domingo, 4 de agosto de 2024

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Jesus em Gênesis 50: O Clímax da Graça


O livro do Gênesis que havia começado com a origem da luz e da vida, agora neste último capítulo termina com trevas e morte. Desde a entrada do pecado no mundo no capítulo 3, o livro de Gênesis se desenrola como uma espiral decrescente em que a humanidade vai se desenvolvendo no pecado e se profissionalizando em sua rebelião contra Deus. Mas Deus faz algumas intervenções nessa história. O dilúvio, o chamado de Abraão e a eleição de José são alguns exemplos da resposta de Deus num mundo caótico. Sendo bem genérico, Gênesis gasta 2 capítulos para falar da criação do mundo, no capítulo 3 o pecado entra no mundo, e o resto dos capítulos é contado a história da família de Jacó. A importância dessa família é evidente: por meio dela virá o descendente de Eva que resolverá o problema do pecado.


O patriarca Jacó é sepultado com as pompas e a honra de um chefe de Estado. Todos os seus filhos subiram para Canaã, os representantes de cada tribo de Israel juntamente com os egipcios (representante dos povos gentios). Jacó foi honrado pelos méritos de um de seus descendentes, que era José (um símbolo do Messias), e não por méritos próprios. Quando vemos as palavras de Isaías 60:1-12, vemos que de maneira análoga a nação de Israel seria honrada pelos povos gentios por causa do Messias, o Santo de Israel. Jesus trouxe honra para Israel assim como José trouxe honra para Jacó.


Com a morte de Jacó, os irmãos de José pensaram que José poderia se vingar agora que seu pai estava morto, mas José os tranquiliza e os assegura de que não os puniria, pelo contrário, os sustentaria no Egito. José, como um símbolo do Messias, nos mostra nessa atitude o que é agir com graça. Geralmente traduzimos a palavra “Graça” para o português como “favor imerecido”, mas na verdade é muito mais que isso. Favor imerecido é presentear alguém que não se esforçou pra receber aquela benção, isso é um favor imerecido, mas ainda não é Graça. Graça é abençoar quem merece maldição, é presentear quem merece castigo, é dar o céu pra quem não só não batalhou pelo céu mas também é digno do fogo do inferno. Graça é favor imerecido para quem merece o contrário. José demonstra graça com seus irmão, não apenas por não puni-los, mas ainda ao abençoá-los garantindo-lhes a provisão.

José reconhece que, apesar de seus irmãos terem planejado o mal contra ele, Deus transformou essa situação em algo bom, permitindo que José salvasse muitas vidas. Os versiculos 19 ao 21 são o resumo e o clímax da história de José e o alge do livro de Gênesis: só Deus pode perdoar pecado e cobrir a culpa do homem pecador, e a providência divina conduz tudo, tornando os maus propósitos dos homens em bem. Deus sabe escrever certo por meio das nossas linhas tortas. E a cruz é o maior exemplo disso.


E por fim José, antes de morrer, pede que seus ossos sejam transportados para a Terra Prometida. Os ossos de José seriam retirados do Egito por Moisés (Êx 13.19) e, mais tarde, foram sepultados em Siquém (Js 24.32).


Eles não deveriam ter esperanças de fixar-se ali, nem considerar o Egito como seu descanso final. Eles deveriam concentrar seus corações na terra da promessa, e chamá-la de seu lar. Pela fé José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos (Hebreus 11:22).


José depois de morto foi colocado em um caixão no Egito, mas não foi sepultado lá. Aqui está a última semelhança entre Jesus e José: Nenhum dos dois foram sepultados um ano depois da sua morte. No costume judaico, especialmente no primeiro século, somente no dia em que os ossos eram depositados nos ossuários de pedra, cumpria-se literalmente a expressão que dizia "o morto finalmente encontrou os seus mortos". E somente nesse dia, tinha-se cumprido o rito do sepultamento. Ou seja, a pessoa só era de fato sepultada por completo um ano depois da sua morte. Embora de forma tardia, o corpo de José foi sepultado alguns séculos depois. Mas no caso de Jesus, os estudiosos apontam como uma forte evidência da ressurreição de Jesus, pois ninguém realizou seu sepultamento um ano depois, porque obviamente não havia corpo para sepultar. 


