terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

19:08 - 1 comment

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 11: A Torre de Babel



Seria de se esperar que um evento na dimensão da Torre de Babel (do hebraico: מִגְדַּל בָּבֶל, que os hebreus identificaram “Bavel” que significa “confusão”, e em acadiano bab-ilu, que significa “Portal de Deus”), com consequências sociais tão profundas nos povos que deram origem as civilizações, fosse registrado não apenas na Bíblia, não é mesmo? Pois então…


“Depois disseram: "Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra".

O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam construindo.

E disse o Senhor: "Eles são um só povo e falam uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que planejam fazer.

Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros".

Assim o Senhor os dispersou dali por toda a terra, e pararam de construir a cidade.

Por isso foi chamada Babel, porque ali o Senhor confundiu a língua de todo o mundo. Dali o Senhor os espalhou por toda a terra. (Gênesis 11:4-9)


Ao redor do mundo existem algumas evidências interessantes que indicam uma origem comum dos povos. Pouca gente sabe, mas a China antiga era monoteista e adorava Shang Ti (que significa: O Deus do Céus ou Deus Altíssimo). As características do “Deus Altíssimo” que os chineses adoravam é muito semelhante ao Deus descrito no Antigo Testamento. Um Deus único, santo, justo, bom e que exigia sacrifícios de cordeiros para perdão de pecados. Era o único digno de adoração e não podia ser adorado através de imagens ou de ídolos. A escrita do chinês antigo, onde palavras se formam a partir da junção de outras palavras, revela algo muito interessante. A impressão que transmite, é de que eles conheciam as histórias do Gênesis. Repare com atenção:


Em 1823, Jean-Pierre Abel-Rémusat, especialista em literatura chinesa, publicou uma interessante tradução dos trabalhos de Lao Zi (fundador do Taoísmo) no qual se vê uma semelhança no nome do Ser Supremo com o nome de Deus em hebraico YHVH.


Por volta de 1066 a 770 a.C, que a história de Ninrode parece ter se repetido na China,  quando um ambicioso imperador determinou para si o título de “Suficientemente Bom”, proibindo o culto à Shang Ti. Pensa-se que foi a partir desse ponto que a China começou a ser tornar politeísta, pois ao povo comum foi proibido render culto diretamente a Shang Ti. Foi imposta a ideia que eles seriam “muito pequenos e humildes diante de Shang Ti, portanto somente o “grande pai Imperador” podia prestar culto diretamente à Ele.


Histórias similares encontramos em vários povos, por exemplo na Suméria, encontramos o  An (o Deus do Céus). Ou mesmo no Egito antigo, encontramos cânticos ao Único Deus: 


“Ele existia no princípio, quando nada mais existia. Tudo o que foi criado, Ele criou [...] Ele é a verdade, Ele vive na verdade, Ele é o rei da verdade. Ele é vida; através dele o homem vive; Ele dá a vida ao homem, Ele assoprou vida para as suas narinas... Ele mesmo é a existência; Ele não aumenta nem diminui. Ele criou o universo, o mundo. o que era, o que é, e o que ainda será … Ele ouve todos os que clamam a Ele, ele recompensa os seus servos; todos os que o reconhecem são conhecidos por Ele. Ele protege os seus seguidores”
(E.A. Wallis Budge, Osiris (New Hyde Park, N.Y: University Books, 1961) p. 357.)


Ou ainda na Índia encontramos em sua escritura mais antiga, o Rig Veda: 


No princípio, quem nasceu? O Senhor, o Senhor Único de todas as coisas que existem, Aquele que criou a Terra, formou o céu, que dá vida e força, a quem os deuses de petição reverenciam como o DEUS ÚNICO. (Rig Veda excerpt from Selwyn Gurney Champion & Dorothy Short, Readings from World Religions (Greenwhich, Conn., Fawcett Publ., 1951) pp. 26-27.)


Cada uma dessas sociedades foram modificando suas narrativas iniciais de Deus, e se tornaram politeístas, desenvolveram ”suas próprias Babéis”, suas próprias religiões, gurus, objetos mágicos e rituais para acessar a Deus. 


