quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A origem da Engenharia de Produção ocorreu nos EUA, na virada do século XIX para o século XX, inserida em um processo de avanço da industrialização e crescimento econômico. Durante o século XVIII, a primeira Revolução Industrial mudou a forma de organizar a produção. As inovações não estavam restritas à técnica e à tecnologia, mas também à organização do trabalho. A relação do homem com o trabalho estava se transformando e, ao fim desse processo, chegou ao fim o Capitalismo mercantilista, cuja produção era organizada em ofícios. Com o grande progresso do setor industrial, surgiu a necessidade de organizar e administrar complexos sistemas de produção, necessidade essa que se agravou com a Segunda Revolução Industrial e seus avanços tecnológicos. A tarefa de analisar o trabalho para racionalizá-lo começou na indústria metal-mecânica e essa disciplina foi chamada de Engenharia Industrial, a qual foi preconizada por F.W. Taylor, Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt, Walter A. Shewart, Henry Fayol, dentre outros. Mais tarde, com o advento da produção em massa, difundida por Henry Ford, e posteriormente a produção enxuta, concebida por Taichii Ohno dentro da Toyota, Engenharia Industrial ganhou grande destaque mundial.
Neste período, em decorrência do desenvolvimento tecnológico e expansão da rede ferroviária de transportes, surgem as primeiras grandes corporações norte-americanas, impulsionando a produção em larga escala e o surgimento de um forte mercado interno de consumo. O aumento do porte das empresas impõe desafios de natureza tecnológica e administrativa, exigindo uma capacitação maior para gestão da produção e dos negócios. No período de 1880 a 1920, vários estudos abordam a temática da busca da eficiência na produção. Dentre os diversos trabalhos, destacam-se os estudos de Frederick W. Taylor (1856-1915). Em particular, a publicação da sua obra Princípios da Administração Científica constitui um marco no surgimento da área de conhecimento denominada Engenharia Industrial. Em seus estudos, Taylor analisa em detalhe o trabalho dos operários nas fábricas, buscando identificar formas de aumentar a eficiência do trabalho humano e da própria organização da produção. Na mesma época (1913), o engenheiro Henry Ford cria e introduz o conceito da Linha de Montagem na fabricação do veículo Ford - Modelo T, na fábrica da Ford Motors em Detroit. A introdução da linha de montagem revolucionou o modelo de produção existente, em virtude do grande aumento de produtividade que proporcionou. Paralelamente aos estudos sobre organização industrial, desenvolvem-se também as técnicas de contabilidade e administração de custos. Dentre as técnicas criadas, destaca-se a análise econômica de investimentos, dando origem à Engenharia Econômica, e difusão do uso de indicadores de custos, giro de estoques, etc. Estas técnicas viabilizam a gestão eficaz de grandes corporações.

No início do século XX, com a massificação do consumo e a busca por qualidade e eficiência, com cada vez mais pessoas entrando para a Classe Média Urbana, a evolução da Engenharia de Produção se intensificou e surgiram as primeiras faculdades de graduação em Engenharia de Produção do mundo. Foi nos EUA que surgiram os primeiros cursos de administração (business school) e engenharia industrial, com o objetivo de formar profissionais para gestão da produção, tanto na graduação quanto em pós-graduação. O curso de Engenharia de Produção foi criado com base na grade de Administração de Empresas e inicialmente também na Engenharia Mecânica. Pois almejava dois pontos de interesse: o conhecimento técnico e as habilidades de gestão.
Uma terceira influência no campo da Engenharia Industrial se dá já na segunda metade do século XX, com o nascimento da Pesquisa Operacional (Operations Research), área de conhecimento caracterizada pela aplicação do método científico na modelagem e otimização de problemas logísticos durante a Segunda Guerra Mundial. Ao término da guerra, os métodos de otimização desenvolvidos foram incorporados aos currículos de Engenharia Industrial e Transportes. Paralelamente e realimentando o desenvolvimento dos modelos e teoria da decisão, verifica-se o crescimento da informática que, gradualmente, é introduzida nas universidades e na administração de empresas.
Este conjunto de conhecimentos relativos à Organização da Produção, Economia e Administração de Empresas, Controle da Qualidade, Planejamento e Controle da Produção, Pesquisa Operacional e Processamento de Dados forma o núcleo básico da Engenharia de Produção clássica da década de 70. Na formação do engenheiro de produção, destaca-se também um conhecimento técnico que o diferencia do administrador de empresas. Nos anos 80, os países industrializados observam o fenômeno da recuperação e desenvolvimento econômico no Japão, país arrasado ao término da Segunda Guerra Mundial. Em particular, a indústria automobilística e de produtos eletro-eletrônicos superam em desempenho suas concorrentes norte-americanas, oferecendo produtos de melhor qualidade e menor custo dentro do próprio EUA. Esta revolução baseou-se na revisão de paradigmas ocidentais de gestão da produção. Dois conceitos fundamentais norteiam o modelo japonês de produção: i) Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management - TQM) e ii) produção Just-in-time (JIT). O primeiro representa uma forte mudança cultural na forma de administrar a qualidade na produção e o segundo, um esforço no sentido aumentar a flexibilidade dos sistemas de produção de forma a viabilizar a produção em pequenos lotes com baixos custos e alta produtividade. Evidentemente, estes conceitos foram incorporados ao campo da Engenharia de Produção.
Ainda preservando o título de Engenharia Industrial, nos EUA e Europa, os cursos de graduação e pós-graduação expandem o campo de atuação para englobar, de forma sistêmica, toda a organização da empresa industrial. Isto implica em estudar desde o projeto do produto, dos processos de fabricação e das instalações, como também os aspectos estratégicos como o planejamento de investimentos, análise de negócios, gestão da tecnologia, etc.
Nos anos 90, duas tendências se verificam. Uma consiste na integração dos diferentes elos de uma cadeia produtiva, buscando-se um planejamento cooperativo entre empresas clientes e fornecedoras, com vistas a oferecer produtos com alta qualidade, baixos custos e inovadores nos diferentes mercados mundiais. Esta filosofia, denominada "supply chain management", tornou-se operacional graças aos avanços na Tecnologia de Informação em curso. Outra tendência, diz respeito à transposição dos conceitos originários da manufatura para empresas do setor de Serviços. Nestes casos, a fronteira entre a Engenharia de Produção e a Administração de Empresas torna-se ainda menos clara.

