quinta-feira, 15 de junho de 2023

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 37: José do Egito

Charles Spurgeon dizia que você pode ler a história de José vinte vezes, e ainda assim não terá percebido todas as representações de Jesus na vida de José. isto não é uma mera coincidência, foram alguns dos inúmeros prenúncios para que o Messias fosse reconhecido quando viesse. Os incrédulos e teólogos liberais precisam explicar como a vida de José descrita milênios antes espelha tão absurdamente a vida de Jesus, envolvendo inúmeras circunstâncias humanamente não-controláveis. A começar por um milagroso nascimento, uma vez que Raquel (a mãe de José) era estéril, e sua gravidez foi fruto da intervenção direta de Deus (Gn 30:2). Maria, mãe de Jesus, também deu à luz por meio de um milagre de Deus. O nascimento de José iria remover a reprovação de Israel, “tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30:23). O nascimento de Jesus foi glória para o povo de Israel (Lc 2:32), e em lugar da nossa vergonha pelo pecado, Deus por meio de Cristo nos concede dupla honra (Is 61:7). O nome de José (Yosef: יוֹסֵף) significa “Que ele adicione”, para expressar a esperança de Raquel de ter mais filhos (Gn 30:24). O profeta Isaías, 720 anos antes de Jesus nascer disse que o servo sofredor, pelo seu sofrimento dará a Deus “uma multidão de filhos” (Is 53:10). O apóstolo Paulo disse que o propósito de Deus foi para que Jesus fosse "o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8:29). O nascimento de José marcou o fim do exílio de Israel da terra, depois de seu nascimento, Jacó deixa Labão para ir à Terra Prometida (Gn 30:25). O nascimento de Jesus marca o fim do exílio espiritual de Israel, o fim da escravidão do pecado (Lucas 2:29-32). Aos 17 anos, José trabalhava como pastor de ovelhas e é mencionado como o filho amado, e preferido de seu pai Jacó. Assim como Cristo, o "o bom Pastor" (Jo 10:11), e a declaração de Deus a Jesus foi "Este é meu filho Amado" (Mt 3:17) José levava as informações dos seus irmãos para seu pai (v.2), e foi enviado do pai para os seus irmãos (v.13). De modo similar, Jesus faz a comunicação entre os homens e Deus-Pai, sendo o sacerdote que nos representa diante de Deus, e ao mesmo tempo o profeta que comunica a mensagem do Pai para a humanidade. José foi “ungido” por seu pai com uma túnica talar (Gn 37:3) que no mundo antigo era dado aos filhos do rei, com essa atitude Jacó deixava claro quem haveria de governar sobre seus filhos. Similarmente, o Salmo 45:7-8 e Hebreus 1:9 declaram sobre Cristo (que significa “O Ungido”): “Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros ungindo-te com óleo de alegria. Todas as tuas vestes exalam aroma de mirra, aloés e cássia.” José teve dois sonhos, no primeiro ele vê o seu feixe de trigo se levantar diante de todos, e os feixes de trigo dos seus irmãos se curvam diante dele. Isso me lembra muito o fato de que o trigo é o símbolo do verdadeiro povo de Deus (Mateus 13:24-30, Mateus 13:36-43), e Jesus é a primícia da colheita deste povo, o primeiro a se erguer da terra pelo poder da ressurreição (João 12:24), e diante Dele se curva todo povo de Deus. O segundo sonho é ainda mais interessante porque embora em alguma medida ele se cumpriu na vida de José (Gn 42:6-7), não se pode dizer que houve um cumprimento pleno em José. José viu o sol, a lua e onze estrelas se curvarem diante dele. O problema aqui é que Raquel (a mãe de José) já estava morta e nunca se curvou diante dele, em algum nível a profecia falhou, a menos que propositalmente a profecia se aplique primariamente para outra pessoa, de quem José é apenas um símbolo, e eu entendo que este é o caso aqui. A luz de Apocalipse 12, vemos que esse símbolo do sol, da lua e das estrelas simbolizam a igreja de Deus se curvando diante de Cristo. Mas porque onze estrelas? Porque representam os onze apóstolos que se curvaram diante de Jesus, exceto Judas que o traiu. Os irmãos de José não podiam falar gentilmente com ele (Gn 37:4). Jesus era provocado continuamente por parte das autoridades do seu povo, cumprindo a profecia sobre o Messias em Salmos 109:3: “Eles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem causa.”