Durante o período de peregrinação no Egito, os ossos de José se tornaram um símbolo da esperança do retorno para a Terra Prometida. E por meio da morte de Cristo, ao contemplarmos aquela cruz (agora vazia) e aqueles ossos não quebrados, Deus plantou a esperança do nosso retorno ao lar definitivo, a Terra Prometida, a Nova Jerusalém Celestial. Ainda não chegamos em casa. 

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quarta-feira, 31 de julho de 2024

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Jesus em Gênesis 49: A Herança de Israel

Jacó está prestes a morrer, chegou a hora de repartir a herança de Israel. Jacó dá as bênçãos e profecias finais para seus doze filhos, um discurso sobre o futuro de cada uma das tribos que é fundamental para entendermos várias dinâmicas que se cumpriram séculos e milênios depois da morte de Jacó. Este capítulo sozinho tem tanta riqueza que valeria uma monografia inteira. Em razão dos pecados de Rúben, e da crueldade de Simeão e Levi, recai sobre Judá a honra de ser o portador da linhagem da semente santa (Gn 3.15). Repare que Jacó, em seu discurso a Judá, não diz que seus irmãos hão de louvar a Deus por ele, mas a ele; o próprio Judá será objeto de louvor. Meio doido, né? Isto é realmente surpreendente, até porque Judá realmente não se destacou como líder, e nada se falava de um governo de Judá até o reinado de Davi (quase 1000 anos depois). “Os filhos de teu pai se inclinarão a ti”. A palavra usada aqui no texto significa prostrar-se diante de um superior. Em contexto de culto, o termo significa adorar. Jacó usou o termo para indicar submissão a um governante, um monarca. Portanto, Judá, e não José (que era o filho amado), foi colocado diante dos irmãos como a tribo governante. Muito antes do ministério de Cristo sobre a terra, os sábios de Israel já haviam entendido: esse texto apontava para o Messias, o descendente de Judá. Para expressar a preeminência e o poder de Judá, Jacó o chama de “gür” que é o filhote de leão, e depois de ’aryêh que é o leão adulto. A imagem é de um animal jovem, que vai se desenvolvendo até tornar-se grande e poderoso.

“o cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de sua descendência, até que venha Siló, aquele a quem o cetro pertence, e a Ele obedeçam todos os povos da terra!” (Gênesis 49:10)