O cenário vigente de atuação das empresas caracteriza-se pelo processo de internacionalização e globalização da economia, com graus crescentes de competitividade. Assim, o binômio Produtividade e Qualidade, que historicamente sempre foram elementos fundamentais de interesse e estudo da Engenharia de Produção, tornaram-se agora uma necessidade competitiva de interesse global não apenas de empresas de bens e serviços, mas também de inúmeras nações. A formação dos grandes blocos econômicos mundiais e conceitos como Manufatura de Classe Mundial ("World Class Manufacturing"), e Gestão da Qualidade Total (“Total Quality Management”), que se transformaram em jargões comuns ao setor industrial, levam à clara compreensão por parte dos empresários e profissionais do setor de que a sobrevivência e sucesso das empresas brasileiras passa pelo estudo e prática dos grandes temas ligados ao processo produtivo, objeto da Engenharia de Produção. Fator adicional é possibilitado pelos avanços tecnológicos, os quais, paradoxalmente, em vez de acentuarem as tendências para a superespecialização, estão revertendo este quadro no sentido de permitirem níveis adequados de integração de sistemas, exigindo profissionais com ampla habilitação nas técnicas e princípios da Engenharia de Produção. Esse contexto,tem alterado significativamente o conteúdo e as habilidades esperadas da mão de obra em termos mundiais e essas mudanças tem se refletido fortemente na realidade e perspectivas profissionais do Engenheiro de Produção.

Instituto de Engenharia Industrial
IIE é a maior sociedade  profissional do mundo  dedicada exclusivamente ao apoio da profissão de engenheiro industrial ou de produção e indivíduos envolvidos com a melhoria da qualidade e produtividade. Fundada em 1948, IIE é uma associação internacional sem fins lucrativos que fornece liderança para a aplicação, educação, formação, pesquisa e desenvolvimento da engenharia industrial.
PRINCIPAIS CURSOS DE GRADUÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
  1. Universidade de Michigan – Ann Harbor
  2. Instituto Tecnológico da Georgia
  3. Universidade de Stanford
  4. Universidade da California – Berkeley
  5. Harold and Inge Marcus Department of Industrial and Manufacturing Engineering

Conferência Internacional de Engenharia Industrial e de Gestão
O IEEEM  é o principal fórum internacional para disseminar, para todos os ramos de indústrias, informações sobre as mais recentes e relevantes pesquisas, teorias e práticas em engenharia industrial e de gestão.  Esta conferência tem sido organizada por universidades líderes na Ásia e tem tido a participação de cerca de 500 participantes de 50 países a cada vez.

1 comments:

Olá! Adorei seu texto e estou fazendo um trabalho de conclusão de curso em que preciso de muitas destas informações, que encontrei mais bem explicadas do que na maioria dos trabalhos acadêmicos que tenho encontrado, você por um acaso tem algum trabalho acadêmico com este material para que possa ser citado como referência, caso não tenha, tem alguma das fontes que utilizou para este texto?

Desde já agradeço

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