quarta-feira, 5 de março de 2025

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Jesus em Êxodo 3: O Verbo se fez Carne... e Substantivo

Moisés pastoreava ovelhas quando Deus o convocou para ser pastor de homens, semelhante a Davi (Salmos 78.71). E de forma análoga, Jesus convocou pescadores para se tornarem pescadores de homens. (Mateus 4:19). A mesma voz que convocou um pastor do deserto para ser o fundador da igreja do antigo testamento, depois convocou pescadores de seus barcos, para serem os fundadores da igreja do novo testamento.


O “Anjo de YHWH” ou ainda “Anjo YHWH” (maVak YHWH) apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça, que não se consumia. Deus diz para Moisés não se aproximar porque aquele lugar era terra santa. O Anjo do SENHOR estava na sarça, mas como em outros textos da escritura, esse Anjo é diferente dos outros anjos, sempre ele aparece na Bíblia de maneira intrigante, porque ele fala como se fosse o próprio Deus. E sempre que ele aparece fica aquela dúvida: É um anjo de Deus ou é o próprio Deus? Muito diferente dos outros anjos. Ele é Deus visivel para nós. Diferente de Deus, mas ainda é Deus.


Se o Anjo do Senhor é chamado de YHWH (ou Yahweh) pela Torá, qual impedimento teríamos de dizer que o Filho único de Deus é YHWH? Ele é Deus visivel para nós. Diferente de Deus Pai, mas ainda é Deus.


Esse anjo-pessoa tem características reais: exerce autoridade, exige obediência e decreta ordens. Fala como soberano tanto do Egito como de Israel. Exige humildade em sua presença. Expressa uma preocupação de pastor para com seus súditos; ele os ouviu e respondeu ao seu clamor. Ele liberta seu povo ao mesmo tempo que faz o julgamento dos opressores. Ele protege os escravos e provê para eles. Ele é compassivo e pode demonstrá-lo em virtude de sua autoridade e poder. A conclusão é inconfundível: ele tem todas as características que se espera de uma figura messianica considerado do ponto de vista espiritual, moral, econômico, político ou militar. A expressão maVak yhwh no sentido mais estrito é realmente messiânica — ele é o Messias em manifestações pré-encarnadas.

Este fogo não estava em um cedro alto e majestoso, mas em uma sarça, um arbusto com espinhos (este é o significado da palavra hebraica). Porque Deus escolhe os fracos e despreza as coisas altivas do mundo (assim como Moisés, que agora era um pobre pastor de ovelhas), para com eles confundir os sábios. Segundo Tito Flávio Clemente, conhecido como Clemente de Alexandria (150-215 d.C.), haveria conexão entre esses espinhos da Sarça e a coroa de espinhos que Jesus recebeu em sua crucificação, algo que indicaria o sofrimento humano (advindo da maldição de Gênesis 3:18, que diz que a terra produziria espinhos) e a presença redentora de Deus (na qual Cristo carrega essa maldição sobre si). .

Deus diz para Moisés não se aproximar porque ali era terra santa. A cena é um protótipo do que seria o tabernáculo, uma pessoa da tribo de Levi se aproximando da terra santa onde Deus estava presente, e a sarça que não se consumia prefigurando o candelabro, cuja luz não se apagava. 

Deus se apresenta dizendo “Eu Sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó!”. O SENHOR JESUS usou justamente esse trecho para responder os saduceus (que não acreditavam na ressurreição), deixando-os sem resposta ao comentar “Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Mateus 22:32, Marcos 12:27 e Lucas 20:38). Pois Deus não disse que “era” o Deus de Abrãao, Isaque e Jacó, mas disse “eu sou” no presente. Um pequeno detalhe que deixa claro a realidade da ressurreição e a precisão do texto bíblico até nos mínimos detalhes.

E chegando ao clímax do texto, Moisés pergunta o nome de Deus. E Deus responde “Eu sou o que Sou”, ou se formos mais técnicos a tradução seria “Eu Serei o que Serei”. Segundo o professor e hebraísta Luiz Sayão, coordenador da tradução NVI, o sentido é “Eu escolherei ser aquilo que Eu decidir”. Diferente dos ídolos egipcios, onde aqueles que tinham acesso ao nome do ídolo ganhava um certo controle sobre a divindade, o Deus de Israel é Soberano e deixa claro que não pode ser controlado por ninguém. Nas palavras de CS Lewis “Ele não é um leão domesticado”.
Dessa expressão “Eu Sou o que Sou” ou “Eu Serei o que Serei”, que se forma o tetragrama YHWH (יהוה). que é uma forma derivada do verbo "ser" em hebraico. O verbo Ser transformado em substantivo, isto é, o nome de Deus.