. Os irmãos de José recusaram seu governo sobre eles (Gn 37:8). Enquanto que Jesus comparou sua rejeição pelos líderes religiosos como uma rejeição ao seu reinado: “Não queremos que este homem reine sobre nós” (Lc 19:14). Os irmãos de José não acreditaram nele (Gn. 37:19-20), e os irmãos de Jesus (seu povo) também não acreditaram nEle (Jo 1:11). Os irmãos de José conspiraram para matá-lo (Gn 37:18), e os sumos sacerdotes e os anciãos de Israel conspiraram juntos para matar Jesus (Mt 27:1). Tiraram a túnica de José e zombaram dele (Gn 37:19,23). Também tiraram a túnica de Jesus e zombaram dele: “E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão direita uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus.E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes” (Mt 27:29,35,39). José foi lançado em uma cova (Gn 37:24). Jesus foi lançado em uma cova (Zc 9:11; Mt 27:59-60). Os filhos de Jacó insensivelmente comeram uma refeição enquanto ele estava sofrendo na cova (Gn 37:25), similarmente os filhos de Israel comeram a refeição de Páscoa enquanto Jesus estava na cova (Jo 13:1). José foi criado na Terra Prometida (Gn 37:2) e levado ao Egito, para evitar ser morto (Gn. 37:28). E Jesus foi criado na terra prometida (Mt 2:23; 21:11, Jo 1:45) e foi levado ao Egito, para não ser morto por Herodes (Mt 2:13-14). No caso de José, vale observar que vem de Judá a ideia de poupar a vida de José, curiosamente de Judá veio o Cristo para poupar a vida de cada um de nós. José foi vendido por vinte ciclos de prata (Gn 37:28), que era o valor de um homem dos 5 aos 20 anos de idade (Lv 27:5). E por Jesus, de forma semelhante, foi pago 30 moedas de prata: “Eles pagaram a ele (Judas), trinta moedas de prata” (Mt 26:15), que foi o exato valor mencionado na profecia de Zacarias 11. Os filhos de Jacó entregaram José para um povo estrangeiro, ele ainda sofreria muito antes de ser promovido para a glória (Gn 37:28). De semelhante modo, os filhos de Israel entregaram Jesus aos estrangeiros (império romano), e Cristo sofreria muito, cumprindo o papel de servo sofredor, antes de Sua exaltação e triunfo (Jo 13:12-17;. Mt 20:25-26, Mc 10:43). Israel passaria 400 anos fora da terra prometida depois de ter rejeitado José. Israel passaria 2000 anos fora da terra prometida depois de ter rejeitado Jesus. José foi momentaneamente separado de seu pai, e de semelhante modo Jesus foi momentaneamente separado de Deus Pai. Mesmo nos mais profundos abismos, a Bíblia nos lembra que “O SENHOR era com José”. Não importa quão profundo sejam os nossos abismos, dificuldades ou dilemas familiares, o Senhor sempre estará conosco e ouvirá nossa voz quando clamarmos por Ele. Mas naqueles momentos da cruz, Jesus conheceu a completa separação de Deus, como se não bastasse, sofreu também a completa oposição e punição de Deus por ter sido feito pecado em nosso lugar. José foi substituído pelo sangue de um carneiro, mas para Jesus não houve alternativa, ele bebeu aquele cálice sozinho. Os pecados dos filhos de Jacó, os pecados da nação de Israel, e de todas as nações, os meus e os seus pecados foram castigados sobre o Filho de Deus pendurado na cruz. Seria um erro culpar os judeus ou romanos, lembre que antes de tudo, foram os teus pecados que o penduraram na cruz. Corra para Cristo, pecador. Nosso irmão e Senhor é misericordioso para nos perdoar de todo o pecado e nos purificar de toda iniquidade.


