A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 14: O Nosso Melquizedeque
Na primeira guerra mencionada na Bíblia, Ló é levado prisioneiro por 5 reis que invadem Sodoma. A notícia chega até Abraão, e ele reúne 318 homens da sua casa para perseguir os reis. Mesmo em menor número, Abraão alcança e derrota esses reis, libertando Ló, sua família e o povo. E assim, ele demonstra confiança de que a benção do Senhor estava sobre ele. No retorno da guerra, duas figuras se encontram com Abraão. A primeira delas é o rei de Sodoma (talvez o único rei sobrevivente da invasão). Abraão demonstra não querer vínculo com o rei de Sodoma, e para que ele não dissesse “eu que enriqueci Abraão”, Abraão devolveu os despojos da guerra que eram originalmente dele. A preocupação de Abraão era com a Glória de Deus. Os méritos teriam que ser de Deus, não dos homens. Esse texto mostra claramente que Abraão tinha a chance de conquistar a terra de Canaã militarmente, ele derrotou sozinho 5 reis que devastaram os reis da terra, mas ele não faz isso. Mais uma evidência de que Abraão buscava uma pátria celestial e não uma terrena, e que suas conquistas seriam dadas por Deus e não pela sua espada.
A segunda figura que vem se encontrar com Abraão é muito mais interessante: Melquisedeque. Melquisedeque era rei de Salém, que no tempo dos jebuseus se chamaria Jebus, e por fim Jerusalém. Melquisedeque significa "rei de justiça"; e "rei de Salém" quer dizer "rei de paz". Você conhece um rei e sacerdote na Bíblia, conhecido por esses adjetivos? E ainda por cima, ele trás para Abraão pão e vinho, só os dois maiores símbolos que ao longo da história representaram Jesus. Nada se diz sobre sua origem ou fim, Melquisedeque simplesmente aparece na história, sem pai, sem mãe, sem genealogia, nesse sentido ele tem um sacerdócio sem começo e fim, o que nos aponta para o sacerdócio eterno de Jesus (Lembre-se que a genealogia era importantíssima para legitimar o sacerdócio levítico). Repare também que não é Abraão que abençoa Melquisedeque, mas Melquisedeque que abençoa Abraão. Portanto, Melquisedeque é maior e superior a Abraão. Abraão reconhece aquela figura de autoridade, e dá o dízimo de tudo para Melquisedeque. O Autor da Carta aos Hebreus, mostrando a superioridade do sacerdócio de Jesus, argumenta que se Abraão (que é maior que eles) reconheceu essa superioridade da ordem de Melquisedeque, os filhos de Israel também deveriam reconhecer. O próprio Rei Davi diz que o Messias seria ordenado sacerdote segundo a ordem de Melquizedeque: “O Senhor disse ao meu Senhor: "Senta-te à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés". [...] O Senhor jurou e não se arrependerá: "Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque". (Salmos 110:1-4) Até mesmo os rabinos da antiguidade entendiam esse texto como se referindo ao Messias. Davi era o rei de Israel, e como rei não chamaria de “meu Senhor” ninguém senão Deus. E Davi chama o Messias de “meu Senhor”. O Midrash (tradição rabínica, Livro Um, 18, 29) afirma que nesse texto do Salmo 110 o Messias é citado e conduzido para se assentar à mão direita de Deus. O Midrash Rabbah, Genesis LXXXV:9, afirma que a pessoa mencionada no verso 2 refere-se ao Rei Messias. O Midrash Yelamdeinu diz que o Messias vai usar o poder para conquistar as nações do mundo. Este salmo também é aplicado ao Messias pelo rabino Yalkut Shimoni afirmando que o Messias será colocado à mão direita de Deus. O rav. Ovadia ben Yaacov Sforno afirma que este salmo é dedicado ao Rei Messias e que ele é o único à mão direita de Deus. E no Salmo 72:17, vemos que ao Messias foi concedido estar nesta posição desde antes da fundação do mundo. Por isso o Messias judeu não poderia ser da tribo de Levi, porque seu sacerdócio não seria apenas para Israel, mas para o mundo. O sacerdócio levítico representava apenas Israel diante de Deus. Quando o sumo sacerdote da ordem levítica entrava no Santo dos Santos, no dia do Yom Kippur, ele expiava os pecados apenas de Israel. O Messias judeu viria naturalmente de Israel, mas para que nele fossem abençoadas todas as familia da terra, o messias de Israel não poderia estar debaixo da ordem levitica. Por isso Jesus, vem da casa de Davi (a tribo de Judá), assim Ele cumpre a ordem de Abraão, na autoridade da ordem de Melquisedeque (uma ordem mundial, mais ampla). Jesus incorpora em si mesmo a missão de Abraão e Israel, e a cumpre plenamente. Por isso Jesus é a Glória de Israel, pois ele é o judeu que cumpriu a missão de seu povo. Glória para Israel e a luz para todas as nações da terra. Jesus Cristo, o nosso Melquisedeque, o nosso Rei e sacerdote, é digno da nossa homenagem, não apenas dos nossos dízimos ou de um dia na semana, mas de nossas vidas completas. O Rei da Nova Jerusalém, nos receberá em seu reino eterno com pão e vinho nas bodas do Cordeiro. Seu sacerdócio é universal e eterno. Este não é um mediador distante e genérico, mas um mediador que conhece cada uma das suas dores e fraquezas, um mediador que nos conhece pessoalmente. Não um mediador limitado, mas um mediador para todos e acessível em todos os momentos (inclusive agora mesmo, inclusive por você). Não é um mediador que também precisa de perdão, mas um mediador poderoso que tem credibilidade máxima diante de Deus: “É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, irrepreensível, sem nunca ter sido manchado pelo pecado, separado dos pecadores; e foi-lhe dado o lugar de maior honra no céu. Ele não precisa, como os outros sacerdotes, de oferecer sacrifícios diários, primeiro pelos seus próprios pecados e depois pelos do povo, como os outros sumo sacerdotes. Mas Jesus sacrificou-se pelos pecados do povo, uma vez por todas, quando se ofereceu a si mesmo em sacrifício na cruz. Os supremos sacerdotes instituídos pelo antigo sistema da lei eram homens imperfeitos, mas aquele que Deus mais tarde nomeou com um juramento solene é o seu Filho, perfeito para sempre.” (Hebreus 7:26-28)
*Clique aqui para conhecer a revelação de Jesus em outros capítulos da Bíblia
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