Existe uma discussão sobre o que Jacó quis dizer quando ele menciona a palavra Siló, mas resumindo, há um acordo majoritário entre os estudiosos que o termo hebraico Silõh não se refere a um lugar. Existe uma antiga tradução em aramaico que traduz esse termo como “até que venha o Messias”, o que parece concordar muito bem com o contexto, e também está em harmonia com a mensagem de Ezequiel (Ez 21.23-27). Há um elemento de extravagância na figura do jumento e seu jumentinho, um animal de carga que representam um estilo de vida humilde, tendo permissão de comer as videiras, que seria a conseqüência natural de serem amarrados a elas. Em outras palavras, o reinado do Messias seria próspero. O jumento no oriente antigo era visto como um animal pequeno, mas com muita força. Assim é a chegada do reino de Deus, sem visivel aparência, mas é extremamente poderoso. É interessante que a expressão “jumentinho… filho da jumenta”, é mais tarde usada pelo profeta Zacarias para retratar a entrada do Cristo em Jerusalém (Zc 9:9). A lavagem das vestes "em vinho" (49.11b), remete ao pisar das uvas no lagar e o esguichar do suco vermelho nas roupas são símbolos de trabalho penoso, luta, sofrimento e até morte (como a de um dos dois príncipes midianitas num lagar [Jz 7.25]); algumas vezes o lagar que Deus pisa "sozinho" (Is63.3) é um símbolo da ira de Deus (Ap 14.19,20; 19.15). O trecho que menciona vermelhidão dos olhos pode estar falando de prosperidade misturada com labuta e sofrimento. O uso de leite (v12) indubitavelmente sugere boa saúde e bem-estar geral. Em resumo, pode-se dizer que Jacó prevê grande prosperidade para Judá e seu sucessor real, que será compartilhada por todos sob o seu governo. No entanto, também pode haver uma alusão à luta, sofrimento e derramamento de sangue; uma prosperidade que não vem sem custo. Sobre a benção de José, Jacó diz que José é ramo frutifero e que seus galhos se estendiam sobre o muro. No capítulo anterior, em Gênesis 48, expliquei melhor como a benção de Efraim derrubou pela cruz o muro de separação. E talvez assim, possamos entender porque Jacó diz que as bençãos sobre José seriam tão maiores“até os montes eternos”, que as bençãos de Abraão, Isaque e Jacó. Ao falar de Dã, do futuro da tribo e as guerras que ela enfrentaria, Jacó parece pegar alguma simbologia emprestado de Gn3.15: “serpente…víbora…morde o calcanhar”. E na sequência ele interrompe a profecia e faz uma breve oração “A tua salvação espero, ó Senhor”. Em hebraico, esse texto é ainda mais bonito, pois diz: “O teu YESHUA espero, ó DEUS (YHWH)”. E Yeshua é Jesus em hebraico. Qualquer pessoa que ler as bençãos de Jacó, tem a sensação que Judá e José tiveram preeminencia e destaque, mas o verdadeiro destaque no texto é para o mais excelente de todos, o primogênito que abriu mão do seu direito de primogênitura pelos irmãos mais novos, o que se fez maldito para nos resgatar, o descendente de Judá que seus irmãos louvarão e cujo governo do seu cetro será eterno, aquele que lava as nossas roupas no seu próprio sangue, aquele que habitou “na praia dos mares” de Zebulom, que teve humildade e disposição para carregar as cargas de Issacar, aquele Salvador que Dã esperou, o Filho de Deus que expulsou a tropa de demônios que acometia o homem de Gade (Mc 5:1-20), o pão da vida abundante de Aser que produz delícias reais, aquele que como uma gazela (Cânticos 2:8-9) veio pelos montes de Naftali e lá pregou as mais belas e impactantes palavras das escrituras sagradas (Mt 5-7), o ramo frutifero de Jessé que estendeu seus galhos sobre o muro e rompeu a divisão que nos separava de Deus, ele que foi ferido, mas o seu arco permanece firme. Sim, o Poderoso de Jacó, o Pastor e a Pedra de Israel. Sim, Jesus Cristo é a herança e a verdadeira benção de Israel. 

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terça-feira, 21 de maio de 2024

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Jesus em Gênesis 48: Efraim e o Mistério de Cristo


Jacó abençoa os filhos de José, e neste momento ele relembra da benção que Deus lhe deu em Luz, quando lhe disse “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; sê fecundo e multiplica-te; uma nação e multidão de nações sairão de ti” (Gênesis 35:11). É óbvio que a nação seria Israel, mas quais seriam as multidões de nações e como elas descenderiam de Jacó? Este capítulo é um dos que lança luz sobre esta questão.


Jacó inicia uma cerimônia de adoção dos filhos de José, dizendo “os teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito, antes que eu viesse a ti no Egito, são meus; Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão”. Esta é mais uma fala que demonstra que José é um símbolo do Messias, pois aos seus filhos gentios é dado o “status” de filhos de Jacó em ‘pé de igualdade’ com os demais, como Rúben e Simeão. José está acima dos seus filhos, e portanto, implicitamente acima dos seus irmãos.

José coloca o filho mais velho, Manassés, na mão direita de Jacó (para receber a maior benção) e Efraim na mão esquerda. Mas Jacó cruza as mãos, em formato de cruz, e coloca a mão direita sobre Efraim, e a esquerda sobre Manassés. José fica incomodado e tenta trocar as mãos do pai:


"Não, meu pai", disse ele. "Este é o mais velho; coloque a mão direita sobre a cabeça dele." Mas seu pai se recusou e disse: "Eu sei, meu filho; eu sei. Manassés também se tornará um grande povo, mas seu irmão mais novo será ainda maior. E seus descendentes se tornarão muitas nações".