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quinta-feira, 4 de maio de 2023

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 36: O Niilista Pré-Moderno


Gênesis vem desenvolvendo a história de Jacó até aqui, mas neste capítulo abre-se um parênteses para relatar a descendência de Esaú. Alguns paralelos são feitos indiretamente entre ambos. Jacó teve seu nome mudado para Israel (que falamos no comentário de Gênesis 32, tem haver com a missão do Messias de justificar e retificar, fazendo a ponte entre Deus e os homens), enquanto Esaú tem seu nome mudado para Edom (que significa “vermelho”, uma lembrança de quando Esaú trocou a benção de Deus por um prato de guisado vermelho (Gn 25:34). “Esta é a história da família de Esaú, que é Edom” (Gênesis 36:1). Tanto Jacó quanto Esaú têm 12 filhos.

Esaú não se importava com as verdades eternas de Deus. O seu “deus” era o próprio ventre. Esaú queria as bênçãos decorrentes da aliança, mas não tinha interesse no Deus da Aliança. Era um homem imediatista, entregue aos prazeres da carne, sem preocupação pelas promessas e pela glória futura, escravo dos seus olhos, ansioso por riquezas, escolheu suas mulheres sem considerar a vontade de Deus, estava disposto a tudo por poder e posses.


No verso 6, a profecia de Isaque se cumpriu sobre Esaú/Edom pela primeira vez (haverá outras): “Então Isaque, seu pai, disse: Sua habitação será longe dos lugares férteis da terra, longe do orvalho que cai do alto. Você viverá da sua espada e servirá o seu irmão; quando, porém, você se libertar, sacudirá do seu pescoço o jugo dele” Gênesis 27:39-40.


Esaú conhecia as profecias sobre a terra prometida, ele sabia que a descendência espiritual de Abraão herdaria aquela terra. Ele também sabia que não bastava ser descendente “fisicamente” de Abraão, haja vista que seu tio Ismael não pertencia à linhagem da promessa. Ao abandonar a terra prometida, Esaú está se desvinculando por completo do povo da aliança, e ao mesmo tempo reconhecendo implicitamente Jacó como o sucessor legítimo de seu pai Isaque. Esaú certamente sabia que se permanecesse seria servo de Jacó. Ele muda-se para Seir, longe das terras férteis de Canaã. Assim, os Edomitas, descendentes de Esaú, se desenvolveram como conquistadores militares que cresceram por meio da violência, saqueando outros povos. Cumprindo a profecia de Isaque.


Analisando a descendência de Esaú, percebe-se um afastamento progressivo de Deus. O nome de um dos filhos de Esaú é Reuel que significa amigo de Deus, se referindo ao Deus de Abraão e Isaque. Olhando os nomes subsequentes, percebemos um esquecimento do Deus da aliança e aparecimento de nomes em homenagem aos ídolos pagãos, como Baal-Hanã em homenagem a Baal. Ao ponto dos Edomitas se tornarem completos inimigos do povo de Deus.


Edom se tornou um povo forte e poderoso, militarmente temível. Na contramão da descendência de Jacó, pastores de ovelhas, que estavam prestes a se tornar escravos. Assim também aconteceu com a linhagem de Caim quando comparado com a linhagem de Sete, os filhos da promessa novamente parecem estar em desvantagem. Imagine os hebreus lendo sobre o poderio dos reis de Edom, enquanto eles foram feitos escravos no Egito; certamente foi necessário fé no caráter de Deus e na sua aliança.


A descendência da serpente (G.3.15) parecia prosperar, e a abençoada linhagem messiânica parecia não tão abençoada assim. A linhagem da serpente sempre agiu para combater e aniquilar a linhagem do Messias: 500 anos depois no caminho da terra prometida, os edomitas impedem Israel de passar para Canaã (Números 20). Saul precisou lutar contra os edomitas, Davi subjugou eles, tornando Edom uma nação vassala, mas eles novamente “sacudiram do pescoço o jugo deles”. Malaquias tem profecias contra Edom, boa parte do livro de Obadias são maldições contra Edom. Quando os filhos de Jacó foram atacados pela babilônia, os edomitas fecharam as estradas e entregaram os filhos de seu irmão para o cativeiro. Mas a maior tentativa de aniquilar a semente messiânica ainda estava por vir, e foi dada pelo rei Herodes (filho de um idumeu, da terra de Edom), quando era rei da Judéia, ele soube que o Rei dos Reis prometido nas escrituras judaicas havia nascido, e mandou matar todas as crianças abaixo de 2 anos em Belém.

