
 
Aos 20 anos, a niteroiense Maria Paula Barbosa se 
prepara para embarcar, daqui a um mês, para a Holanda, onde ficará um 
ano. A aluna da faculdade de medicina da Uni-Rio cursará algumas 
disciplinas na Radboud University Nijmegen, graças a uma bolsa de 
graduação-sanduíche do programa Ciência sem Fronteiras — que, segundo 
anunciou o governo federal no fim de junho, concederá mais 100 mil 
bolsas de graduação e pós-graduação no exterior, entre 2015 e 2018. 
Ser selecionada para o Ciência sem Fronteiras, diz a futura médica, foi como receber uma injeção de ânimo. 
— Comecei a acreditar mais no meu potencial acadêmico. 
Agora, minha expectativa é trazer inovação para o Brasil, afinal, estou 
indo porque o povo do meu país está me financiando.
O programa, que busca promover a internacionalização da 
ciência e da tecnologia, da inovação e da competitividade por meio do 
intercâmbio internacional, passa por uma discussão de exigências. No 
último dia 2, o TRF do Distrito Federal decidiu que deve acabar a 
necessidade de o candidato à bolsa ter feito o Enem de 2009 para cá. Mas
 a Advocacia Geral da União ainda vai recorrer. A despeito da guerra 
entre estudantes e governo, há chamadas abertas para seleção de alunos 
de doutorado pleno e sanduíche e pós-doutorado, até 22 de agosto, e para
 pesquisador visitante, até 15 de setembro.
Aluna do 4º ano de engenharia ambiental na UFRJ, Natália 
Biondo deixa o Rio Comprido, Zona Norte do Rio, para viver por um ano em
 Estocolmo, Suécia, onde cursará mestrado em tecnologias sustentáveis, 
também com bolsa de graduação-sanduíche — lá, quem tem 60% da graduação 
está apto a cursar a pós.
— Minha escolha foi por uma área em que, aqui, não tenho 
oportunidade de estudar. E na qual, por outro lado, a Suécia é pioneira —
 diz Natália, que ficará hospedada no alojamento da KTH Royal Institute 
Technology, e que está empolgada com a oportunidade de vivenciar outra 
cultura e aperfeiçoar o inglês. 
Segundo Eliane Porto, gerente geral da Central de 
Intercâmbio no Rio de Janeiro, que presta assessoria de viagem para os 
participantes do programa, os estudantes — a maioria com idade entre 20 e
 24 anos — são inteligentes e aplicados, mas muitos chegam “crus”:
— Em muitos casos, estão fazendo sua primeira viagem internacional. 
Os cinco países que mais receberam estudantes brasileiros 
pelo Ciência sem Fronteiras foram Estados Unidos (32%), Reino Unido 
(11%), Canadá (8%), França (8%) e Alemanha (7%).
Engenharias e demais áreas tecnológicas contam com o maior 
número de bolsistas, 52%. Já as áreas biomédicas e de saúde agregam 18% 
das concessões; ciências exatas e da terra somam 8%; computação e TI, 
6%; produção agrícola sustentável, 4%; seguidas por fármacos e 
biotecnologia, com 2% cada. Biodiversidades, bioprospecção e energias 
renováveis participam com 1% das bolsas. Outras informações estão no 
www.cienciasemfronteiras.gov.br.
 
 
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