A Torre de Babel como relatado na Bíblia, possuía uma descrição a respeito do material usado para a sua construção, em Gênesis 11:3 “Disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos e queimá-los bem”. Usavam tijolos em lugar de pedras, e betume em vez de argamassa.”     Historiadores possuem resíduos de mais de 4 mil anos em que se pode notar claramente uma espécie de resíduo entre as pedras, similar ao betume (piche) como a Palavra descreve. Essas Torres eram conhecidas na arqueologia como Zigurate, “monumento em forma de pirâmide, construído em patamares superpostos, característico da arquitetura religiosa mesopotâmica, com acesso por rampas e escadarias ao topo, onde se erigia um santuário, para a salvaguarda das provisões de cereais e para observação dos astros.”


 Em 1872, George Smith, Arqueólogo Inglês, descobriu um tablete cuneiforme que trazia o seguinte relato acerca da edificação de um zigurate que provavelmente poderia ter sido a torre de Babel:

"A Edificação desta torre ofendeu a todos os deuses. Numa noite eles [deitaram abaixo] o que homem havia construído e impediram o seu progresso. Eles [os construtores] foram espalhados e sua língua se tornou estranha."

Novamente a arqueologia encontrou uma evidência do relato bíblico, dessa vez da confusão de línguas ocorrida em Babel.


Histórias similares ao relato bíblico são encontrados pelo mundo. Antigas lendas chinesas dizem que a divisão do idioma original fez “com que o Universo desviasse do caminho certo”. Na mitologia Persa, Ahrima (um deus persa) pulverizou a linguagem dos homens em 30 idiomas. Os espanhóis que chegaram no México no início do século dezesseis (1517) ficaram impressionados porque encontraram por lá uma lenda de uma torre como a de Babel que foi construída para servir de abrigo contra um próximo dilúvio, e seus construtores também se desentenderam por conta de uma confusão de línguas. O "Popol Vuh", um registro dos maias que sobreviveu e chegou até nosso tempo, contém este extraordinário trecho:

"Aqui as línguas das tribos mudaram e sua fala ficou diferente. Tudo que ouviam e compreendiam ao partir de Tulán tornou-se diferente. (...) Nossa língua era uma quando partimos de Tulán. Ai, esquecemos nossa fala."


No relato bíblico da torre de Babel, os homens em sua prepotência queriam construir um caminho que chegasse ao céu. A tentativa aparentemente bem intencionada, na verdade revelava a rebelião da raça humana contra o seu Criador, tentando não se espalhar pela Terra conforme a ordem do Senhor. Não queriam “glorificar a Deus” por meio de suas vidas, mas buscavam sua própria glória. Eles queriam ir pro céu, mas não queriam Deus lá. Mesmo hoje, todos querem ir pro céu, mas não querem encontrar o Deus da Bíblia lá.

Em todas as religiões do mundo, você encontrará o homem criando caminhos para encontrar conquistar o paraíso. Cada um tentando criar sua própria torre para alcançar a Deus. O Evangelho, porém, mostra que é Deus que encontra o homem. A Torre de Babel e essa tentativa de conquistar os céus soa ridícula para um homem do século XXI, mas porque não soam igualmente ridículas as nossas tentativas de alcançar um Deus infinitamente Santo com nossos próprios méritos, com nossa religião, com nossa moralidade...? Por maior que parecesse a torre de babel, a Bíblia diz que “desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam”, ela não parecia grande aos olhos de Deus, e por isso Ele teve que descer para ver. Assim são nossas obras, às vezes parecem grande coisa aos nossos próprios olhos atravessar uma velhinha na rua, mas não são elevadas o suficiente para o Altíssimo. Somos 100% salvos pela graça, sem participação humana, de modo que “ninguém pode reclamar mérito algum nisso” (Efésios 2:9), todos os méritos são de Cristo.


Não tem como falar de Babel, e não lembrar de Pentecostes, onde parece que o efeito-Babel é eliminado por Deus (Atos 2). Ao contrário de Babel, no Pentecostes eles não tinham a mínima intenção de chegar, por conta própria, até Deus. Estavam temerosos, perseguidos e clamando por auxílio de Deus. E o Senhor manifesta sua face consoladora, pessoas de diferentes idiomas e nações entenderam a mensagem do Evangelho, pois os discípulos passaram a pregar na língua daqueles homens. Ao invés de confusão, houve entendimento. Quebrou-se a maldição de Babel. Todos são novamente um só povo. Todos se entendem plenamente. É o nascimento de algo novo: a Igreja de Cristo.

