreira.
Na Univap, o coordenador do curso de engenharia
aeronáutica e espaço, Moacir de Sousa Prado, explica que o curso com as
duas linhas de formação existe desde 2005 e dura cinco anos. Atualmente,
a universidade conta com 70 alunos e oferece 40 vagas noturnas a cada
semestre. Nos primeiros dois anos o aluno estuda disciplinas comuns a
todas as engenharias. Após esse período, passa a estudar as específicas,
como aerodinâmica, controle de aeronaves, segurança de voo, propulsão.
Além disso, os estudantes podem escolher como disciplinas eletivas as da
área ambiental, considerando que aeronaves e foguetes são grandes
poluidores. A universidade mantém laboratórios como um túnel de vento,
onde é construído um modelo físico e pequeno de aeronave e nele é
verificado o escoamento de ar ao redor das asas, além de laboratórios de
propulsão, controle de aeronaves e eletrônica digital.
A UFABC oferece o curso desde 2007. São disponibilizadas
120 vagas anuais, 60 no turno diurno e o restante no noturno, com
duração de 5 anos. Segundo o vice-coordenador, André Luís da Silva, é
buscado um equilíbrio entre as aplicações aeronáuticas e espaciais e,
após formado, o aluno pode também trabalhar na área automobilística e
naval, além do setor de alta tecnologia e integração de sistemas. Entre
os laboratórios disponíveis são os de controle automático, navegação,
guiagem e controle e estruturas, além de softwares de simulação
aplicados em áreas como de aerodinâmica e propulsão. “Quem inicia o
curso aeroespacial obtém uma visão integrada e multidisciplinar de um
projeto espacial. Profissionais de outras áreas se especializam em um
tópico. É como se os engenheiros de outras áreas fossem os músicos de
uma orquestra e o aeroespacial fosse o maestro”, explica.
Mercado de trabalho
Veras, da AEB, acredita que a tendência é o Brasil investir cada vez mais na área espacial. “Após começar a melhorar os problemas sociais do País, vão sobrar mais recursos, como os do pré-sal, que teremos daqui a alguns anos, para a área. Existem demandas que interessam ao País, como a proteção de nossas fronteiras e o controle de vazamentos de óleo, que são mais facilmente executados por satélites”, explica. Para 2015, já existe previsão de lançamento de um satélite geoestacionário de defesa e comunicação, que controlará parte a banda larga brasileira e parte a comunicação das forças armadas. O primeiro satélite será comprado da França. “Para o lançamento de um satélite desse porte, envolvendo depois a operação do mesmo, 24 horas por dia, são necessários mais de 100 profissionais. Além disso, dezenas de técnicos irão acompanhar a construção do satélite na empresa franco-italiana Thales Alenia Space”, diz.
Veras, da AEB, acredita que a tendência é o Brasil investir cada vez mais na área espacial. “Após começar a melhorar os problemas sociais do País, vão sobrar mais recursos, como os do pré-sal, que teremos daqui a alguns anos, para a área. Existem demandas que interessam ao País, como a proteção de nossas fronteiras e o controle de vazamentos de óleo, que são mais facilmente executados por satélites”, explica. Para 2015, já existe previsão de lançamento de um satélite geoestacionário de defesa e comunicação, que controlará parte a banda larga brasileira e parte a comunicação das forças armadas. O primeiro satélite será comprado da França. “Para o lançamento de um satélite desse porte, envolvendo depois a operação do mesmo, 24 horas por dia, são necessários mais de 100 profissionais. Além disso, dezenas de técnicos irão acompanhar a construção do satélite na empresa franco-italiana Thales Alenia Space”, diz.
O Brasil ainda não possuí o seu próprio veículo lançador
de satélites, porém existem vários projetos para quem estiver realmente
interessado em trabalhar com o espaço. O Alcântara Cyclone Space (CLS),
consórcio feito entre Brasil e Ucrânia para lançar foguetes ucranianos
no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), demandará profissionais
brasileiros para operar a base de lançamento e fazer a manutenção e
projeto dos foguetes. O primeiro lançamento está previsto para 2014. Na
tarefa de lançar um foguete, geralmente são feitos testes por quase dois
anos, envolvendo de maneira direta cerca de 100 engenheiros
aeroespaciais e 500 técnicos.
O Veículo Lançador de Satélites (VLS), programa
brasileiro que existe desde a década de 60, no qual ocorreu o maior
acidente espacial da história, está sendo reestruturado. Nele, da Silva
indica que há uma carência muito grande de profissionais da área de
propulsão e controle de foguetes. Existe também o Veículo Lançador de
Microssatélite (VLM), que lança foguetes de menor porte e tem uma
aplicação comercial. “Por meio dele, o Brasil vai tentar dominar o setor
da propulsão líquida, utilizada pelos Estados Unidos e pela Rússia”,
diz. O programa é de longo prazo: suas previsões são para 2020. Uma
grande oportunidade para quem está iniciando os estudos agora.
O coordenador do curso da UFSC Campus de Joinville, Juan
Pablo Salazar, diz que a multidisciplinaridade é essencial para o
engenheiro aeroespacial. “É um curso desafiador e estimulante, o aluno
tem de gostar da área, além de gostar de matemática e física. É preciso
disposição”, afirma. O profissional também pode contribuir para outras
áreas, gerando produtos econômicos tangíveis, como em medicina, nas
cirurgias feitas à distância, que necessitam da tecnologia de
comunicação. Ou então no monitoramento de solo, em lugares remotos. Mas
os foguetes e satélites no espaço não ficam para trás. “O ser humano
está sempre procurando expandir suas fronteiras e hoje, esse horizonte é
o espaço”, conclui.
Fonte: Terra
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