Israel permaneceu, mas Edom já não existe mais. E aquela singela, pobre e humilde linhagem do Messias cresceu e se espalhou alcançando, pelo evangelho, todas as nações da terra, contra todas as probabilidades e conquistando, inclusive, o coração de muitos descendentes de Esaú.

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 35: O Deus da Casa de Deus

Jacó tinha um voto a cumprir (Gn 28.20-22). Deus ordena que ele suba para Betel e construa um altar. Seria natural que numa família tão grande, em algum momento os filhos mais velhos iriam querer sair e morar sozinhos, ou habitar no meio de algum dos povos vizinhos ou simplesmente não seguir o pai nas suas peregrinações. Mas os eventos que acontecem em torno dessa família simplesmente deixam todos da família sem qualquer outra opção. Deus estava atuando de modo natural e sobrenatural para formar uma grande nação por meio deles.

Eles precisavam fugir dos cananitas, seria perigoso demais continuar morando em Siquém. Jacó ordena a todos que abandonem os seus ídolos e imagens de escultura, eles precisavam se purificar para se apresentarem diante de Deus. Interessante notar que Jacó faria a mesma rota de seu avô Abraão (Gn 12.8).

Quando Jacó fugia de seu tio Labão, o Anjo do Senhor (que era Jesus, conforme explicado no comentário sobre Gênesis 32) falou a Jacó em sonho (Gn 31.11) e refere-se a si mesmo como o "Deus de Betel" (31.13). Betel significa “Casa de Deus”, e Jacó vai renomear o lugar para El BetEl (que significaria: O Deus da Casa de Deus). Jacó constrói o altar e o Deus Todo-Poderoso reafirma a mudança de nome de Jacó para Israel, confirmando assim que era Ele próprio que lutou com Jacó no vau do Jaboque. Mas é interessante observar que o Deus Todo Poderoso estava pessoalmente diante de Jacó: “A seguir, Deus elevou-se do lugar onde estivera falando com Jacó” (Gn 35:13). Uma vez que ninguém jamais viu a Deus Pai, trata-se de mais uma evidência de que era Jesus que estava falando com Jacó.(Êxodo 33:20, João 1:18, Juízes 6:22). Essa cena também lembra o momento da ascensão de Jesus (Lucas 24:50,51), Jesus também abençoou os discípulos, o Israel de Deus (Gálatas 6:16), e depois disso subiu aos céus.

Deus reafirma a promessa para Jacó: “De você procederão uma nação e uma comunidade de nações” (Gn 35:11). Deus não prometeu apenas uma nação (Israel), mas também uma comunidade de nações. Que comunidade é essa? A fé dos patriarcas se manteve encarcerada dentro do território de Israel até Jesus. Na sua ascensão Jesus ordena que o evangelho seja pregado “até aos confins da terra” (Atos 1:8). E olha só você, milênios depois e do outro lado do mundo, lendo sobre a história de Jacó. Tudo isso somente graças a Jesus Cristo.


Deus promete uma boa terra a esses descendentes. Também não seria possível que estivesse falando da terra de Canaã, pois ainda que essa fosse possuída por Israel, a profecia era de que essa comunidade de nações também descenderia a terra. Repare:

“A terra que dei a Abraão e a Isaque, dou a você; e também aos seus futuros descendentes darei esta terra" (Gênesis 35:12).

Obviamente estas promessas tinham um significado espiritual, Jacó tinha alguma noção disso, ainda que esta não fosse tão clara e definida como temos agora. O céu é a terra prometida para todos filiados em Jesus, que são portanto descendentes de Jacó.