E para isso foi necessário que Jesus Cristo fosse punido em nosso lugar. Para que Deus pudesse perdoar gratuitamente pecadores sem deixar de ser justo, foi necessário que o Cordeiro de Deus, perfeito e sem qualquer pecado, fosse morto debaixo do Juízo e castigo de Deus. E assim diz a minha formação ortográfica preferida do chinês antigo: 

Eu + Cordeiro = Justo.

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

17:54 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 10: O Rei das Nações

Por muito tempo os cientistas darwinistas separaram a humanidade em raças diferentes, umas mais evoluídas e outras menos evoluídas. O racismo ganhou respaldo pelos estudos do médico naturalista Samuel Morton, que estava convencido de que as pessoas poderiam ser classificadas em cinco raças. O próprio Charles Darwin, que leu o texto de Morton, considerou-o uma “autoridade” na discussão racial. A aplicação da teoria da evolução justificaria que alguns humanos seriam mais evoluídos do que outros.

No século XIX as ideias evolucionistas de Darwin, se tornaram um grupo de ideias que foi denominada como darwinismo, tais ideias passaram a ser usadas por outros estudiosos para dar origem ao chamado darwinismo social, que foi um grupo de pensamento que se manifestou em diversos estudos sociológicos, antropológicos, geográficos, arqueológicos e históricos a concepção de "evolução social e cultural". Veja o absurdo que foi publicado num famoso jornal de medicina: 

“Parabéns para Morton por ter conferido ao negro a sua verdadeira posição como raça inferior” (Charleston Medical Journal).

O absurdo chegou ao ponto de um vencedor do prêmio Nobel, James Watson, defender que os negros eram menos inteligentes. O resultado você conhece: surge o nazismo na Alemanha defendendo que os alemães eram uma raça pura, mais evoluída... Tais ideias justificaram atrocidades e milhões de mortes na Segunda Guerra Mundial.

“A compaixão se opõe de modo geral à lei da evolução, que é a lei da seleção.” (Nietzsche, o autor preferido de Hitler e grande critico do Cristianismo)

Enquanto a ciência da época acreditava em unicórnios saltitantes, os cristãos que conheciam o capitulo 10 de Genesis (e muitos outros capítulos da Bíblia) batiam o pé e diziam "Parem com o absurdo! Só existe uma raça humana!". O tempo passou e estudos recentes nas mitocôndrias concluíram que todos os humanos eram descendentes de um grupo muito pequeno de mulheres, e essas mulheres descendem de uma mesma ancestral comum (que os cientistas apelidaram de "Eva mitocondrial"). Por muito tempo a variedade na raça humana e as diferentes cores de pele foram usadas como argumento dos evolucionistas contra os cristãos, mas os estudos recentes mostram que na verdade todos temos a mesma cor de pele, a única diferença é a quantidade da mesma melanina que cada um tem.

A genealogia apresentada em Gênesis 10:1-11 não é exaustiva, ou seja, não contém todas as nações mencionadas no Antigo Testamento, porque seu principal objetivo é apresentar a humanidade na sua diversidade, originárias de um único Criador, o Deus Eterno. Devemos sempre levar em consideração essa extensão universal do interesse de Deus com cada pessoa. Todo ser humano carrega uma dignidade intrínseca a ele apenas porque possui a "imagem e semelhança de Deus", e nada e nem ninguém pode lhe tirar isso. Ou nossa dignidade vem do Criador ou ela estará sujeita as convenções sociais de cada época.

Vemos no capitulo 10 que dos três filhos de Noé, descenderam as nações que existem na terra. Ao todo, 70 nações são mencionadas. Mas dado as misturas de povos e a não-documentação das descendências, seria praticamente impossível afirmar que determinado grupo ou pessoa hoje seriam descendentes de uma destas setenta nações. A única exceção para isso foram os judeus, que foi o único povo que conservou uma lista com os nomes dos pais e dos filhos, e justamente por causa disso pudemos identificar o Messias quando Ele chegou.

Mas o texto nos aponta a origem dos povos gentios como sendo descendentes de Jafé:

"Por estes foram repartidas as ilhas dos gentios nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações" (Gênesis 10:5) 

Todos os lugares para além da Judéia, são chamados ilhas (Jr 25.22). Lembra a profecia do capitulo 9 de Gênesis, de que a descendência de Jafé viria habitar na tenda de Sem? Isaias completa o que foi dito e profetiza algo parecido "As ilhas aguardarão a sua doutrina" (Is 42.4), se referindo a conversão dos gentios à Jesus Cristo.