Alguns capítulos mais tarde, YHWH promete enviar o “Anjo do Senhor” para conduzir seu povo, e diz que Nele habitava seu Nome:

"Enviarei um anjo à sua frente para protegê-los ao longo da jornada e conduzi-los em segurança ao lugar que lhes preparei. Prestem muita atenção nele e obedeçam as suas instruções. Não se rebelem contra ele, porque não perdoará sua rebeldia, pois nele está o meu Nome." (Êxodo 23:20-21)


O nome de Jesus em hebraico "Yeshua" (ישוע) uma abreviação de "Yehoshua" (יהושע) carrega dentro de si o tetragrama YHWH (יהוה), simbolizando que Jesus carrega em si a essência de Deus. O nome de Jesus literalmente significa "YHWH é salvação" ou “A Salvação pertence a YHWH”. Implicitamente liga os conceitos de Deus como salvador e redentor através de Jesus. E de fato, em JESUS está o nome de DEUS.

YHWH se fez carne e habitou entre nós, e o conhecemos como Yeshua (Jesus). Como um novo Êxodo, YHWH novamente diz “Desci para livrá-lo” (v. 8), não mais numa sarça no deserto, mas agora numa humilde manjedoura. O Verbo novamente se fez Substantivo (Jesus), mas não apenas isso, se fez carne também.

Mas o Deus Eterno, cujo universo inteiro não pode o conter, poderia se tornar um simples ser humano? A resposta está no seu próprio nome “Eu escolherei ser aquilo que Eu decidir”.

“E toda a língua confesse que Jesus Cristo é YHWH, para glória de seu Pai Elohim” (Filipenses 2:11)

“Ninguém pode dizer: "Jesus é YHWH", a não ser pelo Espírito Santo” (1 Corintios 12:3) 


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Jesus em Êxodo 2: O Cesto e a Manjedoura

Os judeus do passado já percebiam ao ler o capítulo 2 de Êxodo, que existe um paralelo evidente entre Noé e Moisés. Ambos são apresentados como figuras salvadoras em momentos críticos da história do povo de Deus. Ambos flutuam na água em uma "teva" — uma palavra hebraica usada tanto para a arca de Noé quanto para o cesto de Moisés. Em ambos os casos, a "teva" é impermeabilizada com piche, representando proteção divina em meio às águas, que tanto simbolizam juízo quanto salvação.

A relação entre água e o salvador é significativa. Noé é salvo para preservar a criação da destruição, enquanto Moisés é salvo para libertar o povo de Israel da escravidão no Egito. Paralelamente, há outros elementos que conectam suas histórias, como o período de 40 dias e noites. Ambos passam esse tempo em isolamento: Noé dentro da arca, aguardando o fim do dilúvio, e Moisés nas alturas do Monte Sinai, recebendo a Lei. Nesse sentido, Moisés surge como um Novo Noé, mas com um papel superior — ele não apenas preserva a vida, mas conduz o povo à libertação e à aliança com Deus. Ao que parece, Deus gosta de contar histórias usando paralelismos.

Contudo, Moisés não é o fim da história. Seu papel como salvador aponta para alguém ainda maior, um paralelo ainda mais importante: Jesus, o Salvador definitivo. Ele foi batizado no Jordão, marcando o início de Sua missão, e na sequência ficou no deserto por 40 dias. Mais ainda, Jesus é a verdadeira "teva", a arca que protege os que estão Nele da condenação eterna. Noé salvou uma família. Moisés salvou uma nação. Jesus salvou o mundo. A revelação de Deus na história é progressiva, e Jesus é o ponto máximo da revelação.

Houveram dois decretos sangrentos assinados para a destruição de todos os meninos que nasciam aos hebreus. Assim foi no nascimento de Moisés, e assim foi no nascimento de Jesus. O cesto de Moisés e a manjedoura de Cristo nos mostram a humildade e a providência de Deus, mesmo nas situações mais adversas. Em ambos os casos, a graça de Deus operou de maneiras inesperadas, usando o que é simples para realizar o extraordinário.


Moisés era um levita.Precisamos lembrar que Jacó deixou Levi sob marcas de desgraça (Gn 49.5). No entanto, Moisés aparece como um descendente dele, para que pudesse tipificar a Jesus, que veio em semelhança de carne de pecado e se fez maldição por nós. Com a chegada do mediador do pacto, Levi tem sua sorte mudada.


Durante três meses Anrão e Joquebede precisaram esconder Moisés sob o risco de suas próprias vidas, tipificando Cristo, que, em sua infância, foi escondido por José e Maria também no Egito (Mateus 2.18), e foi extraordinariamente preservado, enquanto muitos inocentes foram mortos. No quadro dos heróis da fé, o autor de Hebreus (cap 11:23) menciona os pais de Moisés que, pela fé, não temeram o decreto do rei. E podemos pensar na fé de José e Maria que demonstraram obediência e fé ao fugir para o Egito conforme a orientação divina, numa longa viagem com uma criança recém nascida (Mateus 2:13-15). Ambos os casais confiaram em Deus em meio à perseguição mortal contra seus filhos, agindo com coragem para salvá-los.


Como o texto deixa claro, Moisés é um nome egípcio dado pela filha do Faraó. E uma vez que os Evangelhos foram escritos em grego, o Filho de Deus também recebeu um nome gentilico, que é “Iesus”, a semelhança de Moisés. Moisés, sendo o grande legislador judeu, ter um nome egípcio é uma indicação aos gentios (povos não judeus), que há uma esperança para o futuro, conforme foi profetizado quando o próprio Deus dirá “Bendito seja o Egito, meu povo [...] e Israel, minha herança” (Isaías 19.25).