Partiram de Betel e chegando em Efrata, deu à luz Raquel, e ela teve muita dificuldade no parto. Ela já estava morrendo, quando deu ao filho o nome de Benoni (que significa “filho da dor” ou “filho da aflição”). Mas o pai deu-lhe o nome de Benjamim (“Filho da Destra”)”. Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém.

Neste mesmo lugar, milênios depois iria nascer um descendente de Jacó que Isaías chama de “servo sofredor”, “aflito”, “homem de dores”. Diante do que Simão profetiza sobre Jesus para Maria (Lucas 2:35), Maria podia ter-lhe chamado Benoni. “Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.” (Isaías 53). Mas como Deus, seu Pai, o chamou? Benjamim, o filho da Destra. "O qual, havendo subido ao céu, reina à direita de Deus" (1 Pedro 3:22)

Essa história pré-profetiza, aquilo que ficaria explícito apenas com o profeta Miquéias (Mq 5:2) que Benoni: Benjamim, o Senhor Jesus, havia de nascer em Belém.


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sexta-feira, 22 de julho de 2022

11:33 - No comments

Charles Spurgeon: "você não é responsável além de suas possibilidades"

Um trecho do livro "Oração comunitária" de Charles Spurgeon:

“Você e eu não somos chamados para consertar o mundo e tampouco para deter o mar revolto do pecado humano. Não tentemos controlar o cetro divino: não nos cabe fazê-lo. É claro que você gostaria de endireitar as pessoas, tornar ortodoxos todos os pregadores. Contudo, meu irmão, a tarefa está além da sua capacidade. Preocupe-se com a retidão da sua vida, e esteja determinado a testemunhar de modo completo, honesto e obediente toda a verdade que você conhece. E permaneça nisso, porque você não é responsável além de suas possibilidades.” — Charles Spurgeon

sábado, 9 de julho de 2022

18:33 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 34: Cavalo de Troia

Imagino os judeus liderados por Moisés, prestes a entrar novamente na Terra Prometida,  lendo o capítulo 34 de Gênesis. Deve ter soado para eles como um alerta do perigo que o relacionamento próximo com os cananeus representava para o povo da aliança.


Jacó estava em segurança na Terra Prometida, a situação parecia tão confortável que Jacó e seus filhos estreitaram o relacionamento com os habitantes de Siquém. Um certo dia Diná, a única filha de Jacó, foi fazer amizade com as cananéias. E Siquém, príncipe da cidade, vendo a jovem abusou sexualmente dela. A palavra hebraica usada no texto indica que ela foi “humilhada/afligida”, Diná não havia consentido na relação. 


Hamor, pai de Siquém, tentou negociar um casamento arranjado com a família de Jacó, que ficou furiosa ao saber dos acontecimentos. Hamor faz uma proposta para a casa de Jacó: “Meu filho Siquém apaixonou-se pela filha de vocês. Por favor, entreguem-na a ele para que seja sua mulher. Casem-se entre nós; dêem-nos suas filhas e tomem para si as nossas. Estabeleçam-se entre nós. A terra está aberta para vocês: Habitem-na, façam comércio nela e adquiram propriedades". Então Siquém disse ao pai e aos irmãos de Diná: "Concedam-me este favor, e eu lhes darei o que me pedirem.” (Gênesis 34:8-11)


Talvez para alguns pode parecer uma boa proposta, ou uma boa solução, mas o problema é que isso tornaria Siquemitas e Israelitas o mesmo povo. Quando viesse o Messias, como saberíamos que ele realmente é um descendente de Abraão? A semente messiânica estaria ameaçada pelos casamentos mistos com os povos da terra. Além do mais, sabemos que mais tarde a cidade de Siquém se tornaria um centro do culto de Baal, essa aliança certamente faria os israelitas se aproximarem da idolatria e abandonarem o culto ao Deus verdadeiro.