Jacó abençoou os meninos dizendo “o Deus que tem sido meu pastor toda a minha vida, até o dia de hoje, o Anjo que me resgatou de todo o mal, abençoe estes rapazes”, Jacó se lembrou do encontro com o Anjo do Senhor, que é o próprio Jesus (leia o comentário de Genêsis 32), e parece que Jacó faz um paralelo entre Deus e o Anjo, como se fossem a mesma pessoa. E de fato era. A palavra aqui traduzida como "resgatou" é, no texto original "goel" que significa redimiu/resgatou/libertou. “O Goel” é o Redentor. Um simples anjo não pode redimir ou perdoar, pois somente Deus pode perdoar pecados (Salmo 103:2-3, Marcos 2:5-7). Jacó invoca o Anjo para abençoar seus netos, e continua dizendo “e multipliquem-se como peixes, em multidão, no meio da terra”. Impossível não lembrar de quando Jesus se encontrou com pescadores no mar da Galileia, e lhes disse "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens".


Aproximadamente 830 anos depois, Deus dividiria o Reino de Israel em dois, por causa dos pecados de Salomão. O Reino do Norte ficou conhecido como Casa de Israel ou Casa de Efraim, liderado por Efraim e o Reino do Sul (Judá e Benjamim), liderado por Judá. O Reino do Norte (a Casa de Efraim) rapidamente se entregou aos casamentos mistos (israelitas se casando com os povos extrangeiros). Na sua desobediência, a Casa de Efraim foi espalhada por todo o mundo, e ao se misturar com os outros povos, passaram a seguir os deuses e os costumes deles. Com o tempo, a maioria deles se tornaram inimigos do povo de Deus, e aqueles que permaneceram no Reino do Norte, seriam genericamente chamados de “samaritanos”.

Quando olhamos para a primeira parte do ministério de Jesus foi apenas para resgatar as “ovelhas perdidas da Casa de Israel” (Mateus 15:24), dentro dos limites do que seria o Reino restaurado de Davi. E não é de estranhar que a região do mar da Galiléia (na Casa de Efraim) foi o “quartel general” do ministério de Jesus, e não é de se estranhar que uma das primeiras pessoas a receber a revelação de que Jesus era o Messias foi uma mulher samaritana (João 4).


Ezequiel havia profetizado que por meio de dois pedaços de madeira, Deus iria unir novamente as duas casas (Judá e Efraim), e então o rei descendente de Davi seria o pastor deste povo para sempre (Ezequiel 37:16-27). A cruz de Cristo é o ato unificador e restaurador do Reino perdido de Davi. Por dois pedaços de madeira, o menor simbolizando a Casa de Judá, e o maior representando a Casa de Efraim (“duplamente frutifero”), que Deus pôs um fim na separação e na inimizade.

Vemos no ministério de Paulo, que a casa de Efraim foi a porta de entrada para a pregação do Evangelho aos povos gentios. Deus espalhou as tribos, para espalhar Cristo. E no corpo de Cristo na cruz, Ele reúne em Sião todas as nações. Na cruz, Jesus reconcilia o mundo inteiro com Deus, judeus e gentios, simbolizados em Judá e Efraim. Repare que antes da cruz Jesus orienta os seus discipulos a pregarem dentro de Israel (Mateus 10:5), após a ressurreição, Jesus instruiu seus discípulos a levarem sua mensagem a todas as nações (Mateus 28:19-20; Atos 1:8). Conforme o apóstolo Paulo disse “Por meio do sacrifício do seu corpo, Cristo derrubou o muro de inimizade que separava os judeus dos não judeus.” (Efésios 2:14)


Efraim e Manassés receberam uma herança que originalmente não era deles. Da mesma forma, através de Jesus, os crentes tornam-se co-herdeiros com Cristo (Romanos 8:17), recebendo uma herança espiritual que não mereciam. Judeus e Gentios se tornam um só povo, os gentios não precisam se tornar judeus, nem os judeus em gentios, mas pela cruz somos feitos um só reino, um só povo, uma só aliança, debaixo de um só Rei e Senhor. Sou judeu? Não. Sou gentil? Não. O que sou? Discipulo de Jesus.