Da linhagem de Cam, que estava sob a maldição de Deus, surgiu Ninrode. Ninrode virou um homem poderoso na terra. Os que foram anteriores a ele contentavam-se em estar no mesmo nível de seu próximo e, em serem iguais aos demais, nenhum pretendia ser maior, mais importante e mais poderoso. Ninrode estava decidido a tornar-se Rei e Senhor sobre os demais. O pecado da ambição dos gigantes que viveram antes do Dilúvio, reviveu em Ninrode.

A descendência de Cam aparentemente prospera mesmo debaixo da maldição, e a de Sem (na qual repousava a benção do Senhor, e pela qual haveria de vir o Messias) cresce menos e parece mais pobre em relação aos demais. Aos olhos humanos, a profecia parecia não estar funcionando. Canaã tem aqui uma terra muito superior do que as de Sem ou Jafé, posses, poder e tudo mais, mas ainda assim a Bíblia diz que sobre Sem e Jafé que estava a bênção. De Sem veio Éber (o nome "hebreus" significa "filhos de Éber "), de onde viria Abraão, Moisés, Davi, e claro Jesus Cristo. Muito melhor é ser como Sem, o pai de uma família de homens santos, generosos e piedosos, pobres aos olhos do mundo, mas que possuem uma riqueza eterna, do que ser o pai de uma família de caçadores de poder, de riquezas corruptíveis e temporais. Jesus é o verdadeiro tesouro. 

Naquele tempo chamavam Ninrode de valente. Mas enquanto lia o texto, fiquei pensando que muito mais valente que Ninrode foi Jesus que abriu mão do pódio e do trono, e por amor preferiu a cruz. Essa valentia Ninrode jamais experimentou. Portanto, nosso exemplo de valentia, hombridade e liderança é o de um líder que se fez servo, de um governante bondoso e amoroso, que deu a vida em favor dos que estão sob o seu governo. Isto sim é valentia. Este sim é um rei que vale a pena servir.

Setenta povos ou tribos estão relacionados aqui, simbolizando a totalidade dos povos que se dividiram e se espalharam pelo mundo. Em Lucas 10.1, Jesus reúne 70  discípulos (uma representação das 70 nações que representam o mundo inteiro) e mais tarde os envia para pregarem o Evangelho para todas as nações.

Jesus Cristo derrubou todas as barreiras que nos separavam. Agora “já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos” (Cl 3.11; veja também Efésios 2.11-22).


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domingo, 1 de novembro de 2020

05:21 - 1 comment

"Sou um cristão, isto significa..." (Augustin Louis Cauchy)

 


"Sou um cristão, isto significa: creio na divindade de Jesus Cristo juntamente com Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Fermat, Leibniz, Pascal, Grimaldi, Euler, Guldin, Boscowitsch, Gerdil, com todos os grandes astrônomos, todos os grandes pesquisadores das ciências naturais, todos os grandes matemáticos dos séculos passados. E se porventura me perguntarem pela razão, terei prazer em explicá-la. Verão que minha convicção é resultado de estudo cuidadoso e não de preconceitos." (Augustin Louis Cauchy, matemático e físico)

sábado, 31 de outubro de 2020

18:56 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 9: A Profecia de Noé

Do verso 20 ao 27 do capitulo 9 de Gênesis, a Bíblia descreve que Noé embriagou-se e ficou nu dentro da sua tenda. O texto é bem breve, mas conta que seu filho Cam vendo a nudez de Noé, sai para contar para seus dois irmãos o estado deplorável que o pai se encontrava. Sem e Jafé, colocaram uma capa sobre os ombros e de costas cobriram a nudez do pai, sem que a vissem. Noé quando recobre a consciência, faz algumas profecias que resumiriam a história da descendências de cada um dos seus filhos: 

"Maldito seja Canaã; seja servo dos servos a seus irmãos. E ajuntou: Bendito seja o Senhor, Deus de Sem; e Canaã lhe seja servo. Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem; e Canaã lhe seja servo." (Gênesis 9:25-27)

Noé pronuncia uma maldição contra Canaã, o primogênito de Cam, talvez este seu neto tenha sido mais culpável do que os demais. O cumprimento desta profecia, que quase contém a história do mundo, libera Noé da minha suspeita inicial de tê-la pronunciado por sua ira pessoal ou desejo de vingança. Não sei se Noé tinha a noção da profundidade das coisas nas quais ele estava falando. Imagino que Moisés ao reescrever essa história entendeu que estava predestinado desde o inicio que os judeus  (descendentes de Sem) tomariam a terra prometida dos cananeus (povos descendentes de Canaã), nas quais foram passados à espada ou levados cativos para pagar tributos.