Os filhos de Jacó oferecem uma condição para unir os dois povos, os siquemitas precisavam se circuncidar. Assim, todos os homens de Siquém se circuncidaram. No terceiro dia, quando as dores da circuncisão estavam mais fortes, Simeão e Levi mataram todos os homens de Siquém. Simeão e Levi usaram um sinal da aliança de Deus (Gn 17:11-14) para fazer o mal. Eles esvaziaram seu significado apresentando-a como um mero ritual religioso e ainda a usaram como instrumento de vingança. A punição imposta a Siquém por Simeão e Levi foi completamente excessiva, mesmo sob a interpretação da Lei Mosaica que foi instituída posteriormente (Dt 22:28,29). O ato deles nada tinha a ver com uma reparação razoável e justa do crime cometido contra Diná.
A atitude de ambos vai ser profundamente reprovada por Deus, ao ponto de ambos perderem a primogenitura e a proeminência sobre Israel, que recairá sobre Judá (de onde veio o Messias). Apesar dos erros humanos de todos os lados, os planos de Deus estavam se cumprindo e sendo reafirmados na história.


Há um paradoxo interessante. Em Abraão, a promessa era que “todas as nações da terra" seriam enxertadas na árvore israelita. Ao mesmo tempo, Israel aparece como um povo que precisa ser santo, e para não se contaminar com a idolatria e costumes dos outros povos, precisaria se manter longe deles. Como resolver esse problema? Como a salvação poderia chegar aos siquemitas? Como eles poderiam ser “enxertados” no povo da promessa?
Era necessário um israelita santo ao ponto de resgatar esses povos sem se contaminar com eles, alguém disposto a ser violentado por eles, algum representante que não fosse tentado pela idolatria e pela imoralidade sexual destes povos. Alguém que pudesse expiar o pecado deles e ensiná-los a viver na Lei de Deus. Quando na cruz, Jesus tomou sobre si os pecados e ofensas contra Deus, Cristo era tanto a parte ofendida pela profanação como também a parte destruída, como punição pela ofensa. Deus, ao despejar toda sua ira sobre Jesus, torna a cruz esse símbolo paradoxal de uma justiça implacável e ao mesmo tempo de um perdão implacável. Uma vez que toda dívida foi paga, na Cruz de Cristo, a Canaã celestial pode ser habitada por pecadores como eu e você. Pela fé em Jesus, judeus e não-judeus podem ser um só rebanho do Eterno.


"Portanto, não há distinção entre judeus e gentios, pois o mesmo Senhor é Senhor de todos e abençoa ricamente todos os que o invocam" (Romanos 10:12)

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 33: Eram 100 moedas

Jacó tinha tanto medo de Esaú que ele organiza estrategicamente sua família e todos os seus pertences em grupos, organizando-os por ordem de importância, deixando mais atrás aqueles que ele considerava mais importantes. Ficando ele próprio por último (Gn 32.22). Depois de ter um encontro com Deus, Jacó agora tem suas prioridades mudadas. Jacó quando vê Esaú se aproximando, se coloca na frente de todos. Um homem de verdade não usa sua família e os outros como escudo, mas deve protegê-la como Cristo protege a igreja e se entregou por ela. A mudança de comportamento de Jacó, nos mostra que ele saiu deste encontro com Deus realmente marcado, e muito mais parecido com Jesus.

Jacó se coloca humildemente diante de seu irmão, apresenta-se como um servo. Aquele homem que confiava na força do seu trabalho, agora reconhece ao seu irmão que sua prosperidade e filhos eram fruto de uma imerecida bondade de Deus (v.5).Jacó sabiamente ofereceu seus bens e posses como presentes para aplacar a ira de seu irmão. Jacó insiste para que Esaú aceite seu presente (v.11). Este no singular mesmo, pois o termo hebraico usado aqui é a mesma palavra que “benção”. Ou seja, Jacó estava “devolvendo” a bênção que havia roubado de Esaú. Jacó desistiu de sua bênção para que Esaú se reconciliasse com ele. Esta atitude inesperada demonstra o que o descendente perfeito de Jacó também faria milênios depois: Jesus abriu mão do seu direito de igualdade com Deus para reconciliar o mundo (2Co 5.16-21, Fp 1.6-8). Esaú aparentemente aceitou a oferta de Jacó como um pagamento pelo que o fizera. Esaú tinha seu interesse nos presentes que Deus poderia lhe dar, mas desprezava a herança pactual e o relacionamento com Deus (25.19-34; cf. Hb 12.16).

