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Indústria brasileira inicia 2014 com mais gás
Após um fim de 2013 ruim, dados estatísticos demonstram que
2014 começou com avanços para a indústria. Tanto comparado a dezembro
do ano passado quanto a janeiro de 2013, cresceram o consumo de energia
elétrica pelo setor, o uso de gás natural e também a produção de papelão
ondulado, indicador de vendas. O desempenho ocorre após um dezembro
sombrio — de queda de 3,5% ante o mês anterior e de 2,3% em relação a
igual mês de 2012 — e também após o fechamento de um Produto Interno
Bruto (PIB) acima das expectativas.
“Iniciar o ano com crescimento maior é sempre bom para
animar as expectativas. Um crescimentozinho pode ajudar a desfazer a
onda de pessimismo do fim do ano passado”, avalia o ex-secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda, Júlio Gomes de Almeida. Em
2013, a indústria cresceu 1,3%, segundo dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última quinta-feira. Foi
o menor crescimento entre os indicadores que compõem o Produto Interno
Bruto (PIB).
Segundo análise da EPE, o crescimento do consumo industrial ainda está impactado pelo mau desempenho da indústria do alumínio, que jogou para baixo as estatísticas referentes às regiões Sudeste e Nordeste. Mas os dados compilados pelo planejador do setor elétrico apontam retomada de alguns segmentos , como petroquímico, alimentício, produtos de madeira e papel e celulose, notadamente na Região Sul. Em Santa Catarina, por exemplo, o consumo industrial de energia teve alta de 5,6%. No Rio Grande do Sul, o aumento foi de 4,9%.
“A Região Sul, a exemplo do ocorrido em dezembro, foi a que
mais contribuiu para o resultado em janeiro”, diz a resenha Mensal do
Mercado de Energia Elétrica, distribuída na sexta-feira pela entidade.
“O uso de gás natural nas indústrias foi o que mais cresceu na
comparação com janeiro, 5,8%, seguido pelo segmento de cogeração, com
aumento de 1,4% no mesmo período. Na comparação com janeiro de 2013, o
consumo foi maior nos segmentos residencial (3,2%), comercial (2,7%) e
industrial (2,1%)”, informou a Abegás.
“É difícil dizer a
magnitude dessa melhora e a razão é simples. Dezembro veio
especialmente ruim. Houve queda na produção de automóveis e outros
problemas. Houve uma concentração grande de fatores negativos. O meu
medo na passagem do ano não é tanto o nível de crescimento da produção
industrial. É relativamente mais fácil ter um janeiro mais favorável.
Minha preocupação é com o investimento. Gostaria de saber como inicia o
ano com o investimento”, ressalta Gomes.
Ele lembra que, na virada
do ano, as expectativas empresariais pioraram muito e que a
consequência poderá recair sobre o investimento. Além disso, o Banco
Central continua elevando as taxas básicas de juros, o que tem efeito
direto sobre o investimento, e os recursos para o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foram limitados neste ano.“Por outro lado, o governo foi bem acolhido no seu compromisso de ter superávit primário de 1,9% PIB em 2014. O ano começa melhor”, avalia o economista.
Entretanto, o aumento da produção industrial em janeiro deste ano, como leva a crer os dados estatísticos de diversos segmentos, e o consequente aumento da capacidade de criação de poupança pelas empresas — por causa do crescimento das vendas — não é suficiente para que a indústria reverta o quadro de investimentos, diz Gomes. Apenas o crescimento contínuo permitirá “às empresas andar com os seus próprios pés. Mas, para isso, seria necessário um processo mais amplo de crescimento”, acrescenta.
As instituições financeiras que compõem as projeções do boletim Focus, compiladas pelo Banco Central, estão mais pessimistas com relação ao desempenho da indústria este ano. Há cinco semanas, previam alta de 2,2% da produção industrial em 2014. Na última edição, de segunda-feira da semana passada, a expectativa era de 1,87% — ainda assim, maior do que o verificado em 2013. Para 2015, a projeção é que o setor cresça 3%. Algumas previsões, porém, foram revistas após a divulgação do PIB de 2013, semana passada. O dado oficial da produção industrial de janeiro será divulgado pelo IBGE na próxima semana.
Fonte: IG
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