“Ao lerem isso vocês poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo. Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus, a saber, que mediante o evangelho os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus” (Efésios 3:4-6).


Deus te faça como a Efraim e como a Manassés. 

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domingo, 7 de abril de 2024

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 47: Um José melhor

 

José, mesmo sendo como o próprio Faraó (Gn 44:18), se coloca em posição de súdito, mostrando submissão pelo seu rei. Jesus, semelhantemente, sendo nosso irmão e governante, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Filipenses 2:6,7). 

O consentimento do Faraó está de acordo com o desejo de José. Assim também, o Pai atende a todos os pedidos que Jesus faz em relação àqueles que lhe pertencem. O melhor do reino é para sua família.


Jesus insere os seus seguidores no seu reino, da maneira como foi estabelecido pelo seu Pai (Mateus 20.28). Jesus, assim como José aqui, não se envergonha dos irmãos. Aqueles homens indignos e abomináveis (especialmente no Egito), pobres pastores, foram recebidos diante da presença do grande rei do Egito não por méritos próprios, ou por algum valor em si mesmos, mas pelo valor que Faraó atribuía a José. De mesmo modo, o Deus Altíssimo nos recebe em sua presença e no seu reino, não por qualquer valor em nós mesmos, nem por algum mérito nosso, mas pelo valor e méritos de Jesus. 

José obteve de Faraó a concessão de um assentamento na terra de Gósen. Jacó descreve sua própria vida como uma peregrinação. Se ele se considerava um viajante neste mundo, é porque sabia que estava rumo a outro mundo. Tal afirmação nos remete à carta aos Hebreus, que diz que os patriarcas “aguardavam pela pátria excelente, ou seja, a pátria celestial. Por esse motivo, Deus não se constrange de ser conhecido como o Deus deles, mas lhes preparou uma cidade”.


Já não tendo mais nada com o que pagar pela comida, os egípcios pedem que José os compre, e assim José compra todo o povo para Faraó, onde apenas os sacerdotes egípcios não se tornaram servos do rei. Anos depois isso abriria margem para a tirania de um próximo Faraó. 


Enquanto os sacerdotes egípcios tinham muitos privilégios, o que é típico de todos os sistemas religiosos, sendo os únicos egípcios que não precisaram vender suas terras, em Israel aconteceria o contrário: A tribo de Levi (a tribo dos sacerdotes) seria a única tribo que não receberia terras, pois o SENHOR seria a sua herança no meio dos filhos de Israel (Números 18:20). Em Apocalipse, lemos que Jesus “comprou para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra”. Como é bom ter sido comprado por um rei bondoso e eterno, e que nos trata como seus filhos. Quão alta posição é ter o privilégio de ser um escravo de Jesus.

É muito melhor ser escravo de Jesus do que dono da sua própria vida, nenhuma posição neste mundo é melhor do que esta. E esse é o grande paradoxo: o homem é mais livre quando ele é escravo apenas de Cristo. “Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaram a obedecer de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida. Vocês foram libertados do pecado e tornaram-se escravos da justiça” (Rm 6.17,18).

 

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domingo, 17 de março de 2024

18:53 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 46: A incubadora Egípcia

Anteriormente Abraão desceu para o Egito para não ser morto pela fome. Mais tarde, José foi levado ao Egito para evitar ser morto (Gen. 37:28). Em Gênesis 46, todo o Israel é levado ao Egito para fugir da morte pela fome. Todas essas histórias repetidas na verdade apontam para fatos e verdades da vida do Messias, como de fato foi o que aconteceu quando milênios depois, Jesus seria levado ao Egito para não ser morto por “Herodes, o Grande” (Mt 2:13-14). Assim se cumpriria o que o Senhor tinha dito pelo profeta Oséias: “Do Egito chamei o meu Filho” (Oséias 11:1).