E por fim, Moisés não foi reconhecido pelo seu próprio povo, mesmo depois de se sacrificar e se colocar em risco por eles, o hebreu lhe questionou: "Quem o nomeou líder e juiz sobre nós?”. Jesus também abrindo mão do palácio celestial, se colocou em condição de servo, “veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11), e recebeu o mesmo questionamento dos líderes religiosos: "Com que autoridade estás fazendo estas coisas? Quem te deu esta autoridade?" (Lucas 20:2).


“Pela fé, Moisés, sendo homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado. Ele entendeu que ser desprezado por causa de Cristo era uma riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a recompensa. Pela fé, Moisés abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a ira do rei, pois permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” (Hebreus 11:24-27) 


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Jesus em Êxodo 1: 400 anos de silêncio


O livro de Gênesis termina com a morte de José. E logo no início, o livro de Êxodo nos diz que, depois da morte de José, “os filhos de Israel foram férteis, e aumentaram muito, e se multiplicaram, e grandemente se fortaleceram, de maneira que a terra se encheu deles”.

José, sendo um símbolo que prefigura o Messias, já antecipava o que havia de acontecer depois da morte de Cristo. Depois da morte de Cristo, o Israel de Deus (a Igreja) começou a aumentar de forma gigantesca, de maneira que a Terra se encheu do povo da Aliança. A morte de Jesus foi como semear um grão de trigo, que, morrendo, dá muito fruto (João 12.24). “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos” (Atos 6:7). Este aumento extraordinário foi o cumprimento da promessa feita muito tempo antes, aos pais, desde o chamado de Abraão, quando Deus lhe disse pela primeira vez que faria dele uma grande nação e multidões de nações.

“Todavia, quanto mais eram oprimidos, mais numerosos se tornavam e mais se espalhavam” (Êxodo 1:12), e esse crescimento em meio à dura perseguição também aconteceu com a igreja cristã do primeiro século: "Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria. [...] mas os que foram dispersos iam por toda parte, anunciando a palavra." (Atos 8:1, 4). Em ambos os casos, tanto no Israel do Êxodo quanto na Igreja do livro de Atos, o povo de Deus cresceu de modo que parecia uma ameaça aos donos do poder político, que, sentindo-se ameaçados, perseguiram e oprimiram o povo de Deus. Ainda hoje, 3500 anos depois, continua sendo política dos perseguidores difamar o Israel de Deus como um povo perigoso, nocivo, em quem não se deve confiar, nem tolerar, para que possam ter algum pretexto para o tratamento bárbaro que lhes destinam (Esdras 4:12; Ester 3:8).

Com a morte de José, uma nova figura surgirá para prefigurar o Messias. Um novo profeta governará o povo de Deus. Mas desde a morte de José até o nascimento de Moisés, o mediador do antigo pacto, temos um período de 400 anos. E, curiosamente, desde o último profeta do Antigo Testamento até o nascimento de Jesus (o mediador do novo pacto), temos também um período de 400 anos. Em ambos os casos, não há registro ou indícios de que Deus tenha dado alguma revelação ou se comunicado por sonho, visão ou profetas. Nos 400 anos depois da morte do profeta Malaquias e que antecederam o nascimento de Jesus, parecia que Deus estava em silêncio, conforme diz a tradição judaica registrada no Talmud (que não é um texto sagrado):

“Nossos Rabinos ensinaram: Desde a morte de Ageu, Zacarias e Malaquias, os últimos dos profetas, o Espírito Santo cessou de Israel.” (Sanhedrin 11a)

Nesse tempo, surgiram os apócrifos (livros não inspirados por Deus), houve um aumento do misticismo e um esoterismo emergente em Israel. Um dos apócrifos produzidos nessa época chega a mencionar que houve um período de grande aflição em Israel e menciona a ausência de profetas como parte dessa situação:

“Foi então grande a tribulação em Israel, qual nunca fora, desde o tempo em que cessaram os profetas de aparecer no meio deles.” (1 Macabeus 9:27)

Nos 400 anos de Israel no Egito, também aconteceu que muitos israelitas se uniram aos egípcios em seu culto idólatra e esotérico. Por essa razão, lemos na Escritura Sagrada (Jeremias 24:14) que eles serviram a outros deuses no Egito, a ponto de que Deus havia ameaçado destruí-los por causa disso (Ezequiel 20:8). De fato, “quando não há profecia o povo se corrompe” (Provérbios 29:18).

Assim, em ambos os períodos, tanto com Moisés, mas de forma ainda mais profunda com Jesus, Deus mostrou que, mesmo em tempos de aparente silêncio, Ele estava trabalhando para cumprir Suas promessas. Quando os tempos se cumpriram, Deus rompeu o silêncio de forma poderosa e inesperada, trazendo o mediador para restaurar a comunhão com Seu povo e reafirmar Seu pacto.

"Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho" (Hebreus 1:1-2) 


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