Mas há um sentido ainda mais profundo e importante:

Primeiro, que o Espírito Santo utilizou a ofensa de Cam para revelar os seus propósitos eternos. E mesmo depois do dilúvio, a semente da serpente (leia o comentário de Gênesis 3) continuava viva por meio da linhagem de Cam.

A expressão de Noé em louvor a Deus indica também que ele reconheceu que Deus tinha designado Sem seu sucessor. A linhagem da mulher, na qual era prometido um Messias, seguiria adiante também. E de fato, foi da linhagem de Sem que veio Jesus Cristo. Jesus Cristo é o Sem perfeito, aquele que cobriu não apenas o pecado de um único homem, mas cobriu o pecado de incontáveis multidões. Sem era apenas um símbolo que apontava para seu descente, o Messias.

No meu comentário sobre o capitulo 5 de Gênesis, vimos que o nome de algumas pessoas da linhagem do Messias de alguma forma apontavam alguma característica de Jesus. Sem (Shem), significa "Nome" em hebraico. Soa estranho alguém colocar o nome do seu filho de "Nome", mas se tratando da linhagem do Messias, é razoável supor que haja um propósito por trás disso. Inclusive em hebraico se usa Shem com o artigo definido "Ha" para se referir a Deus, ou seja "HaShem" (no hebraico: השם) significaria "O Nome" em português. Sem (ou Shem) apontava para seu descendente que haveria de receber "o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai." (Filipenses 2:9-11)

Outro detalhe importante: Noé diz na profecia que "Engrandeça Deus a Jafé, e habite ele nas tendas de Sem". Essa profecia também só faz sentido se você crer em Jesus Cristo, porque isso nunca ocorreu senão por meio da igreja. Segundo os historiadores, Jafé é considerado o pai dos povos gentios. Os judeus eram o único povo na face da terra que seguiam o verdadeiro Deus, os gentios em nenhum se uniram literalmente ao povo de Israel (Salmos 135:15, Salmos 80:8, Jeremias 46:1), senão no Novo Testamento. Há várias profecias na Bíblia, mostrando que com a chegada do Messias as pessoas entre os povos gentios (que eram inimigos de Deus) se converteriam ao Deus de Israel. E provando que a profecia se cumpriu, cá estou eu, um gentio, milênios depois em terras tupiniquins escrevendo sobre o Messias judeu:

"e a glória do SENHOR vai nascendo sobre ti; [...] mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E os gentios caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. (Isaías 60:1-3)

No Novo Testamento vemos com muita clareza, os descendentes de Jafé entrando nas tendas de Sem, numa referência ao Evangelho se propagando ao redor do mundo. Isso significa que o Evangelho que foi foi manifesto por meio do descendente de Sem, que é Cristo, foi escrito em grego, pregado aos gentios pelo apóstolo Paulo desde a Ásia Menor, Macedônia, Grécia e até chegar à Roma, e por fim se espalhou por todo mundo oriental, alcançando também posteriormente todo o ocidente; fazendo habitar um número incontável do povo de Jafé nas tendas de Sem.

"Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus" (Mateus 8:11)

Wow... quanta coisa sobre Jesus em apenas 8 versículos!

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domingo, 4 de outubro de 2020

11:21 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 9: Um Arco no céu

Após Noé e sua família saírem da Arca, Deus dá algumas direções gerais para eles, mas a partir do versículo 8, Deus faz um novo pacto com a nova humanidade e com toda a criação:

“Confirmo aqui a minha aliança com vocês, seus descendentes e todos os animais que estavam com vocês na embarcação: as aves, os animais domésticos e os animais selvagens, todos os seres vivos da terra. Sim, confirmo a minha aliança com vocês. Nunca mais os seres vivos serão exterminados pelas águas; nunca mais a terra será destruída por um dilúvio”. (Gênesis 9:9-11)

Parece um acordo um pouco estranho para os moldes de acordo que estamos acostumados, porque se trata de um acordo que parece unilateral, apenas Deus assume responsabilidades nesse acordo. A consequências disso são logicamente:

1) a fidelidade de Deus ao seu pacto não depende da fidelidade dos homens.