Abraão cresceu em gado, prata e ouro no Egito. José se tornou grande no Egito. Jacó desceu ao Egito com sua família após receber a promessa divina de que Deus o faria uma grande nação lá. Em todos os casos, o Egito serviria como uma incubadora enquanto Israel se desenvolveria até se tornar um povo grande. Este evento mostra a providência de Deus em preservar a linhagem da promessa durante um momento de dificuldade, enquanto eles se desenvolvem no seu exilio. Em Mateus 2, vemos que os primeiros anos do menino Jesus também foi no exilio egipcio, Jesus literalmente cresceu no Egito. Essa viagem não apenas espelhada pela jornada de Israel, também evidencia Jesus como o descendente legítimo de Israel, que quando ainda era um bebê, já estava refazendo o mesmos passos dos patriarcas, cumprindo profecias e demonstrando a continuidade do plano divino de salvação.


Jacó finalmente vai ao Egito e se reúne com José, que já estava preparando o caminho para a sobrevivência de sua família e lhes preparou um lugar para que pudessem habitar com ele, prefigurando o divino Salvador que foi enviado antes para preparar o caminho para a nossa salvação.


“Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.” (Jesus no registro do Evangelho de João 14:1-4)


José desejava fortemente que seu pai e toda a sua família pudessem vir habitar com ele: “Desce a mim e não te demores” (v9). Ele designa a sua residência em Gósen, aquela parte do Egito que fica em direção a Canaã, para que eles possam se lembrar da terra da qual deviam sair (v10). Ele promete prover por ele: “Ali te sustentarei” (v11).

Semelhantemente, o nosso majestoso governador, Jesus Cristo, nos quer junto dEle agora e para sempre. Hoje através da fé e da presença real do Espírito Santo, que habita conosco e dentro de nós, mas muito em breve habitaremos com Jesus, face a face, para sempre na terra que Ele nos preparou.


"Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo.” (Oração de Jesus registrada em João 17:24)

 

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 45: "Eu sou Jesus"

 

Benjamin era o único filho que havia restado de Raquel, dado seu irmão José que estava presumidamente morto. Judá sabia da venda de José, o que daria motivos para crer que ele possivelmente ainda estaria vivo, apesar de terem levado Israel a crer em sua morte. E agora, que tinham contado essa mentira há tanto tempo, provavelmente já tinham até se esquecido da verdade, e começado a crer eles mesmos na mentira. José já reinava. Milhares de gentios (não-hebreus) de várias nações estavam sendo salvos e abençoados por meio do governo de José, mas o povo da aliança passava fome longe de José. Para todos os povos José estava vivo e reinava, mas para seus irmãos de sangue ele estava morto.

A história de Jesus não tem sido diferente da história de José, enquanto multidões ao redor do mundo de todos os povos, tribos e nações têm sido salvos por Jesus, a maior parte dos descendentes de Judá ainda hoje acreditam que Jesus está morto e não ressuscitou. 


Como tratamos mais extensivamente em capitulos anteriores, José foi vendido e traido pelos seus irmãos, que o entregaram aos estrangeiros em troca de moedas de prata. Semelhantemente Jesus foi vendido por moedas de prata e foi entregue pelos seus irmãos (seu próprio povo) aos romanos.

E neste momento que antecede a revelação, muitos anos depois, José era um hebreu, mas ele estava vestido de trajes egipcios e os seus irmãos não o reconheceram. Jesus também foi vestido e apresentado ao mundo nos últimos milênios com trajes romanos, como se fosse um homem ocidental, e isso contribuiu para esconder as raizes judaicas de Jesus. E os seus irmãos de sangue, continuam não reconhecendo ele. 


Mas um dia os filhos de Judá reconhecerão Jesus como o Rei Messias, aquele que é como o próprio Deus, diante do qual ninguém tem como apresentar justificativas, senão apelar pela sua misericórdia. Conforme disse Deus por intermédio do profeta Zacarias: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e prantearão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito” (Zacarias 12:10). Por isso, a medida que judeus (assim como seu pai Judá) se aproximam de Jesus (prefigurado em José), sabemos que o momento da revelação final está próximo. A revelação de José tipifica a grande revelação que Jesus fará a seu povo Israel.

“disse-lhes: "Eu sou José, seu irmão, aquele que vocês venderam ao Egito! Agora, não se aflijam nem se recriminem por terem me vendido para cá, pois foi para salvar vidas (מִחְיָה) que Deus me enviou adiante de vocês” (Gênesis 45:4-6).