Na sequência, Jacó não aceita seguir com Esaú e decide ir para Siquém. Existe a possibilidade de Jacó ter enganado novamente Esaú, mas pelo contexto, parece mais provável que Esaú sabia que era uma forma polida de não contradizê-lo, e assim recusar a oferta de Esaú, sem provocar-lhe a ira. Jacó finalmente chega na terra prometida (Canaã), e compra um terreno dos filhos de Hamor pelo valor de cem moedas. No texto original podemos ler במאה קשיטה bemeah kesitah, uma moeda que tinha como nome “cordeiro”. E ele compra o direito de habitar na terra prometida com uma moeda carimbada com a figura de um cordeiro.


O meu desejo é que você, assim como Jacó, possa ter um encontro real com Jesus Cristo. Que o Espírito Santo te revele o descendente perfeito de Jacó, Aquele que pode aplacar a ira justa, de um Deus infinitamente Justo, contra os seus pecados. Que o Espírito Santo sopre, em sua mente e coração, o nome dAquele que foi na frente e apresentou-se a si mesmo como oferta pelo seu pecado. Mude sua vida, arrependa-se dos seus pecados, peça perdão para quem você ofendeu, para que o seu Pai celestial perdoe suas ofensas e como Jacó, agarre-se a Jesus com todas as suas forças (mesmo que ela seja pouca e insuficiente). Que esses símbolos que Deus deixou por toda a Bíblia, te ajudem a conhecer mais profundamente a história do Cordeiro que foi morto para comprar o seu direito de habitar eternamente na Terra Prometida.

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sexta-feira, 22 de abril de 2022