2) Deus não parece estar interessado numa recompensa ou troca pela sua bondade. Poderíamos deduzir (considerando um Deus Todo Poderoso) que um homem nas suas limitações naturais não poderia oferecer nenhuma contrapartida equivalente da oferta de um Deus que já possui tudo e não precisa de nada. Diferente dos deuses do mundo antigo, ou mesmo os ídolos das religiões do nossos dias que barganham com seus adoradores.

3) Deus escolheu fazer um pacto com a nova humanidade, como um reflexo unicamente da sua misericórdia. Conforme lemos no capitulo 8 onde YHWH – Yahveh – o Deus de misericórdia diz: “e o Senhor[יְהוָה YHVH ou Yahveh] disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz” (Gênesis 8:21). O pacto, portanto, é baseado na bondade de Deus, apesar da maldade do coração do homem. 

4) Visto que a humanidade é persistentemente perversa, demandaria que Deus estivesse perpetuamente destruindo toda a vida na terra. Este pacto permite que a humanidade (e especialmente a linhagem do Messias) cresça e floresça por trás de uma represa da graça retardadora da ira.

E Deus estabelece uma nova aliança com Noé e seus filhos, de que não tornaria mais a trazer tamanha destruição ao mundo novamente, e como símbolo desta aliança Ele estabelece o seu arco nas nuvens do céu.

A pergunta que você deveria fazer:

"Calma ai Lucas... Então Deus aniquilou o mundo antigo com o dilúvio porque não poderia abrir mão da sua justiça. A justiça de Deus demandava que ele punisse os pecadores. Um Deus justo precisa punir quem não é justo. Assim como um juiz justo ou um bom policial jamais deixariam um criminoso escapar impune. Mas agora Deus estabelece uma aliança que não depende do cumprimento das Suas leis... Deus vai agora fazer "vista grossa" pros pecados dos homens?"

De modo nenhum um Deus justo deixaria o pecado impune, e por isso essa história somente pode ser completamente compreendida à luz da obra de Cristo. Vejamos a continuação do texto bíblico:

"Quando eu trouxer nuvens sobre a terra e nelas aparecer o arco-íris, então me lembrarei da minha aliança com vocês e com os seres vivos de todas as espécies. Nunca mais as águas se tornarão um dilúvio para destruir toda forma de vida. Toda vez que o arco-íris estiver nas nuvens, olharei para ele e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres vivos de todas as espécies que vivem na terra". Concluindo, disse Deus a Noé: "Esse é o sinal da aliança que estabeleci entre mim e toda forma de vida que há sobre a terra". (Gênesis 9:14-17)

A palavra em hebraico para arco-íris é קַשְׁתִּי “keshet”. Igual acontece no português com a palavra "arco", no hebraico a palavra Keshet, além de arco-íris, também é usada para se referir a uma das armas mais populares do mundo antigo (arco e flecha). Em vários momentos do Antigo Testamento, a escritura trata o arco como uma arma da justica de Deus:

"Se eles não se arrependerem, Deus afiará sua espada; armará seu arco para disparar" (Salmos 7:12)

"[Deus] Preparou seu arco e me fez alvo de suas flechas. As flechas que ele atirou entraram fundo em meu coração." (Lamentações 3:12,13)

E se Deus não destruiria mais o mundo por causa dos pecados do homem, isso queria dizer que Ele passaria então a tolerar a maldade humana? De modo algum! Mas o arco que Deus virou contra os homens, agora estava virado para o céu, e não mais para a terra. 

Alguns versos antes (Gênesis 9:4), Deus fala contra o derramamento de sangue humano e animal, e no verso 14 ele usa um símbolo de uma arma criada justamente para derramar sangue. Porque certamente agora o sangue derramado não seria de um homem ou animal, mas do próprio Deus-Filho. E por isso o símbolo dessa nova aliança é uma arma apontada para o céu. O símbolo da nova aliança é a morte de Jesus Cristo sob a ira de Deus. O arco justiça de Deus agora esta apontado para Aquele que desde o principio habitava no céus. Portanto, o Deus Criador projetou até as leis da física de refração da luz pelas gotículas de água de modo que mesmo estas antecipassem a mensagem do evangelho, inscrevendo nos céus um arco apontado para cima, não mais na direção dos homens para castigá-los, mas na direção do próprio Deus que receberia o castigo em nosso lugar. 