Na liturgia judaica, a palavra מִחְיָה é usada para se referir à ressurreição dos mortos na vinda do Messias. Agora, repare um texto parecido escrito pelo apóstolo Paulo sobre a restauração do povo judeu: 

“será que eles (os judeus) tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela transgressão deles, a salvação chegou aos gentios, para fazer com que os judeus ficassem com ciúmes. [..] Pois se a rejeição deles é a reconciliação do mundo, o que será a sua aceitação, senão vida dentre os mortos?” (Romanos 11:11-15).


A partir daquele mal que fizeram com José, Deus começa a colocar seu plano em ação para salvar o seu povo. E a partir do corpo do seu filho partido na cruz, o maior pecado já cometido contra o maior dos justos, Deus começou a consertar este mundo, agora os planos de Deus serão desenrolados para salvar sua Igreja. O corpo de Cristo na cruz é a semente para um novo mundo. 


Mas essa realidade não se aplica apenas a Israel e a ressurreição final dos mortos, mas aplica-se a cada pessoa individualmente que se encontra morta em seus delitos e pecados, e que também precisa de arrependimento, ressurreição e reconciliação com Deus. De modo muito parecido com a fala de José, quando Jesus se revelou a Paulo, Ele disse: “Eu sou Jesus”. E quando desejou consolar os seus discípulos, Ele disse: “Sou Eu. Não temais”.

Querido leitor(a), você só precisa esperar para ver Deus restaurar e reconciliar tudo, mas um pedaço da realidade futura pode estar acontecendo aqui e agora. Um pedaço desse novo mundo você já pode experimentar. O Reino do Poderoso Cristo pode estar a uma oração de distância de você.


“Irmãos, não quero que ignorem este mistério, para que não se tornem presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegasse a plenitude dos gentios.

E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: "Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade.

E esta é a minha aliança com eles quando eu remover os seus pecados".

(Romanos 11:25-29)

 

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 44: O Cálice de Prata

 

José faz um último teste com seus irmãos, e esse teste gira em torno de um cálice de prata. José havia sido vendido por prata, e aparentemente está recriando uma situação similar com Benjamin para ver se os irmãos farão o mesmo que fizeram com ele. Mais tarde, a Lei de Deus também exigiria valores de prata como símbolo de resgate ou de preço do pecado (Êxodo 30:15, Números 3:48-51; 18.16). Não é coincidência, que o próprio Jesus foi entregue por Judas em troca de moedas de prata.

Judá reconhece que não há justificativas. “Como nos justificaremos? Achou Deus a iniquidade de teus servos”, provavelmente ele entendeu que Deus estava punindo eles pelo que haviam feito com José. E com humildade, Judá se humilha diante daquele homem que segundo ele “é como o próprio Faraó”. Ao longo da história do povo hebreu, a tribo de Judá teria um papel fundamental na intercessão e reconciliação do povo com Deus, uma vez que o Templo de Jerusalém estava em Judá. Além da importância da tribo na linhagem messiânica, a sua liderança entre as tribos de Israel são prefiguradas na atitude de Judá. O discurso de Judá não poderia ser mais sábio e sensato. Judá, em respeito à justiça da sentença de José, e para mostrar a sua sinceridade em sua súplica, ele se oferece como servo no lugar de Benjamim. Assim a lei e a justiça seriam cumpridas. É natural se supor que Judá tivesse um corpo mais forte e robusto que o de Benjamim, mais adequado para o trabalho pesado. Portanto, se o governante usasse de misericórdia e aceitasse a troca, ele também não sairia perdendo porque estava sendo ofertado um que era superior ao “pecador”. Judá preferia sofrer na pele aquela condenação do que deixar seu irmão e seu pai sofrerem toda aquela situação.