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 32: Jacó luta com Jesus

Jacó não é uma figura exemplar. Sua conduta e atitudes não eram a de um fiel servo do Senhor, não combinam com o que se esperaria de um descendente direto da promessa de Abraão, com alguém que o Senhor havia escolhido e confirmado o seu pacto. Dificilmente Jacó poderia ser considerado um mediador entre Deus e as diversas nações circunvizinhas, até porque parece que ele falhou neste papel em sua própria casa. Ele falhou miseravelmente como porta-voz de Deus e como intercessor. Jacó exibia o caráter da humanidade decaída no pecado que necessita de libertação e restauração de Deus. E a semente, chamada para servir, estava grandemente necessitada do próprio serviço que devia prestar. Deus havia dado família, bênçãos e prosperidade, mas agora Deus estava prestes a transformar o caráter de Jacó. Jacó se angustia com os 400 homens de Esaú que estão vindo contra ele, uma possível referência com a angústia da descendência de Israel no Egito por 400 anos (Veja meu comentário sobre Gênesis 15). Jacó prefigura o que o povo de Israel passaria ao longo de sua história, e se divide em dois bandos (Israel futuramente se dividiu em Reino do Norte e Reino do Sul). Assim como foi a conversão de Jacó, assim também será a conversão de Israel num futuro próximo (Romanos 11:26), e assim é a conversão de todos os crentes (O Israel espiritual). Jacó, acostumado a resolver as coisas pela sua própria força, pelos seus próprios meios, finalmente ora. Nesta oração Jacó reconhece ser indigno das misericórdias do Senhor. Jacó estava preocupado em ter de lutar com Esaú, mas o pior acerto de contas era com Deus. Jacó fez passar adiante tudo quanto possuía e ficou sozinho. Era apenas Deus e Jacó agora. E neste momento, um homem misterioso vem lutar com Jacó. No verso 24, o texto bíblico diz que era um homem (do hebraico “Ish”) que veio confrontar Jacó, já nos versos 28 e 30, este homem foi identificado como sendo o próprio Deus (אלהים, pronunciado "Elohim"). Quem seria este que é homem e ao mesmo tempo era Deus? Como você já pode imaginar, só poderia ser o próprio Deus-Homem, Jesus Cristo. Jesus muitas vezes foi identificado como O ANJO DO SENHOR, e neste sentido seria correto dizer que foi “o anjo” que lutou com Jacó. O profeta Oséias diz que “O ANJO” lutou com Jacó, mas não um anjo qualquer (Os 12:4). Um simples anjo é apenas um mensageiro de Deus e executor das suas ordens (Salmos 103:20,21), Um simples anjo não teria autoridade para abençoar por si mesmo alguém (versículo 29). E ninguém jamais viu a Deus, senão por meio do Deus-Homem (João 1:18). Jacó era um homem forte (Gn 29:10), acostumado a conquistar pela força do seu próprio braço. Aqui não foi diferente, mesmo avançado em idade ele resiste ao homem. Jacó “luta” com Deus durante toda a madrugada. O dia já raiava, era hora de Jacó seguir viagem. Então, o Deus-Homem apenas lhe tocou na articulação da coxa e deslocou a junta da coxa de Jacó (o centro da articulação de um lutador, v.31). Mesmo assim, Jacó parece insistir pedindo "Não te deixarei ir se não me abençoares", o profeta Oséias diz que Jacó ao lutar com o anjo “chorou e lhe pediu graça” (Oséias 12:4). O Deus-Homem pergunta “Qual o teu nome?”, ele respondeu "Jacó" (que significaria responder em português “Enganador”). Depois de uma resposta quase confessional, o Deus-Homem disse "Já não te chamarás Jacó, mas Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste" (v.28). Israel vem de um acróstico "Ki Sarita El" que significa "Príncipe de Deus", "Lutador de Deus" ou ainda "Deus luta". A mesma raiz no hebraico para "Iashar El", que significa "retificar" e "justificar". Daí que vem a palavra "Ieshurum" (Dt 32:14; Deut 33:5; Deut 33:26; Is 44:22) que significa "o Reto, o Justo" e sempre aparece se referindo ao Messias. A missão de Israel está ligada com a justificação e salvação do mundo. Embora pareça que Jacó e mais tarde todo o povo de Israel fracassaram na sua missão de abençoar/enxertar todas as nações da terra no Deus verdadeiro, na verdade essa missão foi cumprida plenamente no Messias. Portanto Israel cumpre sua missão na pessoa do Messias. Jesus Cristo é o descendente perfeito de Jacó que encarna a missão de Israel. Jesus Cristo também sob o mesmo cajado mantém dois bandos (que são o mesmo povo), tanto a igreja dos judeus, como a igreja dos gentios. Jesus, o príncipe de Deus, sendo o “Jacó perfeito”, ficou sozinho com Deus, e foi ferido e então teve vitória na cruz. E essa vitória resultou em reconciliação para o mundo. Que esse encontro na beira do rio Jaboque, um rio que deságua no Jordão, e o Jordão por sua vez simboliza Jesus (Jordão significa “Aquele que desce”), nos lembre que absolutamente tudo deságua em Jesus. Jacó até parece um homem do nosso tempo. Um homem comum com anseios comuns, com pecados comuns, com uma religiosidade mística e comum mas que não afeta seu caráter de modo profundo e significativo. Um homem acostumado a ganhar seu dinheiro, fazer suas coisas, e resolver seus problemas na força do próprio braço. A sua religião é meritocrática. Um homem que barganha e negocia boas obras em troca do favor divino (Gn 28:20-21). Mas um dia este homem em meio às preocupações da vida comum foi surpreendido por Deus. Aquele Deus subjetivo e distante, a realidade que não afetava sua vida cotidiana, agora se torna plenamente conhecido em Jesus Cristo e vem confrontá-lo e feri-lo. Para vencer essa luta, é preciso perder. Neste enfrentamento, o que se pensava forte percebe-se fraco, percebe sua dependência de Deus e em lágrimas clama por graça e misericórdia. Confessa seu real estado de engano e foi para sempre marcado por Deus. E assim Deus faz nascer um novo homem. “Vi Deus face a face e minha vida foi salva” (Gn 32:30).

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