Trazendo para os nossos dias, talvez soaria algo parecido com isso: "Quando eu trouxer chuva sobre o mundo e a minha Justiça demandar destrui-los novamente como no diluvio, então colocarei a minha arma apontada para o céus, e me lembrarei de não destruir vocês novamente". O arco-íris nos lembra que Deus não deixou os nossos pecados impune, mas Ele puniu seu próprio Filho para que não precisasse mais nos punir.

Não creio que nosso mundo hoje seja melhor do que o mundo condenado nas águas do dilúvio. Se o mundo antigo foi destruído como um memorial da justiça de Deus, o nosso mundo atual permanece como um memorial da Sua paciência e misericórdia. Se Deus ainda não nos destruiu, não é porque somos bons ou melhores que aqueles homens do diluvio, mas é porque há graça represando a ira do Deus infinitamente justo.

2 mil anos atrás no Calvário, todas as flechas represadas do julgamento passado e futuro foram disparadas na carne de Jesus Cristo, a ira acumulada do Juízo foi despejada enquanto Jesus estava pendurado naquela cruz. Jesus recebeu ali dilúvio após dilúvio, juízo após juízo, castigo após castigo em Sua própria alma, a Bíblia nos diz que Deus esmagou Jesus na cruz (Isaías 53:10). Cada pecado que você cometeu na sua vida, cada pecado que eu cometi na minha vida... a punição e dor de todos nossos pecados caíram de uma só vez em Jesus, recebendo no nosso lugar a ira do Deus Todo Poderoso. Aquele era para ser seu diluvio, era pra ser você ali, mas por sua causa e por amor a você, Deus apontou seu arco contra Jesus.

Toda vez que você ver o arco da aliança nos céus, lembre-se do que ele significa e seja grato por tamanho amor.


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domingo, 16 de agosto de 2020

Usando o Dinheiro para Glorificar a Deus - MultipliqueOn Podcast

O MultipliqueOn é um programa que visa fortalecer a troca de experiências entre lideranças cristãs com o foco no trabalho com as novas gerações. É promovido pelo Ministério com a Igreja Local da Palavra da Vida. Fui convidado pra uma conversa com o pessoal do MultipliqueOn, e o tema era "Usando o Dinheiro para Glorificar a Deus".


14:12 - No comments

A revelação de Jesus Cristo em Gênesis 8: Saindo da Arca

Um vento impetuoso:

“E lembrou-se Deus[Elohym] de Noé, e de todos os seres viventes, e de todo o gado que estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e aquietaram-se as águas.” (Gênesis 8:1)

O nome usado para Deus nesta passagem é אֱלֹהִים (Elohym) no texto em hebraico. Aqui, a conotação desse nome é “Deus de Justiça”. O Deus que é infinitamente justo e que puniu a humanidade, também é rico em misericórdia não se esqueceu de Noé e de sua família. 
A palavra hebraica para "lembrou" quando se refere a Deus significa um ato que é feito com base num compromisso anterior (Gn 9.15; Gn 19.29; Gn 30.22; Ex 2.24; Ex 6.5; Lc 1.72-73).
Um vento vem anunciar o período da Graça, uma cena muito parecida com o Pentecostes. No Pentecostes, "veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa" (Atos 2:2), era a ação do Espirito Santo anunciando o fim do Juízo de Deus sobre os eleitos, porque este juízo aconteceu na cruz e a justiça de Deus foi ali satisfeita. Eis ai então, o período da Graça. Em Gênesis 8 vemos um texto paralelo onde Deus também "lembrou-se" (não que Ele jamais tivesse se esquecido) da sua aliança, da promessa que havia feito com a raça humana de redenção pela semente da mulher. O fim do juízo foi anunciado com um vento vindo dos céus. Deus soprou o fôlego de vida em Adão, e agora ao recriar e regenerar sua criação caída e corrompida, Ele sopra o Espírito Santo.


A pomba e o ramo de oliveira

“E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito. E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra.” (Gênesis 8:6-7)

Quarenta dias na Bíblia sempre representa a introdução de uma nova era, assim foi com Noé, Moisés (Ex 24.18), Elias (1Rs 19.8) e claro com Jesus (At 1.3).