O escritor da carta aos Hebreus ressalta que Cristo é o descende da tribo de Judá (Hebreus 7:14). De maneira similar a Judá, Cristo atuou como intercessor pelos pecadores, assumindo um compromisso firme para com eles, como revelado em Hebreus 7:22. Essa ação demonstra seu profundo engajamento não apenas com Deus Pai, mas também com a humanidade, seus irmãos. Impressiona a transformação de Judá, alguém que antes estava interessado somente em si mesmo e em ganhos pessoais (37:26-27; 38:1-30) e agora age como alguém pronto a se envolver, mesmo que com perda pessoal, pelo bem dos outros (vs. 33-34). Aquele velho Judá egoísta foi embora, dando lugar a uma nova pessoa que até lembra o Filho de Deus.

Portanto, quando você lê sobre Judá vendendo seu irmão, abrindo mão da sua família e das promessas, sendo injusto com sua nora… você está vendo o velho Judá. Quando você lê em Gênesis 44, e vê um homem corajoso, cheio de sabedoria, eloquência e um amor sacrificial profundo pelo pai e pela família...você está vendo um novo Judá, transformado a imagem de Cristo.

"Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gálatas 2:20) 

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A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 43: O Fiador

Os filhos de Jacó estavam tentando convencer seu pai a deixá-los levar Benjamim para o Egito. As palavras de Judá são ainda mais corretas do que as de Rúben (Gn 42:37). Rúben tinha prometido a vida de seus dois filhos, caso não lhe fosse possível trazer a Benjamim, são e salvo ao pai (42.37). E isso não convenceu Jacó. Mas Judá coloca a si mesmo como garantia de um pacto. A partir desse momento, Judá passou a ser porta-voz de seus irmãos (cf. v. 8-10; 44.14-34; 46.28). Sua tribo passaria a ter preeminência entre as 12 (v. 49.8-10).

Judá toma a frente e diz para Jacó: “Eu sou fiador dele (o verbo transmite a ideia de trocar de lugar com outro) a mim me pedirás conta dele: se eu não o devolver a ti e o puser diante de ti serei para ti o culpado todos os dias”. Literalmente, “eu serei um pecador” (isto é, sujeito a castigo como pecador). Judá quer dizer que se não voltar com Benjamim terá quebrado sua promessa e será culpado de uma grave transgressão contra seu pai. Vem-nos, imediatamente ao pensamento o divino Descendente de Judá, quando refletimos no emprego da palavra “culpado” (“pecado”, em hebraico hatta). Cristo deu a sua vida “como oferta pelo pecado” (Is 53.10) e “foi feito pecado por nós” (2 Co 5.21) a fim de que pudesse levar-nos salvos para o Pai Celestial. Este momento em que Judá se coloca como um fiador é uma prefiguração da obra de redenção realizada por Jesus no Novo Testamento. Na trama, emerge a figura de Judá como um exemplo marcante de substituição. No capítulo seguinte, diante da iminente ameaça à vida de seu irmão Benjamim, Judá se apresenta voluntariamente para ocupar o lugar do irmão, e tornar-se escravo no Egito. Essa decisão não apenas revela a profunda preocupação de Judá com o bem-estar de seu pai Jacó, mas também destaca uma notável disposição para assumir a culpa e as consequências em favor de outro. Essa atitude de Judá encontra ressonância na mensagem central do Evangelho, onde Jesus, o Filho de Deus, se apresenta como o supremo substituto.

O paralelo entre Judá e Jesus se torna evidente quando observamos a disposição de ambos para assumir a culpa em prol de outros. Assim como Judá ofereceu sua liberdade para garantir a segurança de Benjamim, Jesus ofereceu sua vida na cruz para redimir a humanidade do peso do pecado. A substituição de Judá, embora nobre e comovente, é limitada e temporária. Por mais bem intecionado que Judá estivesse, ele não poderia realmente garantir que Benjamim voltaria aos braços do pai. No entanto, tal disposição aponta para a substituição definitiva realizada por Jesus. Em sua morte na cruz, Jesus não apenas assumiu a culpa, mas também proporcionou perdão, reconciliação e salvação eterna. Ao contemplarmos o capítulo 43 de Genêsis e compararmos com a obra de Jesus, somos lembrados do extraordinário amor de Deus manifesto na substituição que nos oferece vida e um caminho seguro de volta para o Pai.

“Jesus transformou-se, por essa razão, no fiador de uma aliança superior.” (Hebreus 7:22)


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