Noé solta um corvo. O corvo na literatura rabínica ou mesmo na literatura ocidental representa coisas ruins, o livro Be’er Mayim Hayim aponta que a palavra עורב ´orev “corvo” em hebraico é escrita com as letras ע ayin ר resh ב bet , as mesmas letras que, se dispostas de forma reversa, se escreve ברע b’ra “Mal”. Mas isso não quer dizer que na época de Noé existia essa associação, é possível que essa associação tenha acontecido posteriormente e em razão do relato de Noé. Afinal, o corvo poderia enfrentar uma possível tempestade, alimentar-se dos cadáveres, e sendo um pássaro mais forte poderia cobrir uma distância maior, o corvo era um candidato adequado para ser a primeira criatura a ser enviada por Noé para fora da arca. Apesar de sua capacidade e de ser um pássaro poderoso, não foi o corvo que trouxe a boa noticia.

No caso do corvo, é dito que Noé o soltou, e que ele permaneceu voando, indo e voltando. Já no caso da pomba o texto adiciona um expressão que em hebraico é mei’ito מֵאִתּוֹ , e literalmente traduzindo teremos que Noé enviou a pomba “dele mesmo”, (uma expressão idiomática difícil de traduzir). O leitor, em hebraico, tem a impressão de que Noé tinha uma proximidade maior com esse pássaro, como se a pomba fosse seu animal de estimação. Aquele que prefigura Cristo (Noé) envia de si mesmo o que seria conhecido como um simbolo do Espirito de Cristo.

O ramo de oliveira tem sido um símbolo de paz e também um simbolo do próprio povo de Deus. O povo de Deus na visão do profeta Zacarias era representado por duas oliveiras (No antigo testamento sendo Israel e no novo testamento sendo a igreja). No comentário do capitulo 3 de Gênesis, falei que na cultura judaica era bem comum metáforas entre pessoas e árvores. 

Humanamente falando era impossível que qualquer árvore sobrevivesse a um dilúvio dessas proporções, mas Deus em sua providencia faz com que mesmo diante do Seu Juízo, a Oliveira sobreviva. Apenas a árvore que simboliza a igreja de Cristo não foi destruída no juízo de Deus. Vemos simbolicamente outra coisa interessante: No comentário de Gênesis 6, eu explico porque Noé simbolizava Jesus. A pomba simboliza o Espirito Santo. E a Oliveira simboliza a igreja. O interessante é que é justamente o papel do Espirito Santo trazer os eleitos para Cristo. Nenhum homem foi para Cristo, se não fosse a atuação direta do Espirito Santo em seus corações.

Então temos simbolicamente, a pomba mostrando que Deus declarou paz com a humanidade depois que o dilúvio já tinha purificado a terra de sua maldade. A pomba representava o Seu Espírito trazendo a boa notícia da reconciliação entre Deus e o homem. Do mesmo modo, o Espírito Santo aparece como uma pomba no batismo de Jesus, pois ali estava o Salvador trazendo paz para a humanidade através de Seu sacrifício.

Em Noé foi apenas uma reconciliação temporária, porque a reconciliação espiritual eterna com Deus só vem de modo completo através de Jesus Cristo.

"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5:1)

 

Admirável Mundo Novo

Noé e sua família são chamados por Deus para fora e saem da arca, um novo mundo espera por eles. Um mundo diferente, um mundo (em parte) remido e (em parte) livre do pecado. Noé e sua família prefiguram a nova humanidade que prevalecerá sobre o mal, a humanidade que não será alvo do juízo de Deus, mas alvo da Sua misericórdia e amor. Como não olhar para Noé saindo da Arca com sua família e não se lembrar de Apocalipse 21? O paralelismo é impressionante:

"Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia. [...] Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou". Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas" (Apocalipse 21:1-5)

O holocausto da Graça

Ao sair da arca, Noé levanta um altar ao Senhor, oferecendo os animais considerados "puros"/"limpos". Um simbolo do sacrifício perfeito e puro que Jesus Cristo ofereceria entregando a si mesmo em nosso lugar. Fica evidente de que existia um sistema sacrificial implícito, a lei de Deus era de algum modo conhecida de Noé mesmo antes de ser revelada a Moisés. Deus recebe aquele sacrifício de Noé e diz que nunca mais vai destruir a terra. Deus sabia que o homem pecaria novamente, mas por causa do sacrifício de Noé usaria de misericórdia. Trata-se de um protótipo do sistema sacrificial mosaico, que por sua vez aponta para algo ainda maior que é o Sumo Sacerdote Jesus Cristo. Ao aspirar o cheiro suave do sacrifício, a ira de Deus contra os pecados foi aplacada, prefigurando a morte de Cristo na cruz. 

"Todavia, ao Senhor agradou moê-lo" - (Isaías 53:10).


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